CRÍTICA: AS PANTERAS 2 / Detonando as Panteras
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CRÍTICA: AS PANTERAS 2 / Detonando as Panteras


Ao sair da sessão de “As Panteras Detonando”, encontrei um adolescente ex-aluno meu que havia odiado o filme. Seu comentário foi “Detonaram mesmo!”. Ele, que não tinha visto a primeira aventura, nem acreditou quando eu disse que a seqüência é melhor. Claro, isso não significa que seja boa. Mas é o tipo de gosma que os meninos vão prestigiar por causa das lutas e explosões, e as meninas pelas roupas e penteados (e eu vou ver por quê, ó mistério?). Com um público tão cativo, é de estranhar que o arrasa-quarteirão da vez tenha arrecadado apenas US$ 40 milhões no seu fim de semana de estréia. Parece uma dinheirama, né? Mas a produção custou US$ 125 mi – mais que o PIB de vários países juntos. A gente podia fazer uma listinha de como investir melhor essa fortuna, mas não vem ao caso. Aí, devido ao fracasso do filme, os analistas estão discutindo o desgaste dessas fórmulas de continuações. Zzzz. Já ouvi esse papo antes. Desgastada tô eu, que não conseguiria arrecadar 40 milhões no meu fim de semana de estréia. Minha previsão é que o espectador devidamente lobotomizado continue a lotar sessões pra ver frágeis top-models batendo em cinqüenta armários ao mesmo tempo.

Não vou gastar preciosas linhas falando da trama deste filme dirigido por um tal de McG (que também cometeu o primeiro) porque não há trama. Há pretextos, isso sim. O que vale é colocar Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu no maior número de cenários sem jamais repetir o guarda-roupa. De vez em quando elas descansam as mãozinhas pra rebolarem pra câmera. E vez por outra um vilão morre (não de morte natural). A principal vilã é a Demi Moore, que está irreconhecível de tão magra e cheia de botox. Ela não consegue mais mexer um lado da face, coitada. A Demi tá com 40 anos e segue em ótima forma: é um monumento à plástica. Lembra dela franzina na década de 80 e em “Ghost”? Lembra dela peituda em “Striptease”? Lembra dela fortona fazendo uma militar? Pois é, agora ela virou tábua de novo. Olha, eu tô muito acima do peso e minha cinturinha de vespa foi substituída pela cinturinha de lesma, mas não sou a única a ficar sem curvas. Essas moças, de tão subnutridas, também perderam as suas. E pensar que uma multidão sonha em ser como elas. Perto das suas colegas de set, a Drew parece obesa. Ainda assim, ela deve estar uns dez quilos abaixo do padrão das mulheres normais.

“Detonando as Panteras” é o tipo de sessão-porrada com treze roteiristas onde os dublês aparecem mais que as estrelas. Mas nas entrevistas à imprensa as atrizes disparam pérolas como “eu fiz minhas próprias cenas de ação” e “treinei seis horas por dia durante seis meses pra aprender a lutar desse jeito”. Ué, mas não é uma seqüência?! Elas não se tornaram experts em artes-marciais já no primeiro filme? Pensei que, depois de tão árduo aprendizado, elas podiam economizar esse tempo e gastar as seis horas diárias no cabeleireiro.

Mas eu não odiei a aventura. As moças são simpáticas, é difícil ficar com raiva delas. Além disso, tem uma cena de discoteca fofinha que me fez lembrar de quando música era feita pra se dançar. E há outras gracinhas. Por exemplo, num esquete inútil num convento, tocam a trilha de “A Noviça Rebelde”. E num outro as panteras surgem como soldadoras ao som de “Flashdance”, entende? Mas, no geral, denotei um pouco de impaciência do público com as cenas de ação. O Fator “Ahhh” extrapolou, e ouvi “Palha” e “Égua” demais. Inclusive, uma espectadora falou com o nojo típico de quem se refere a baratas voadoras: “Eca! Elas voam?!”.

Ah, querem vender pra gente que “Detonando as Panteras” é importante pro Brasil porque o Rodrigo Santoro aparece. Aparece em termos. Ele não tem falas ou expressões, é simplesmente um objeto sexual. Até aí tudo bem, pode-se dizer o mesmo da Cameron Diaz, mas, se o Rodrigo tivesse a mínima relevância na história, seu nome seria citado por algum crítico americano. Acho que ainda não foi dessa vez que um ator daqui da terrinha conquista Hollywood, chuif.




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