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CASO MIZAEL: Com transmissão ao vivo pela TV e internet, estratégias usadas pelo dois lados
O primeiro dia do júri de Mizael Bispo de Souza - acusado pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima, em maio de 2010 - expôs as estratégias de acusação e defesa e foi pontuado por diversos embates entre as partes. É o primeiro julgamento de um caso de homicídio com televisionamento ao vivo em São Paulo. A previsão é de que o júri se estenda pelo menos até a próxima quinta-feira. Nesta segunda-feira, foram ouvidas três testemunhas de acusação: o irmão da vítima, Márcio Nakashima - que falou do relacionamento conturbado entre os dois - o biológo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, que analisou as algas encontradas nos sapatos do réu (compatíveis com as existentes na represa onde o corpo da vítima foi encontrado), e do engenheiro em telecomunicações Eduardo Amato Tolezani, que analisou as ligações que partiram e foram recebidas pelo telefone celular do réu no dia do crime. Enquanto a promotoria tentou reforçar as provas técnicas apresentadas pelo biólogo e pelo engenheiro de telecomunicações, a defesa colocou essas provas em xeque, tentando fazer com que os jurados fiquem em dúvida sobre a exatidão dos estudos. A estratégia da defesa é mostrar que nos dois casos há uma margem de erro que pode beneficiar o acusado."Hoje jogamos uma pedra de cal no argumento do Mizael que ele estava naquele horário (o do crime) no Hospital Geral com uma prostituta. Essa mentira hoje foi jogada por terra. A prova é técnica e irrefutável. Diz que é impossível Mizael acionar a antena que acionou o seu celular estando no Hospital Geral de Guarulhos. Essa mentira conseguimos derrubar e derrubaremos outras", disse o assistente de acusação, Alexandre de Sá Domingues. Hoje jogamos uma pedra de cal no argumento do Mizael que ele estava naquele horário (o do crime) no Hospital Geral com uma prostituta
Alexandre de Sá Dominguesassistente de acusaçãoDe acordo com o relato de Tolezani, o celular de Mizael durante todo o dia acionou antenas próximas ao local de onde ele se localizava e, à noite, no horário do crime, passou a acessar antenas distantes do local onde ele afirmava estar presente.
A defesa de Mizael afirma que o seu carro permaneceu durante algumas horas próximo ao Hospital Geral de Guarulhos, o que pode ser confirmado pelo sinal de GPS do rastreador do veículo. Para a promotoria, ele encontrou Mércia próximo ao Hospital e a partir daí seguiu no carro dela, o que pode ser comprovado pela movimentação do celular, já que várias ligações foram captadas por antenas diferentes no horário presumido do crime. Durante o depoimento do engenheiro em vários momentos houve discussões acaloradas entre a promotoria e a defesa do réu, com a defesa sempre argumentando há margem para erro no estudo.
Algas
O biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo afirmou que as algas encontradas no calçado do réu são compatíveis com as existentes na represa de Nazaré Paulista, local onde a ex-namorada do acusado, Mércia Nakashima, foi encontrada morta.
Ao responder uma pergunta da defesa de Mizael, o biólogo disse que é grande a possibilidade de ele ter adentrado à represa. Segundo ele, o réu teria pisado a uma profundidade entre 20 e 50 centímetros, já que as algas vivem dentro da água. Samir Haddad Junior, assistente de defesa, perguntou ao biólogo se ele poderia afirmar que ao empurrar o carro da vítima Mizael atolou o pé na margem da represa. A resposta foi: "é a grande possibilidade".
O biólogo contradisse uma análise feita pelo físico Osvaldo Negrini Neto, dizendo que ele não teria autoridade para refutar o seu relatório. "É um relatório bem escrito, mas conteúdo científico biológico não tem", disse ele. Negrini Neto deverá ser ouvido nesta terça-feira, como testemunha da defesa.
Irmão de Mércia
O irmão da advogada Mércia Nakashima disse nesta segunda-feira que sempre teve esperanças de encontrá-la viva e que, até localizar seu corpo em uma represa de Nazaré Paulista (interior de SP), acreditava que ela tinha sido vítima de um sequestro. "Tinha certeza que ia encontrar a minha irmã viva", afirmou, em um depoimento bastante emocionado, que já dura mais de uma hora.
Tinha certeza que ia encontrar a minha irmã viva
Márcio Nakashimairmão da vítimaEx-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado sempre negou a acusação e, no início do julgamento, chegou a chorar ao ouvir o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano dar início aos trabalhos. Primeira testemunha a depor, Márcio pediu para ser ouvido sem a presença de Mizael, que foi retirado do plenário, a contragosto - ele insistiu para ficar, mas teve seu pedido rejeitado pelo juiz.
Questionado pelo promotor Rodrigo Merli, responsável pela acusação, sobre como foram as buscas por Mércia durante os 19 dias em que ela ficou desaparecida, o irmão da vítima disse que chegou a procurar Mizael para pedir ajuda, mas que ele se recusou a auxiliar a família nas buscas.
"Eu sempre achei que a Mércia estava viva, que ela tinha sido vítima de um sequestro. Eu cheguei a procurar o Mizael, porque achei que era um sequestro, e ele não quis me atender. (...) O Mizael não quis ajudar, mas até então eu não achava que ela tinha matado a Mércia. Eu tinha certeza que ia encontrar a minha irmã viva", disse Márcio, aos prantos, recordando as buscas pela irmã. Um bate-boca entre o irmão da advogada e o advogado Ivon Ribeiro, um dos três defensores do acusado de ser autor do crime, chegou a interrompar a transmissão ao vivo do júri sobre o caso, no início da tarde desta segunda-feira. Márcio e Ribeiro trocaram várias acusações durante o depoimento da testemunha, que acusou o defensor de ameaçá-lo e de manchar a "honra" de sua irmã, o que fez com que o juiz Leandro Bittencourt Cano interrompesse temporariamente a transmissão do júri.
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