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Conter inflação estimula varejo - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 16/09
O surpreendente crescimento das vendas do varejo em julho, de 1,9% em relação ao mês anterior, é algo a ser comemorado. Deve pesar positivamente no cálculo do PIB do trimestre, mas ainda é cedo para ver no bom desempenho a recuperação do consumo no país. Afinal, todos os setores da economia têm registrado nos últimos meses comportamento errático, ora com altas animadoras, ora com quedas frustrantes.
Mas os dados divulgados semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vão além do registro do melhor julho para o varejo desde 2011. Dão a boa notícia de que o crescimento se deu na maior parte do país. Somente o Acre teve resultado negativo, com queda de 1,7% no volume de vendas em relação a junho.
O adiamento para julho de parte das compras em junho, por causa das manifestações de rua, é uma das explicações. Mas não pode passar despercebida a lição de que a inflação tem ligação direta com a disposição de consumo e, portanto, com o nível da atividade econômica do país. Os índices de crescimento das vendas do varejo cotejados com a evolução da inflação no mesmo período comprovam essa realidade, que, muitas vezes, é atropelada por formuladores menos cuidadosos da política econômica.
Em maio, segundo o IBGE, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia subido 0,37%, empurrando o acumulado em 12 meses para o teto da meta fixada para o ano, 6,5%. Naquele mês, as vendas do comércio tiveram desalentador crescimento de 0,3%. Em junho, não foi diferente. Com a alta da inflação de 0,26% no mês, o acumulado estourou a meta, chegando a 6,7%, enquanto as vendas do varejo continuavam emperradas em 0,4% de expansão.
O quadro mudou em julho. O aumento dos preços perdeu força e acabou fechando o mês em 0,03%, o mais baixo índice de julho desde 2010. Está aí uma das razões mais consistentes para o desempenho do varejo, reforçada pela análise dos setores que tiveram destaque no aumento das vendas. É o caso de tecidos, vestuário e calçados (5,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,9%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,5%); e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm peso significativo no índice e no orçamento das famílias (1,8%). São artigos que dependem menos do crédito e mais da disposição dos consumidores.
Também pesaram as vendas de móveis e eletrodomésticos, com crescimento de 2,6%, com a contribuição do programa Minha Casa Melhor. Mas o que realmente prevalece é a importância de manter severo controle da inflação. Fica clara a urgência de as autoridades manejarem as políticas fiscal e monetária no sentido da convergência dos índices para o centro da meta de 4,5%. Apesar de ser um dos índices mais altos do mundo emergente e desenvolvido, alcançá-lo seria a comprovação de que o país é capaz de cumprir metas e compromissos.
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