Crimeia em consulta - EDITORIAL FOLHA DE SP
Geral

Crimeia em consulta - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 15/03
Dois pleitos, dois eixos de influência geopolítica.
Nas eleições parlamentares marcadas para amanhã na Sérvia, espera-se nova vitória do bloco governista, responsável por iniciar um processo de adesão à União Europeia. Na Crimeia, região autônoma da Ucrânia, um referendo deve corroborar a decisão do Parlamento local de se anexar à Rússia.

O paralelo não se esgota na coincidência de data das votações. No final dos anos 1990, começou no território sérvio um conturbado processo de secessão que ainda hoje desperta divergências globais.

Por quase dez anos, a partir de 1999, a região separatista do Kosovo permaneceu sob controle da ONU e da Otan. Tal medida interrompeu sangrenta campanha militar do governo contra os albaneses, etnia de 90% dos kosovares.

Em 2008, o Parlamento do Kosovo decidiu, à revelia do poder central, proclamar-se independente. União Europeia (UE) e EUA logo reconheceram a nova nação, ao passo que a Rússia até hoje não o fez.

Agora em outro palco, inverteram-se os papéis das potências. Enquanto Moscou reconhece o direito da Crimeia de se integrar a seu domínio e estimula essa ambição, Washington e UE criticam a violação de leis e princípios, como o da soberania da Ucrânia.

Questões separatistas tornam evidente a inconsistência da aplicação de certas noções do direito internacional. São os interesses políticos particulares, no fundo, que regem o modo como cada Estado lida com situações concretas.

Tome-se a Sérvia uma vez mais. Para avançar nas negociações com a União Europeia, o governo do país precisou, no ano passado, assinar acordo de normalização de relações com o Kosovo --um passo impensável poucos anos atrás.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, usa a seu favor essa flexibilidade conceitual ao apoiar a movimentação na Crimeia.

Pesquisas mostram que a maioria da população local não se sente parte da Ucrânia --60% dos habitantes têm origem russa-- nem apoia a iniciativa do novo governo de se aproximar do Ocidente. Compreende-se, além disso, o impacto de medidas, mesmo que depois vetadas, no sentido de proibir o uso oficial do idioma russo.

É difícil justificar, ainda assim, o açodamento na convocação da consulta popular --foram dez dias de preparo-- e sua realização apenas na Crimeia, e não em todo o território ucraniano, como determina a Constituição do país.

Lamenta-se, ademais, que o pleito ocorra numa região sob crescente e ostensiva ocupação militar russa, o que pode fragilizar ainda mais a legitimidade de seus resultados.




- O Mundo De Putin - DemÉtrio Magnoli
FOLHA DE SP - 15/03 Atrás da insurreição de Kiev, o presidente enxergou os fantasmas superpostos do antigo reino da Lituânia  Depois de conversar com Putin, Angela Merkel disse a Obama que o presidente russo "está em outro mundo". No mundo...

- Vladimir Putin: Astuto, Perigoso E Imprevisível, O Presidente Da Rússia. "a Guerra Fria Não Acabou".
Vladimir Putin, o presidente da Rússia, deve estar feliz por ter atingido pelo menos um de seus objetivos nas últimas semanas. Convenceu muita gente de que a queda do Muro de Berlim e a dissolvição da União Soviética não representaram o fim...

- Crise Na Ucrânia: A Vez De Donetsk
Por Mauro Santayana, em seu blog: Manifestantes que ocupam, há dias, instalações públicas em Donetsk, na Ucrânia, proclamaram, unilateralmente, uma “República Popular”, na província em que se fala russo. E falam em convocar um referendo para...

- Ucrânia: A Rússia De Putin é O Agressor
"A leste, claramente, a Rússia de Putin é o agressor e a Ucrânia é a vítima. Putin viola o direito internacional ao anexar a península da Crimeia deixando em estilhaços o tratado que garantia a fronteira em troca da desnuclearização da Ucrânia. Putin...

- Guerra A Vista: Ucrânia Diz Que 15.000 Soldados Russos Já Estão Na Crimeia
O embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev, afirmou que mais de 15.000 soldados russos já estão na Crimeia. Ele fez um apelo aos países-membros do Conselho de Segurança para que tomem uma posição contra o que chamou de “claro ato de agressão...



Geral








.