Reproduzo artigo de Alfonso Daniels, publicado no sítio Opera Mundi: Toalhas de mesa com a imagem do príncipe William e Kate Middleton, guardanapos estampados com os noivos, cinzeiros, pratos, chaveiros, broches ou xícaras de porcelana. É quase impossível andar pelas ruas de Londres sem esbarrar com referências ao casamento real britânico.
Trata-se de um meganegócio que promete gerar centenas de milhões de libras em receitas para o país. Principalmente graças a meio milhão de turistas adicionais são esperados em Londres, assim como jornalistas, produtores e técnicos de TV e rádio. Ao todo, estima-se que oito mil profissionais estão mobilizados para cobrir o casamento que acontecerá na sexta-feira (29/04) e que deve ter uma audiência de dois bilhões de pessoas, ou seja, um quarto da população total do planeta.
Todos lutam para se juntar à festa e aproveitar economicamente a ocasião. A cervejaria Castle Rock, por exemplo, lançou uma cerveja fabricada especialmente para a ocasião, chamada Kiss Me Kate. Uma empresa de brinquedos britânica produziu a edição limitada de dez mil unidades de uma boneca de Kate vestindo o famoso vestido azul com o qual apareceu diante das câmeras no dia do anúncio do casamento, da estilista brasileira Daniella Helayel. A boneca, que custava 57 dólares, se esgotou em apenas 24 horas.
A família da noiva também não quer perder o "boom" e através do catálogo online de sua loja, Party Pieces, lançou uma coleção de objetos para decorar uma "festa de rua britânica", como as quase quatro mil que devem ocorrer no dia do casamento. Até mesmo a loja de souvenires da residência particular do príncipe Charles, Highgrove, vende quebra-cabeças de madeira sustentáveis com 250 peças e a imagem dos noivos estampada.
Entretanto, nem tudo é alegria. Segundo a Federação das Pequenas Empresas, o casamento real custará 6 milhões de libras (9.700 milhões de dólares) para a economia britânica, já que o governo decretou feriado na sexta-feira, dia em que acontece o casamento. Isso sem contar os gastos com a cerimônia, principalmente com a segurança para controlar a população.
"O governo não quer nos dizer qual será o custo real do casamento. Isso nada mais é do que um exercício de relações públicas a favor da monarquia, é um ultraje", disse ao Opera Mundi Graham Smith, diretor do Republic, o principal grupo republicano no país. Smith denunciou ainda uma campanha de perseguição contra ele e afirmou que os funcionários municipais tentam evitar que organize uma festa de rua anti-monárquica em Camde, um subúrbio de Londres. Mesmo com a proibição, Smith promete que a manifestação acontecerá.
Muitos britânicos não mostraram até agora muito entusiasmo com o "evento real do século". As lojas B&Q e Homebase, porém, viram o evento como um negócio e dobraram o volume dos estoques, convencidos que 47% das pessoas que disseram ignorar o casamento, de acordo com a empresa YouGov que realizou uma pesquisa em Londres, dedicarão o feriado para fazer consertos em casa.
No entanto, apenas um em cada dez britânicos quer se livrar da monarquia. E na hora da verdade, realmente perderão o último episódio da “saga” da família real?
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