CRISE EM SJC: Veja a coletiva de imprensa e todos os detalhes do acordo entre GM X Sindicato
Presidente do sindicato, Macapá, cumprimeta diretor da GM, Luiz Moan, após acordo firmado neste sábado (26). (Foto: Carlos Santos/G1)
O emprego de cerca 650 trabalhadores da planta da General Motors de São José dos Campos, no interior de São Paulo, está ameaçado. O anúncio foi feito durante anúncio do acordo firmado neste sábado (26) após reunião de nove horas a portas fechadas entre representantes da GM, do Sindicato dos Metalúrgicos, da prefeitura e do governo federal. O acordo ainda será votado pelos funcionários da montadora em assembleia na segunda-feira (28).
Os trabalhadores que correm o risco de serem demitidos são do grupo de cerca de 800 que está em layoff -- suspensão temporária dos contratos de trabalho -- desde setembro do ano passado. Foi definido ainda que o prazo de layoff que terminou neste sábado (26) fosse estendido por mais dois meses e que os demitidos irão receber multa equivalente a três salários. A GM informou que dentro do grupo de layoff há cerca de 150 funcionários que não correm o risco de demissão após esses dois meses. Segundo o sindicato, o motivo seria a estabilidade desses operários que têm "restrição de atividade". Inicialmente, quando a empresa anunciou em julho de 2012 o fechamento da linha do Montagem de Veículos Automotores (MVA), 1.598 trabalhadores corriam o risco de serem desligados, mas a reunião deste sábado definiu medidas para reduzir esse número. Porém, nenhum porta-voz da GM ou do sindicato afirmou o número exato de demissões e quando elas devem ocorrer.
Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM, anuncia acordo firmado após negociação. (Foto: Carlos Santos/G1).
Raio X A fábrica de São José dos Campos possui atualmente cerca de 7 mil funcionários e produz ainda a picape S10 e o utilitário Trailblazer. O complexo que estava correndo risco de ser fechado era o MVA, onde são produzidos veículos. Um dos acordos que foi firmado é que a produção do Classic será retomada até dezembro. Após esse período, uma nova negociação será feita. Ao todo, o acordo prevê 16 itens como o investimento de R$ 500 milhões na unidade até 2017 e a redução para R$ 1.800 do piso salarial dos novos funcionários. Atualmente, o piso salarial é de R$ 3.100. Durante todo o acordo, a GM cobrou a redução do piso. Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM, disse que o acordo foi positivo. ?Até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para planta de São José?, disse. "No acordo, nós proporcionamos um tempo adicional para que essas pessoas busquem novas oportunidades ou até mesmo uma possível chance dentro da fábrica. Passando esses dois meses e com insucesso, não temos alternativas e colocamos multa indenizatória de três salários para esses trabalhadores, mas vamos ser otimistas", disse. Mesmo com o acordo, os funcionários que estão afastados não irão retornar ao trabalho nesta segunda-feira (28). "A produção do Classic não temos condições de voltar a produzir já na segunda-feira, mesmo se o acordo for aprovado em assembleia. Não temos condições e por isso acordamos período de férias coletivas. Os funcionários retornam no dia 14 de fevereiro e já teremos peças e poderemos cumprir a produção", afirmou Moan.
?Até este acordo, não estava previsto um centavo de investimento para planta de São José
Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM
O presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros Macapá, disse que o acordo ainda será votado em assmbleia pelos funcionários. ?Esse acordo não é o nosso sonho. Não é o que o sindicato gostaria, mas é o que foi possível e agora cabe aos meus companheiros deliberarem para saber se aprovam ou rejeitam esse acordo?, afirmou. Avaliação O secretário nacional de Relações do Trabalho, Manoel Messias Melo, disse que o acordo agrada o governo federal porque garante a geração de empregos na planta da GM em São José dos Campos e a manutenção do complexo. O prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida (PT), também comentou o acordo. "Quero ressaltar aqui a maturidade de ambas as partes nesse processo. Sindicato e GM fizeram um grande esforço para chegar nesse acordo. Isso é muito positivo porque abre perspectiva para uma nova relação entre eles", disse.
Entenda o caso A GM anunciou em julho de 2012 a intenção de fechar o MVA, que na ocasião produzia quatro modelos - Classic, Corsa Hatch, Meriva e Zafira.
Sem um acordo em 2008 com o sindicato para a atração de novos investimentos para a planta, a GM encerrou a produção de três dos quatro veículos fabricados no local em julho e manteve apenas a produção do Classic, cuja promessa seria encerrar a produção em São José neste dia 26 de janeiro.
Com a redução na produção, a montadora avalia que a mão de obra do MVA, que empregava em agosto 1.840 funcionários, é excedente. Além disso, a direção considera a planta de São José pouco competitiva por conta do elevado custo da mão de obra em comparação com a concorrência. Se o impasse não for resolvido, a GM não descarta iniciar o processo de demissões. A GM só irá se manifestar após a reunião deste sábado.
Veja abaixo os principais pontos do acordo deste sábado: 1. investimento de R$ 500 milhões no setor de motores e transmissões da planta de São José dos Campos entre 2013 e 2017; 2. piso salarial reduzido para novos funcionários de R$ 1.800; 3. negociar com a planta de São José dos Campos a produção de futuros veículos; 4. jornada de trabalhado extraordinária de até 2 horas por dia e compensação da jornada ?a compensação permite que a carga horária pode vir a ser reduzida caso o mercado estiver em baixa em um montante total de 12 dias por ano. Com o mercado em alta, será permitido compensar a jornada que foi reduzida no momento de baixa do mercado; 5. renovação das clausulas sociais, como a PLR deste ano; 6. redução do nível de garantia na base de manuseio de material que terá até 900 empregados; 7. produção do Classicx até dezembro impedimento o fechamento do MVA; 8. extensão em mais dois meses do prazo de layoff que atinge 780 funcionários e três meses de multa aos operários que forem demitidos; 9. multa de três meses de salário para os funcionários demitidos; 10. antecipação da aposentadoria.
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