Geral
Câmbio flutuante continua a melhor opção - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 05/06
A política de combate à inflação não pode ficar contando com a valorização artificial da moeda, para evitar alta nos preços no mercado interno
O câmbio foi peça fundamental para o êxito do Plano Real e desde então a valorização da moeda brasileira é vista como essencial para que a inflação seja mantida sob controle. De fato, para uma economia habituada à proteção, a exposição à concorrência externa é uma barreira à alta de preços no mercado interno.
Ao se decompor os índices de preços, observa-se que os chamados produtos comercializáveis (ou seja, aqueles que podem sofrer concorrência externa) têm um comportamento mais moderado que aqueles não sujeitos à tal competição. Os serviços, especialmente, têm encarecido bem acima da média.
Então, o real valorizado de fato acaba ajudando a segurar a inflação. Mas, se a moeda fica fora de prumo (o que significa que o câmbio pode estar em um patamar capaz de provocar fortes desequilíbrios futuros), os ganhos no curto prazo obtidos na contenção dos preços podem virar um bumerangue, transformando-se em uma pressão inflacionária repentina, pela necessidade de forte ajuste nas contas externas do país.
Para evitar que isso ocorra, o regime de câmbio mais adequado é, assim, o flutuante, pois os mercados conseguem antever fatores positivos e negativos que possam influenciar a trajetória das contas externas no curto, médio e longo prazos.
Se o câmbio está muito fora do prumo, isso acaba alimentando movimentos de capitais especulativos. A atuação do Banco Central no mercado só é recomendável para atenuar oscilações acentuadas no dia a dia, mas não a ponto de evitar correções naturais de rumo. Nos últimos dias, o real se desvalorizou frente ao dólar, acompanhando uma tendência das moedas em geral.
Se o Banco Central tentasse neutralizar tal flutuação correria o risco de alimentar movimentos especulativos que causariam mais danos à economia do que essa desvalorização, que poderá ser duradoura ou não.
A economia brasileira precisa se habituar a esses ajustes no câmbio, superando o temor de perda de controle da inflação. Mudanças de preços relativos fazem parte da atividade econômica, e o que se espera da ação das autoridades monetárias e das políticas públicas é que elas estimulem a economia de maneira benigna.
O problema da inflação no Brasil não está no segmento dos produtos comercializáveis com exposição à competição externa, mas exatamente nos que estão menos sujeitos a essa concorrência e sofrem mais influência dos mecanismos de indexação remanescentes do período de alta aguda de preços.
O câmbio pouco a pouco tem deixado de ser um desses mecanismos de indexação automática e é melhor que assim seja, flutuando de acordo com as condições de mercado.
-
Câmbio, O Alvo Errado - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 12/07 Controlar a inflação tem sido o principal objetivo da política de câmbio - um jogo arriscado, segundo economistas das mais importantes consultorias. Há cerca de um ano o Banco Central (BC) tem procurado impedir a valorização...
-
Dominar A Inflação Exige Credibilidade - Editorial O Globo
O GLOBO - 18/04 O represamento de preços funcionou como um bumerangue, e os mercados têm posto em dúvida a capacidade de o governo controlar as finanças públicas Turbinada pela alta dos preços dos alimentos, a inflação para o consumidor, medida...
-
Os Limites Do Câmbio - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 09/01 Ao longo de 2013, o governo Dilma bem que tentou desvalorizar o real (puxar a alta do dólar), provavelmente para R$ 2,50, com base no pressuposto de que a indústria precisa de mais competitividade, ou seja, precisa exportar...
-
O Peso Do Dólar - Miriam LeitÃo
O GLOBO - 04/06 Um evento isolado não é detonador de inflação. Normalmente, os preços sobem como resultado de um conjunto de problemas. A alta do dólar agora é um complicador porque se soma a todos os fatores que têm mantido a inflação alta,...
-
Os Dilemas Da Política Econômica
Por Luis Nassif, em seu blog: Os dilemas da política econômica são da seguinte ordem. Há três desafios centrais: 1. Inflação. 2. Crescimento. 3. Contas externas. É possível conviver com um pouco mais de inflação, um pouco menos de crescimento....
Geral