CARTA ABERTA DE UM ESTUDANTE DE LETRAS AO JORNALISTA ALEXANDRE GARCIA
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CARTA ABERTA DE UM ESTUDANTE DE LETRAS AO JORNALISTA ALEXANDRE GARCIA


Recebi este email do Giovane Fernandes Oliveira, estudante do curso de Letras - Português/Francês da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Só posso parabenizá-lo.

Alexandre,
Acabo de assistir ao seu comentário, na edição de hoje (sexta, 19/12) do programa Bom Dia Brasil (veja aqui) sobre a reprovação de 27 faculdades de Medicina brasileiras na mais recente avaliação do MEC. Você inicia o seu comentário revelando preocupação acerca desse quadro atual dos cursos de Medicina, no Brasil, e se pergunta o seguinte: “O que está acontecendo? Um curso de Medicina não é um curso de Letras Neolatinas; é algo que vai afetar a vida das pessoas”. 
Confesso que um comentário como esse, feito em tom de voz zombeteiro e acompanhado de um gesto de mão igualmente desdenhoso, muito surpreende vindo de alguém que, em agosto passado, fez uma defesa apaixonada do profissional da educação. Nesse comentário mais antigo, você compara a profissão docente com outras, inclusive a de médico, afirmando que “o médico é médico porque teve professores”. Mais adiante, no mesmo comentário, você diz que “o professor é o construtor do país [pois] faz um país com saber, com conhecimento, com futuro”. 
Os cursos de Letras, senhor jornalista, formam professores de línguas e literaturas, tradutores e revisores de texto, profissionais que muito contribuem para o desenvolvimento de um país, na justa medida em que suas atividades estão diretamente relacionadas à produção, à divulgação e à recepção do conhecimento. 
O que seria de um país sem professores de línguas, materna e estrangeiras? O professor de língua materna é o principal agente de letramento, aquele que insere o aluno na cultura da escrita, ensinando-o a ler, a produzir textos e a resolver problemas no mundo através da leitura e da produção textual, práticas sociais de uso da língua que o constituem como legítimo cidadão em uma sociedade letrada. Já o professor de língua estrangeira é o maior responsável por abrir, ao aluno, as portas de uma nova língua e, por extensão, de uma nova cultura e de uma nova civilização. 
Tanto o professor de língua materna quanto o de língua estrangeira facilitam a conquista de uma vida melhor, pois, sem proficiência linguística, a ascensão social e a realização de sonhos -- como o sonho da universidade e o do intercâmbio -- se tornam muito mais difíceis. Ambos os profissionais merecem todo o respeito por também ensinarem literatura, o mais importante patrimônio histórico-cultural de qualquer língua, cujo acesso constitui direito inalienável do ser humano, uma vez que, como bem defende o grande Antonio Candido, a literatura é fator de humanização, que confirma a pessoa na sua humanidade e a torna mais sensível e menos preconceituosa diante do mundo. 
E o que seria também de um país sem tradutores e revisores? O tradutor é a ponte que liga duas línguas, duas culturas, duas civilizações; sem o profissional da tradução, o acesso ao conhecimento e à literatura produzidos em língua estrangeira seria infinitamente menos fácil. O revisor, por sua vez, é quem garante a inteligibilidade de textos escritos -- desde textos de jornal como notícias e reportagens até trabalhos acadêmicos como dissertações e teses --, sua adequação ao gênero textual, ao suporte de circulação, ao público-alvo, enfim, aos parâmetros gerais de produção de qualquer texto que pretenda atingir seu propósito comunicativo. 
Diante disso tudo, Alexandre, é realmente estarrecedor o desprezo com o qual você se refere ao curso de Letras. Você, jornalista, que mais do que ninguém deveria ter ciência da importância de um curso que forma profissionais da linguagem. Você, gaúcho, que mais do que ninguém deveria ter ciência da importância de um curso que representa 4 das 10 provas do Vestibular UFRGS (língua portuguesa, língua estrangeira, literatura e redação). Você, defensor apaixonado dos professores, que mais do que ninguém deveria ter ciência da importância de um curso que forma professores dessas quatro disciplinas da área de linguagem. 
Essa postura menosprezadora em relação ao curso de Letras não é, porém, a primeira atitude sua que não apoio, Alexandre. Já no comentário feito -- e compartilhado por muitos nas redes -- em agosto, você havia dito algo com que não concordei, na época, e com que continuo não concordando. “Professor é mais que vereador, que prefeito que não lhe pagam, porque nem é profissão: é missão”, disse você. Pois eu lhe digo: a profissão de professor é sim profissão e, como tal, merece ser vista e valorizada, bem como o curso de Letras, digno de tanto respeito quanto o curso de Medicina ou qualquer outro. 




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