CRÍTICA: CAZUZA / Ideologia da cinebiografia
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CRÍTICA: CAZUZA / Ideologia da cinebiografia


Como fui ver “Cazuza – O Tempo Não Pára” lá numa sala meio de arte em Belo Horizonte, e não em Joinville, pra variar, não tive o privilégio de presenciar gente falando, atendendo celular, comendo pipoca ou gritando “Bicha! Bicha!” pra tela. Ou seja, fico sem conhecer a reação do respeitável público. Mas recebi uma pequena amostra de uma amiga de uma amiga, que lhe advertiu que o filme continha cenas fortes. Hum, cenas fortes? Nem picada na veia aparece. Imagino que as tais cenas devam ser de homem beijando homem. Eu não gostei muito da cinebiografia não. Não por causa dos poucos e pudicos instantes de homossexualismo, mas pelo roteiro fraquinho, fraquinho.

Vamos ver. Quem gosta de um filme desses? Aliás, quem aprecia esse gênero das biopics, como os americanos dizem? Ou quem adora de paixão o mito retratado, ou quem se delicia com os podres revelados. Lembra do clássico camp “Mamãezinha Querida”, que destila todo seu ódio pela Joan Crawford? É por aí. Voltando, “Cazuza” tem potencial pra atender vários nichos de mercado. Quem achava o cantor um gênio vai continuar se derretendo por ele depois do filme, eu acho. Pra quem mais é o filme? Pras novas gerações, porque a história não contém novidade alguma pra quem acompanhava o mundinho pop da década de 80. E olha que eu nunca li o livro da mãe do Cazuza com a jornalista que vem sendo tratada como ghost writer, “Só as Mães são Felizes” (e não creio que algum dia um título desses me seduza). Quem mais? Quem consome tudo que é cinebiografia vai aprovar a produção. No mesmo ramo, idem pra quem se impressiona com a semelhança entre ator (Daniel de Carvalho, bonzinho) e personagem. Ah, também pra quem associa felicidade à qualquer coisa que lembre a adolescência perdida, do tipo “quando eu era jovem eu ouvia Barão Vermelho, logo, Barão Vermelho é duca”. E não se deve desprezar o público “família” que se comove com a mensagem “ser mãe é padecer no paraíso”.

E quem não gosta de um filme desses? Bom, pra começar, quem acha a história careta. Sabe, quem esperava muito mais sexo, drogas e rock’n’roll de uma película sobre um carinha que, bem, fazia sexo com ambos os sexos, usava drogas (suponho que outras substâncias tóxicas além da inocente maconha mostrada), e cantava pop-rock. E isso tudo de alguém que se chamava Agenor...

Em qual categoria me enquadro? Juro que não sei. Só sei que no início do filme toca uma música da Blitz, e aquela canção bobinha me toca mais fundo que toda a obra do Cazuza. Ah, Blitz era alienado? Claro que era. E por acaso era engajado o autor de “Maior Abandonado” e “Codinome Beija-Flor”, que virou trilha sonora de um dos personagens mais insuportáveis da história da novela brasileira? Pelo que me lembro, a música mais política do Cazuza dizia “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Ou seja, ele não tinha nenhuma. A que continha a estrofe “Brasil, Mostra Tua Cara”, consagrada pela Gal, não passava de uma canção de protesto genérica. Tenho dúvidas se Cazuza pode ser pintado como herói de uma geração. Pra mim, seu único ato público de coragem foi assumir que estava com Aids. Quanto à vida pessoal dele, cada um vive como quer, e eu não sou ninguém pra julgar o comportamento alheio. Mas quem diz uma coisa dessas não é fã habitual das biopics. Afinal, quem quer conhecer a vida íntima dos ídolos? Só quem acredita em ídolos. Eu só acredito em Chico Buarque.





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