A minha causa é a qualidade da água que bebo, do ar que respiro, do chão que piso. São as aves migratórias, as orquídeas cor de púrpura, as árvores centenárias.Comemorando a primeira vela de aniversário próximo deste blogue (primeiro post em 22 de Novembro de 2003), durante as semanas que se seguem o CAUSA NOSSA transforma-se em CAUSA ABERTA às causas de cada um. Escreva sobre a sua, sobre aquela que hoje o tem cativo: uma linha, dez, uma imagem, mas nunca mais de 1000 caracteres. Mande a sua "causa" para aqui (mencione a expressão "a minha causa" no assunto do mail ou no próprio texto). Nós publicamos.
Só que a guerra, a guerra leva-nos tudo isso, incluindo a própria vida. A paz, só ela pode ser a grande causa.
E o meu vizinho que sofre de sida, apanhada num descuido de prazer? Ir tão longe para quê, se a minha causa, afinal, está aqui tão próxima? A sida, isso mesmo, o flagelo que devora África, esse continente menor no shopping das causas.
Eu tenho África aqui em casa, no n.º 7 do bairro da Musgueira. Cinco filhos, um marido que bebe e me afaga com calor, mas muito de vez em quando. Chegam-me como causa.
Causas, de facto tenho só uma: a música que toco, os alunos que ensino, a terra que semeio, os posts que escrevo, os doentes que trato, os vidros que moldo, os golos que marco, os quadros que pinto. A minha causa é vermelha, laranja, azul e branca. É o Benfica, o partido, o kitesurf, um mar com ondas e vento, muito vento.
A minha causa és tu país antigo na periferia da Europa, és tu velho continente envolvido em sonho novo, és tu, só tu que te sentas ao meu lado e a quem eu amo tanto. E eu mesmo/a, claro. A elegância do meu corpo, a lucidez do meu espírito e o prazer de ambos.