Cristina Kirchner e a mídia
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Cristina Kirchner e a mídia


Por Pedro Martins, no sítio Outras Palavras:

Com uma marca expressiva de 54% dos votos, Cristina Kirchner foi reeleita presidente da Argentina no dia 23 de outubro. O resultado percentual é o maior desde a redemocratização do país. Alem disso, é a primeira mulher da América Latina a ser escolhida duas vezes para governar um país.



Os números surpreenderam oposição e analistas políticos, que agora tentam encontrar respostas teóricas ao fenômeno de popularidade da líder peronista. Nas análises, é recorrente um alerta: Cristina pode intensificar a ofensiva contra os meios de comunicação. Mas o que significa exatamente essa afirmação? Em que contexto ela pode ser compreendida de maneira mais clara? Quais são os filtros pelos quais recebemos essas opiniões?

Em programa da Globo News dedicado ao tema, a narração do jornalista Ariel Palácios é a seguinte: “Os meios de comunicação independentes estão preocupados, já que o governo Kirchner poderia radicalizar sua ofensiva contra a mídia não alinhada”. De fato, a relação entre governo e grande imprensa é marcada por conflitos, especialmente com o Clarín. Um exemplo é o caso do projeto de lei que visa limitar a participação acionária desse jornal na empresa Papel Prensa devido à suspeita de contratos ilícitos.

Por outro lado, assim como em países vizinhos, a Argentina vem incentivando iniciativas de comunicação alternativas aos interesses de mercado. O Canal Encuentro, criado em 2007 com vínculo ao Ministério da Educação, é uma delas. A emissora tem premissas distintas daquelas das redes comerciais, incluindo aqui uma programação a favor da cidadania, educação e reflexão crítica acerca dos problemas sociais. Produz 40% do que veicula, o restante vem de TVs públicas estrangeiras.

Para o cientista político Sergio Fausto, em entrevista a Globo News, “há um propósito firme do governo de fazer um enfrentamento com o que eles chamam de ‘os poderes monopólicos’ nessa área (mídia)”. Vamos aos números. O Clarín é um dos sete grupos empresariais e detém ações em aproximadamente 200 veículos argentinos. De 2008 para 2009, sua rentabilidade cresceu 16,4% com faturamento de US$ 1,7 bilhão. E controla 31% da circulação dos jornais.

É difícil contestar a existência de uma concentração. Justamente para contrabalancear esse quadro de forças, o governo aprovou a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual em 2009, que prevê, entre vários pontos, o seguinte: a prestação de serviços de radiofusão feita pelo Estado, sociedade civil sem fins lucrativos e sociedade civil empresarial; o impedimento de propriedade cruzada dos meios; a obrigatoriedade de veiculação de conteúdo regional.

Entender o contexto que a Argentina vive no que diz respeito às políticas de comunicação é, portanto, tarefa complexa — e que provavelmente não será propiciada pelos meios de comunicação tradicionais, que reduzem a possibilidade de uma discussão mais aprofundada. Resta optar por outras fontes.




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