Tanques da Coréia do Sul dispararam artilharia e aviões de combate com bombas foram lançados nesta quinta-feira (23), na maior das simulações de terra e ar sul-coreana deste ano - numa demonstração de força, um mês depois de um ataque mortal da artilharia norte-coreana. Em resposta, o ministro das Forças Armadas norte-coreano disse que seu Exército estaria preparado para uma "guerra santa" contra o Sul usando seu poder nuclear, após o que chamou de tentativa de Seul de iniciar o conflito.
Kim Yong-chun repetia a acusação de Pyongyang de que o Sul vinha se preparando para começar uma guerra, realizando exercícios de tiro real fora da costa oeste, falando em um comício e citado pela agência de notícias norte-coreana KCNA.
O exercício ocorreu em campos de treinamento na montanhosa região de Pocheon, a cerca de 30 km da fortificada fronteira das duas Coréias. O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, prometeu uma resposta firme para qualquer novo ataque da Coréia do Norte, ao visitar uma base militar de linha de frente perto da fronteira leste. "Eu tinha pensado que poderíamos garantir a paz se tivessemos paciência, mas que não foi o caso", disse para as tropas, segundo seu gabinete. "Agora nós devemos ter uma forte resposta (às provocações da Coreia do Norte), para que possamos garantir a paz, impedir a agressão e evitar uma guerra."
Treinamento militar da Coreia do Sul em região montanhosa de Pocheon, nesta quinta-feira (23) (Foto: AP)
Em um dia frio e nebuloso em Pocheon, os tanques correram montanhas. O barulho de canhões ecoava pelo vale, e as colinas explodiram em fumaça. Os treinos, que duraram menos de 45 minutos, foram o maior exercício das forças armadas conjuntas deste ano, e o maior de ar e terra ocorrido no inverno em termos de número de armas e disparos, segundo funcionários do governo citados pela agência de notícias Associated Press em condição de anonimato.
Só neste ano, 47 exercícios semelhantes foram realizados. Mas as manobras desta quinta foram agendadas numa clara resposta, segundo oficiais, ao ataque do Norte em novembro deste ano à ilha de Yeonpyeong, que matou dois civis e dois militares do Sul. Foi o primeiro ataque militar numa área civil desde o cessar-fogo ao fim da Guerra das Coreias, de 1950 a 1953.
Bombas explodem no maior exercício militar de terra e ar do ano na Coreia do Sul (Foto: AP)
Os últimos treinos foram destinados a reforçar a capacidade da Coreia do Sul de "destruir o inimigo em um único golpe, paralisando sua capacidade de combate com o nosso poder de fogo poderoso e equipamentos de manobra", disse o general Joo Eun-sik, chefe da primeira brigada blindada do Exercito sul-coreano.
A Coreia do Norte reivindica as águas ao redor da ilha sul-coreana, a apenas 11 km de suas margens, como seu território e acusa o Sul de provocar o ataque por ignorar os avisos de Pyongyang contra a encenação de fogo real perto da disputada fronteira marítima.
Pyongyang divulgou um comunicado chamando os treinos da Coreia do Sul de "provocativos" e "ofensivos", segundo a mídia estatal. No entanto, a declaração não ameaça retaliação.
* Com informações da Reuters