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BRIGA FÚTIL E O MARIDÃO QUE SEMPRE ME DÁ RAZÃO
O mais bacana de ter encontrado sua cara metade é que você sempre pode contar com ela pro que der e vier.
Eu: “A X brigou mesmo comigo. Ela tá fria, me tratando muito formalmente. Pô, acho injusto”.
Maridão: “Injusto por que?”
Eu: “Ah, porque é briga por motivo fútil. Olha só: ela me empresta um dvd de um grupo de comédia que ela ama de paixão. Aí eu fico com o dvd por umas semanas, meses, sem ter tempo de ver o troço inteiro. Aí eu menciono o tal grupo no blog — um blog que eu nem sabia que ela lia. E eu não falo mal dela, lógico. Falo mal do grupo! E nem é que eu fale mal, mal mesmo. Eu só digo que aquela piada idiota do Rafinha sobre estupro nem era original, e que eu tinha escutado pouco tempo antes, contada pelo grupo tal. Só isso! Aí ela lê e muda completamente comigo?! Acho estranho”.
Maridão: “Bom, isso se ela realmente mudou de atitude com você, e se foi por esse motivo”.
Eu: “Ela tá mudada, e não tem outro motivo. Você consegue pensar em outra razão?”
Maridão: “Não”.
Eu: “Então. E você não acha esse um motivo fútil?”
Maridão: “Depende”.
Eu: “Depende do quê?”
Maridão: “Depende das circunstâncias”.
Eu: “Mas eu acabei de te contar as circunstâncias! É ou não é um motivo fútil?”
Maridão: “É pra você, mas pra ela pode não ser”.
Eu: “Eu sei. Mas você tá dando razão pra ela, seu ridículo?”
Maridão: “Não tô dando razão pra ninguém. Só dizendo que depende”.
Eu, quase jogando Calvin o gato em cima dele: “Quer fazer o favor de tomar uma posição?! O que você faria numa situação dessas?”
Maridão: “Que situação?”
Eu: “Ai meu deus. Imagina que tem um grupo, um cantor, uma banda, qualquer coisa, que você adora. Você gosta tanto que até viaja pra ver show do grupo em outro estado, em outro país. Aí você empresta o dvd do grupo prum amigo, e ele não gosta. Você corta relações com a pessoa por causa disso?”
Maridão: “Não sei. Depende”.
Eu: “Ahhhhh! Eu não brigaria com alguém só porque a pessoa é uma tapada e não gosta do Chico!”
Maridão: “Mas você falou que não gosta no blog”.
Eu: “Mas eu não falei da pessoa! Eu só disse que uma pessoa muito querida me emprestou um dvd do grupo tal, e que eu não acabei de assistir por falta de tempo, e que parei quando o grupo contou uma piada que eu não gostei. Quer dizer que só porque uma pessoa querida me apresentou a um grupo eu não posso falar dele?”
Maridão: “É, não sei. No blog acho que não”.
Eu: “Mas eu não falei da pessoa! Eu só disse que uma pessoa muito querida me emprestou um dvd do grupo tal, e que eu não acabei de assistir por falta de tempo, e que parei quando o grupo contou uma piada que eu não gostei. Quer dizer que só porque uma pessoa querida me apresentou a um grupo eu não posso falar dele? Você acha que eu deveria tentar conversar com ela sobre isso?”
Maridão: “Talvez. Não sei”.
Eu: “Você não tá ajudando. E não tá entendendo a situação. Ok, vamos imaginar que você empresta pra alguém alguma coisa que você gosta muito, muito”.
Maridão: “Uma melancia?”
Eu: “Isso, uma melancia. Não, uma semente de melancia. E o que mais?”
Maridão: “Uma jaca?”
Eu: “Tá, uma semente de melancia e uma de jaca. E aí a pessoa planta as sementes e...”
Maridão: “Não pode ser uma semente. Sabe quanto tempo demora pra crescer uma árvore de jaca? Anos!”
Eu: “Vamos supor que é uma semente especial, que dê jaca em pouco tempo”.
Maridão: “Não, demora muito. E jaca cai, suja tudo. É perigoso ter árvore de jaca”.
Eu: “Certo, esquece a árvore. Você simplesmente empresta uma melancia e uma jaca pra um amigo”.
Maridão: “Por que eu emprestaria uma melancia e uma jaca pra alguém?! Eu daria uma fatia de melancia e de jaca, e muito a contragosto”.
Eu, exasperada: “Tá, amore! Você dá um pedaço de melacia e de jaca pra um amigo. Aí esse amigo, ao falar da atitude errônea de um morango, menciona a melancia e a jaca. E aí você...”
Maridão, interrompendo: “Nunca mais falo com a pessoa!”
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