Por Mauro Santayana, em seu blog:O vice-presidente Joe Biden visitou ontem a presidente Dilma, e afirmou que os Estados Unidos estão revendo a metodologia de trabalho da NSA.
É certo que todo grande país espiona, e mais ainda se está em situação de conflito ou tem sua sobrevivência ameaçada por inimigos externos.
A União Soviética ficou famosa pela qualidade de seus espiões e de suas redes de espionagem, tanto na luta contra a Alemanha Nazista, quanto com relação ao Ocidente.
Richard Sorge, ferido na Primeira Guerra Mundial como soldado russo e sobrinho de um ex-secretário de Marx, infiltrou-se na Alemanha, tornou-se membro do Partido Nazista e jornalista alemão a serviço do Frankfurter Zeitung, como correspondente em Tóquio. Lá, bom de copo e de papo, tornou-se amigo do embaixador alemão e amante da mulher dele. Meticuloso, perseverante e, acima de tudo, comunista, conseguiu passar aos russos a data da Operação Barbarossa - a invasão nazista da União Soviética - e a informação, crucial, de que o Japão não iria atacar Stalin pelo oriente, permitindo que deslocasse tropas para o front ocidental. Denunciado e descoberto pelos japoneses, foi executado em Tóquio em novembro de 1944. Em 1964, recebeu o título de “Herói da União Soviética”, e mais tarde seu nome foi dado a um submarino nuclear russo.
Leopold Trepper, e sua amante, Irina, comandaram durante sete anos uma rede de espionagem russa em países europeus ocupados pelos alemães que funcionava sob o disfarce de uma série de escritórios de exportação-importação.
Die Rote Kapelle, a “Orquestra Vermelha”, assim chamada por causa dos teclados dos aparelhos codificados de rádio que enviavam as mensagens e dos homens que os operavam, conhecidos como “pianistas”, conseguiu passar 1500 mensagens aos soviéticos, que custaram, segundo o Almirante Canaris, chefe da contra-espionagem nazista, a vida de 200.000 soldados alemães.
Na década de 1930, jovens aristocratas ingleses, preocupados com a ascensão do nazismo, foram recrutados pela espionagem soviética enquanto ainda estudavam na prestigiosa universidade de Cambridge. Mais tarde, infiltraram-se em altos cargos da diplomacia, do Ministério da Guerra e no próprio serviço de espionagem de Sua Majestade, o MI-6.
O mais famoso desses espiões comunistas, Kim Philby, foi designado como chefe da Seção Anti-Soviética do serviço inglês em 1948, em plena Guerra Fria. Dessa forma, o homem encarregado de comandar a espionagem inglesa no Ocidente, era, na verdade, um espião soviético! Em 1963, depois que outros homens da rede foram presos, Philby aposentou-se, mudou-se para o Oriente Médio como correspondente estrangeiro, e fugiu, clandestinamente, para Moscou, em 1963. Casou-se com uma russa, em 1971, e morreu, tranquilamente, em 1988, com direito a um funeral grandioso, várias medalhas, e o título de Herói da União Soviética.
Tudo isso mostra que existe uma grande diferença entre os heróis de araque do cinema ocidental, como James Bond, e a realidade nua e crua do mundo da espionagem, no qual os russos, na verdade, sempre deram um "banho" no Ocidente.
Se 007 tivesse alguma vez existido fora das telas de cinema, na época em que seus filmes foram ambientados, teria recebido ordens de Kim Philby, um agente duplo da KGB, diretor do MI-6 inglês, e espião soviético.
O problema dos Estados Unidos não é espionar, como fizeram os russos, mas automatizar e massificar o processo, bisbilhotando rigorosamente milhões de pessoas todos os dias, seja qual for sua profissão ou grau de responsabilidade, de governantes estrangeiros a meros usuários de internet, usando para isso, todos os meios de comunicação derivados da rede mundial de computadores.
Ao fazê-lo, os EUA, transformam-se, por atacado, em meros ladrões de dados, e em chantagistas que podem pressionar ou atacar qualquer pessoa, com o controle de suas informações pessoais.
É por isso que ninguém acredita neles. A Alemanha, que ao menos nas aparências, está apoiando a política dos EUA para a Ucrânia, acaba de aprovar a ida de uma comissão composta por parlamentares de seus dois maiores partidos à Rússia, para “uma conversa informal”, com Edward Snowden, no mês de julho. A intenção é saber mais sobre o volume e o conteúdo das informações que a NSA captou no país.
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