A equipe de reportagem da Inter TV Costa Branca visitou alguns dos principais reservatórios do Rio Grande do Norte. A situação, na grande maioria deles, é preocupante. Notícia boa apenas no açude Pataxó, que transbordou no mês de março. Os moradores de Ipanguaçu, na região do Vale do Açu, comemoraram. Felicidade de uns, mas preocupação de outros. Na região do Alto Oeste, o cenário é diferente. O açude Bonito, principal reservatório do município de São Miguel, está totalmente seco. E está assim desde janeiro. Água, só através de carros pipa.
Em Pau dos Ferros a situação do açude, que tem o mesmo nome da cidade, é semelhante. O reservatório tem capacidade para armazenar mais de 54 milhões de metros cúbicos de água, mas hoje está com menos de 1% da capacidade. A represa ainda abastece a cidade de Rafael Fernandes, que tem 5 mil habitantes. Já a população de Pau dos Ferros, com quase 30 mil moradores, recebe a água que vem da barragem de Santa Cruz, em Apodi.
A barragem de Santa Cruz tem sido a fonte de água não só para Pau dos Ferros. Outros três municípios da região Oeste dependem dela. Atualmente, o reservatório está com 227 milhões de metros cúbicos: isto representa 37% de sua capacidade. É o segundo maior do estado, e é o que se encontra em melhor situação.
Barragem Armando Ribeiro Gonçalves está com pouco mais de 720 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 30% de sua capacidade total (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
O cenário é mais preocupante no maior reservatório do estado, na região do Vale do Açu. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves está com pouco mais de 720 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 30% de sua capacidade total. Este é o menor nível desde sua inauguração em 1983. A barragem abastece 34 municípios. São mais de 500 mil pessoas que dependem desta água. Além do consumo humano, a barragem distribui água para vários projetos de agricultura irrigada em todo o Vale do Açu.O Distrito Irrigado do Baixo Açu (Diba) é um exemplo. São mais de 6 mil hectares usados para fruticultura. Esta área abrange 4 municípios: Assu, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues e Afonso Bezerra. Com o nível da barragem em alerta, os produtores começam a ficar apreensivos. "Nós já estamos atuando junto ao poder público para que sejam construídos poços, para que eles ajudem a manutenção do perímetro irrigado do Baixo Açu", disse Genival Celestino, gerente do Diba.
Desde novembro de 2014, a Agência Nacional de Águas estabeleceu algumas regras para que a água da barragem seja usada com restrições, principalmente para irrigação. Em abril deste ano, a vazão foi reduzida. "Estávamos liberando oito metros cúbicos por segundo, e isso foi reduzido para cinco metros cúbicos por segundo. Por enquanto, este volume de água que está sendo liberado está atendendo as necessidades. Mas, acreditamos que quando for o período de estiagem, esta água será insuficiente", disse Hermenegildo Cabral, agente agropecuário do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).
Em Upanema, também no Oeste potiguar, os pescadores sofrem com o baixo nível da barragem de Umari. Depois de 4 anos de estiagem, o reservatório, que tem capacidade para mais de 290 milhões de metros cúbicos, está com cerca de 30% deste total. Com pouca água, pegar algum peixe está cada vez mais difícil.
Açude Gargalheiras, em Acari, tem volume d'água mais baixo da história: 1,8% da capacidade (Foto: Fred Carvalho/G1)
Saindo do Oeste para a região Seridó, é possível perceber que a estiagem também castiga a população. O espetáculo das águas do açude Gargalheiras, na cidade de Acari, não é visto desde 2011. Atualmente, está com apenas 1,8% da capacidade. Mesmo com o baixo volume, o açude ainda abastece as cidades de Acari e Currais Novos. Ao todo, são 56 mil habitantes que recebem esta água em sistema de racionamento.