O narcotraficante e um dos ?fundadores? da Família do Norte (FDN), Gelson Lima Carnaúba, 41, apontado pela Polícia Federal como um dos mais violentos da facção criminosa, poderá ficar mais perto dos seus ?comandados?. Isso pode acontecer se Carnaúba for transferido para o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, mas há uma possibilidade de ele ser levado para a penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, em Natal (RN). A informação foi confirmada pelo secretário de Administração Penitenciária (Seap), Pedro Florêncio. Carnaúba está preso no presídio federal de Catanduvas, no Paraná.
De acordo com o secretário, o Departamento de Execução Penal (Depen) do Estado do Paraná comunicou à pasta, na última segunda-feira, a transferência de Gelson Carnaúba. ?Já tem a decisão de devolvê-lo e a informação que eu tenho é que o Depen está devolvendo o Gelson Carnaúba. Agora eu ainda não sei se ele vem para Manaus ou para Natal, até porque ele responde a processo na justiça do Rio Grande do Norte e ele foi encaminhado para o presídio federal a pedido de lá (Natal)?, explicou Florêncio.
Em consulta ao site do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), a advogada de Carnaúba, identificada no processo como Edieri Maria Mousinho Abitbol, solicitou, no dia 19 deste mês (um dia antes da operação La Muralla), a transferência do acusado. Caso ele retorne à capital amazonense, deverá seguir direto para o regime fechado do Compaj, conforme afirmou o secretário da Seap. ?Espero que não venha para Manaus, mas, se vier, irá direto para o Compaj porque é um preso condenado?, afirmou.
Segundo as interceptações telefônicas obtidas pela Polícia Federal, com autorização da justiça, e que constam no relatório da operação La Muralla, a articulação dos criminosos para trazer de volta a Manaus o número 1 da facção começou entre junho e agosto deste ano e, segundo a Delegacia de Repressão à Entorpecente (DRE), os envolvidos em no esquema usariam uma advogada e a esposa de Carnaúba, identificada como Pâmela Nunes Pereira, para intermediar a negociação que o traria de volta a Manaus. Nas escutas, Pâmela relata que foi procurada por um advogado e que o mesmo tinha um ?canal? para trazê-lo de volta.
TÁTICA
O esquema de corrupção foi articulado por dois advogados tidos pela PF como os ?oficiais? da facção: Lucimar Vidinha Gomes, a ?Bar Vidinha?, e Janderson Fernandes Ribeiro, o ?Professor? que, segundo as investigações, se tornaram membros da facção criminosa. No início, os envolvidos queriam pagar R$ 200 mil para autoridades corrompidas e advogados, porém o plano não deu certo. O dinheiro foi dado com aval de José Roberto Fernandes, o ?Zé Roberto da Compensa?, e ficou em poder de Pâmela.
No dia 25 de agosto deste ano, João Pinto Carioca, o ?João Branco?, pergunta, por telefone, se o ?acordo? envolvendo os R$ 200 mil teria dado certo. Ao saber a resposta negativa, João Branco conta que o ?pessoal? - referindo-se aos órgãos de segurança do Estado -, não querem Carnaúba na cidade. Em seguida, sugere um plano mais ousado: preparar um cativeiro e mandar dois membros da facção criminosa sequestrarem duas pessoas ?importantes? durante dois meses para, depois, propor uma libertação mediante a transferência de Carnaúba. ?Eu acho que só assim nós ?traz? o mano?, justifica.
PF alega que há novo mandado
Por telefone, o delegado Rafael Caldeira, da DRE, informou que Gelson deveria continuar preso no presídio federal de Catanduvas, em cumprimento a mandado de prisão durante a operação La Muralla.
Mas o secretário da Seap, Pedro Florêncio, afirmou que não recebeu nenhuma informação de que ele irá ficar preso no presídio federal de Catanduvas, pelo contrário. Florêncio não soube informar o motivo da transferência iminente de Carnaúba. ?Se ele foi preso pela Polícia Federal eu não sei, a informação que eu tenho é de que há uma decisão de devolver o Gelson Carnaúba?, afirmou.
Conforme o delegado, Gelson, mesmo em outro Estado, recebia informações e orientações por meio de advogados e da esposa, Pâmela.