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CABELO NATURAL NO SÉC XXI, OU PORQUE O PESSOAL NUNCA FOI TÃO POLÍTICO
Este é um guest post da J.:
A primeira vez que meu cabelo foi submetido a um processo químico eu tinha 5 anos de idade. Minha mãe havia decidido “testar” uma “nova” química que havia dado certo em uma amiga da minha tia. Não culpo minha mãe, todas as meninas com quem eu convivia tinham cabelo que caía nos olhos, mesmo os ditos cacheados. Minha mãe que usava henê no cabelo e por consequência também o tinha nos olhos queria me fazer sentir incluída. Foi um desastre. Meu cabelo caiu quase por completo. E meu pai que era veemente contra colocar qualquer coisa além de xampu e condicionador no meu cabelo, ficou enfurecido com o resultado -- o que colocou um ponto final temporário na discussão. Uso o termo temporário por que sou negra de pele escura, meus pais também, e estudei em escolas particulares de prestígio na minha cidade e por isso sempre fui “a- única- menina- negra- de- pele- bem- escura- na- sala”. E enquanto todas as outras estavam jogando cabelos ao vento eu sustentava um cabelo afro do tipo 4c. A pressão era tão grande que eu pensei que fosse me engolir, então aos 11 anos de idade eu implorei para a minha mãe me levar a um salão de beleza e alisar meu cabelo. Dessa vez, meu pai não se sentiu no direito de interferir, porque a vontade havia partido de mim. E eu me senti bem, me senti aceita, e eu pensei que ali estava o fim dos meus problemas, que talvez o problema comigo fosse somente o cabelo. Mas como toda jovem mulher negra, eu descobri que não era. Enfim, o cabelo não crescia, não passava da linha do queixo, nada acontecia; não importava qual tratamento aplicado. E os cabelos lisos esvoaçantes das minhas amigas continuavam lá, para me lembrar que eu ainda não estava no padrão. Quando completei 15 anos um cabeleireiro me indicou usar extensões capilares. Eu comecei com extensões de 30 cm. E mais uma vez veio a sensação de aceitação, de conformidade com o padrão. Sensação que duraria muito. Até que alguém compartilhou no facebook um link do seu blog, Lola. Não era nenhum post especial, havia uma legenda do tipo “olha que blog legal que eu encontrei”. Comecei a ler sobre feminismo, sobre o papel que é imposto à mulher na sociedade, sobre o patriarcado... e o que isso tem a ver com cabelo? Bom, comecei a rever a minha imagem, a repensar o motivo pelo qual eu alisava o cabelo, o motivo pelo qual até mesmo com 10 anos de idade eu já havia entendido a mensagem midiática que só cabelo liso ao vento é bonito e como isso foi prejudicial para mim, como era difícil eu me sentir bonita. Eu nunca tinha lido NADA a respeito do movimento negro, mas o primeiro assunto que li relacionado a ele foi sobre como usar o cabelo natural era uma forma de aceitação da nossa estética natural. E com 20 anos eu raspei toda a cabeça.
Não passei pela transição capilar. Eu fui a um salão e falei: corte. Depois de 4 anos lendo sobre cabelo, autoestima, feminismo e aceitação eu cortei o cabelo e saí completamente do padrão que eu buscava tanto me encaixar. E eu nunca na minha vida fui tão feliz. Agora eu gostaria de falar sobre o movimento de volta ao cabelo natural e como a mídia o está subvertendo. Há alguns anos atrás (aproximadamente em 2007) começou-se a notar que mulheres negras americanas desistiram de usar química de transformação nos seus cabelos e começaram o processo chamado transição capilar que é quando deixa-se a raiz natural crescer até o momento que se faz o Big Chop (o grande corte), cortando toda a parte alisada e mantendo somente a natural. Foi uma decisão totalmente pessoal, sem apelo midiático, sem propaganda. E por isso inconscientemente um ato político. Ato este que não se iniciou com mulheres de cabelo cacheado ou ondulado e sim com mulheres com afros grandes, cabelos que nasciam para cima. Mulheres que agora veem suas vozes silenciadas por uma mídia que reduz todo o processo de aceitação do cabelo natural à "moda do cabelo cacheado". Mas não é só a mídia que subverte todo o processo de volta às raízes naturais e ancestralidade africana. Boa parte das blogueiras/ vlogueiras/ youtubers de moda relacionada a cabelos naturais também o faz. Subitamente, um movimento que começou com cabelos do tipo 4c se transforma em um movimento onde as únicas que possuem voz são meninas de cabelo tipo 2 ou 3 e quiçá cabelo do tipo 4a. A descriminação de textura é só mais uma forma de perpetuar o racismo até mesmo em um movimento contra o racismo velado manifestado contra os cabelos não lisos. O absurdo chega ao ponto de em grupos/ forúns sobre o cabelo natural, meninas de cabelo tipo 4 serem “aconselhadas” a usar algum tipo de química para “abrir o cacho", ou são aconselhadas a fazer texturizações que imitam o padrão de curva de cabelos mais aceitáveis. É uma onda de demonização do cabelo 4c, que na verdade foi o propulsor de todo o movimento. O que é em si uma perversa maneira de continuar dizendo a elas: “Vocês ainda não estão no padrão aceitável, nem mesmo aqui onde nós deveríamos celebrar as diferenças de padrão capilar; façam algo, deem um jeito no seu cabelo, queremos o cacheado e não o crespo”. É triste. Da mesma forma algumas das meninas tentam reproduzir um discurso de falsa simetria, dizendo que não precisamos desvalorizar o cabelo liso, e a pergunta que fica é: mas o cabelo liso já não é valorizado o suficiente? Liguem suas televisões, assistam suas novelas, olhem nossas jornalistas, atrizes, cantoras. Elas não são apenas brancas, elas possuem cabelos lisos ou alisados. Nós não precisamos valorizá-los. O que é necessário é que o movimento de aceitação do cabelo natural não se dilua e perca sua raiz.
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