Por Altamiro BorgesBeto Richa, governador reeleito do Paraná, foi um dos tucanos de alta plumagem que embarcou na onda do impeachment de Dilma. O PSDB fez de tudo para atazanar a vida da presidenta. Pediu recontagem de votos, questionou suas contas de campanha, tentou adiar sua posse e incentivou – quem sabe com grana – os grupelhos fascistas que foram às ruas gritar “Fora Dilma” e pedir a volta dos militares. Agora, o tucaninho paranaense, tão paparicado pela mídia chapa-branca, deve estar arrependido desta empreitada golpista. Ele é quem corre o sério risco de ser enxotado do governo. Nos estádios de futebol, neste final de semana, todas as torcidas gritaram palavras-de-ordem, nem sempre singelas, contra o governador. Até no teatro Guaíra, o coro foi o do “Fora Beto Richa”.
O cambaleante Aécio Neves, o rejeitado FHC e outros caciques do PSDB devem estar preocupados com o rápido isolamento do governador do Paraná – um dos poucos eleitos pela sigla no ano passado (queda de oito para cinco governos estaduais entre 2010 e 2014). O massacre promovido contra os professores, que inclusive ganhou destaque na mídia internacional, revelou o modo tucano de governar. Retira direitos dos trabalhadores – no caso, furtando as receitas da previdência da categoria para saldar o déficit do Estado – e parte para a violência contra os que protestam. O que só confirma que o neoliberalismo não combina com a democracia. Para piorar, Beto Richa finalmente foi descoberto em casos de corrupção, como os que envolvem a Receita e seu primo fanfarão.
A própria Folha já lamenta o “isolamento” do jovem e promissor tucano, que chegou a ser cogitado como candidato do PSDB à Presidência da República. Em editorial, o jornal até criticou “os excessos de Beto Richa” e, finalmente, revelou outros graves problemas da sua gestão. “Governador tucano se reelegeu após devastar as finanças do Paraná e agora recorre à truculência policial contra a revolta de servidores”. Com base em dados da Secretaria da Fazenda do Estado, o diário lembra que o déficit fiscal antes das eleições de outubro passado já era de R$ 4,6 bilhões. “Marcou a gestão do tucano o descalabro financeiro, bem o oposto da imagem de bons gestores que líderes do PSDB usam cultivar” – e, faltou dizer, que a mídia tucana teima em esconder e blindar!
Diante do rápido isolamento, setores da mídia parecem que já descobriram um bode expiatório capaz de salvar a pele de Beto Richa e de limpar a imagem do desgastado PSDB. É o secretário estadual de Segurança Pública, o carrasco Fernando Francischini, do partido “Solidariedade” – o mesmo do oportunista Paulinho da Força. Nos últimos dias, jornalões, revistonas e emissoras de rádio e tevê centraram fogo no truculento serviçal do governador, que já havia protagonizado a patética cena dos deputados estaduais fugindo num camburão da PM quando da votação da reforma previdenciária. O esforço é para jogar fora o delegado, que se compara ao Batman, e para tentar diminuir o ímpeto da campanha pelo “Fora Beto Richa”. Será que os paranaenses vão cair novamente nesta lorota?
Independentemente da saída que será adotada pelo “jovem e promissor” governador do Paraná, o estrago já está feito. O PSDB está acuado. Como observou um dos poucos jornalistas críticos da Folha, Janio de Freitas, “em proporção aos respectivos eleitorados, o tal estelionato eleitoral de Dilma não foi maior que o de Beto Richa em sua reeleição. Se é por proximidade com corrupção, a de Dilma está em uma empresa, a Petrobras; a de Beto Richa, disse o noticiário que está em determinada parte de sua família. Já seria o suficiente para Aécio Neves e seus deputados, por decência, pedirem o impeachment do seu companheiro de PSDB. Nenhum foi capaz de emitir sequer uma palavra sobre a ferocidade criminosa do governo paranaense contra os professores e outros servidores usurpados em direitos legítimos por Beto Richa”.
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