Editorial do sítio Vermelho:Demorou quase 500 anos para que a América Latina se unisse em torno da necessidade de conquistar a verdadeira independência. Neste ínterim, teorias foram criadas para justificar que, atrasados, estávamos fadados à dependência dos países capitalistas centrais. Nas décadas de 1990 e 2000, no entanto, passos concretos foram dados rumo à independência, soberania e integração de nossos povos. Este processo é agora ameaçado pela possibilidade de a Colômbia “colaborar” com a Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan).
A inciativa de Juan Manuel Santos é um passo adiante na disposição da Colômbia de seguir colaborando com os Estados Unidos nos planos de desestabilização na região. O país possui sete bases militares estadunidenses que, sob o pretexto de combater o narcotráfico, ameaça as nações progressistas da região, observadas de perto pela quarta frota, reativada após a ascensão dos governos de esquerda no subcontinente. No mesmo contexto está a militarização das Ilhas Malvinas, território reivindicado pela Argentina, mas mantido como colônia pelo Reino Unido. Há tempos, o governo argentino denuncia a militarização e o possível uso de armas nucleares nas ilhas, violando os tratados internacionais.
Criada no contexto da Guerra Fria, a missão da Otan era impedir e ameaçar o avanço do socialismo no Leste europeu. Em seu currículo, pesam incontáveis crimes cometidos na própria Europa, como o bombardeio à ex-Iugoslávia,e mais além, como na Líbia e mais recentemente o financiamento e colaboração com mercenários na Síria. Como não cumpre com os requisitos geográficos necessários para integrar a organização, a Colômbia esclareceu que o que está pleiteando é o status de “aliado”.
A definição de “aliado”, criada em 1989 pelo Congresso dos Estados Unidos, é mais um mecanismo para estreitar os laços militares com os países fora do Atlântico Norte, reforçar o poderio de guerra estadunidense e fortalecer os processos de desestabilização política que os norte-americanos travam pelo planeta. O indício de que é isso que buscam está na recente reunião entre o ex-candidato derrotado nas eleições de abril de 2013 na Venezuela, Henrique Capriles, e o presidente Santos.
Reconhecidamente golpista e pró-americano, Capriles, sob o pretexto de ter ido à Colômbia denunciar “fraudes” em eleições limpas e seguras, pediu a benção do articulador da direita continental e ex-presidente do país, Álvaro Uribe Vélez, para seus planos desestabilizadores na Venezuela. Ciente das ameaças que o rondam, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, elevou o tom, denunciou Santos e Capriles e colocou em xeque o apoio de seu país aos diálogos de paz que o governo de Santos mantém com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana.
O império está movendo-se e, após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, os Estados Unidos vislumbraram a chance ímpar de dar uma tacada e derrubar o governo socialista na Venezuela. As intenções golpistas vêm sendo amplamente denunciadas pelo governo venezuelano. Mais do que nunca, a integração dos governos da região faz-se necessária e foi o que motivou o pronunciamento do presidente da Bolívia, Evo Morales, que pediu à União das Nações Sul-Americanas (Unasul), uma reunião de caráter emergencial para que os países membros se pronunciem sobre o tema e consigam dissuadir Santos de tal intenção.
“Esta é mais uma manobra agressiva do imperialismo estadunidense para impedir os avanços sociais e políticos dos povos latino americanos, determinados a intensificar a luta por soberania, justiça e progresso social”, resumiu a presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos de Luta pela Paz (Cebrapaz), Socorro Gomes. Cabe a nós, latinos, a defesa do continente e sua integridade como um território de paz, sem armas nucleares e sem a intervenção imperialista que, neste contexto, poderia desencadear consequências ainda impossíveis de serem calculadas.
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