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CRÍTICA: JESUS, A HISTÓRIA DO NASCIMENTO / Bate o sino
Acho que não preciso incluir um resumo sobre “Jesus – A História do Nascimento”, porque o título já diz tudo. Ou quase: o personagem principal da vez não é o filho de Deus, mas Maria. Apesar de “Jesus” não ser um grande filme, eu gostei muito mais de vê-lo do que “A Paixão de Cristo”, com toda aquela violência, chicotes arrancando pedaços de carne, essas coisas bem sádicas. Aqui em “Jesus” a gente pode até criticar a ausência de violência. Por exemplo, praticamente todo mundo na civilização ocidental sabe que Herodes mandou matar meninos em Belém, para evitar que o Messias crescesse e ameaçasse o seu reino. A gente também sabe que dessa Jesus escapou. Mas e o massacre de dezenas de bebês, por que não é mostrado? Ué, porque este drama foge de qualquer polêmica como o diabo foge da cruz, se me permite o trocadilho. Pra mim, o massacre não vilaniza apenas Herodes. Deus tampouco sai bem na foto. A julgar pelo filme, Herodes não tinha idéia que seu inimigo seria um neném recém-nascido. Ele pensava que seria um homem feito. São os reis magos que contam pro malvadão sobre o nascimento do profeta. Aí que tá: que tal Deus dar um toque nesses linguarudos sem simancol? Ele faz Zacarias, o pai de João Batista, ficar mudo durante meses por um mero capricho. Dava pra calar os reis, né? Se bem que o Todo Poderoso dá tanta bandeira apontando uma estrela bem pra manjedoura onde está seu filho, que só a incompetência dos soldados romanos pra explicar como Jesus escapa. Não importa. Por não focalizar o massacre dos inocentes, o drama comete o mesmo pecado de “Paixão”: mostra que a vida de alguns vale muito mais que a de outros. Isso não é exatamente cristão.
Mas “Jesus” tem uma trama bonita. Dirigido por uma mulher, Catherine Hardwicke (do bom e chocante “Aos Treze”), o filme pode ser visto como uma história de amor entre Maria e José, que se apaixonam durante a jornada a Belém, ou uma história de amor de Maria pelo bebê no seu ventre, ou amor dos súditos pelo seu Deus. Só que a recíproca não parece ser verdadeira. Deus podia facilitar um pouquinho a vida de Maria, não? Várias pessoas já escreveram sobre a violência da anunciação. Algumas equivalem essa violência a um estupro. Afinal, Maria não é convidada a ser mãe de Jesus, mas apenas comunicada por um anjo Gabriel que, no filme, misericordiosamente não é loiro de olhos azuis (e nem o bebê Jesus segue o padrão nórdico). Deus bem que podia narrar seus planos a José, e aos familiares próximos, antes de Maria aparecer grávida. Custava?
E já que é pra polemizar, não compreendo porque a Igreja Católica insiste tanto na virgindade de Maria. Tá, pra quem considera sexo o pecado original, posso entender por que Maria tem que ser puríssima até o parto. Mas e depois? Por que querer jogar na fogueira qualquer um que sugira que Jesus teve irmãos? Proibir sexo antes do casamento eu até entendo, é um dogma deles, mas a Igreja, no caso de José e Maria, proíbe sexo até durante o sagrado matrimônio. Pros católicos, a Virgem morre virgem, sem descobrir que sexo também pode ser uma benção.
Enfim, gostei da Keisha Castle-Hughes (de “Encantadora de Baleias”), que faz Maria, apesar dos seus três nomes. Umas meninas depois da sessão, no banheiro, usavam termos pouco castos para manifestar o que fariam com o José de Oscar Isaac (nunca vi mais barbudo). Elas também imitaram o coral angelical que permeia a produção. De fato, a música sacra cansa, e pra piorar eu tenho birra com os reis magos, aqui usados pra criar um clima mais cômico. Tudo bem presentear um casal pobre com ouro, mas incenso e mirra (que eu mal sei o que é)?! Por que não trazer um peru de Natal, ou, vá lá, um panetone? A verdade é que os cristãos vão adorar “Jesus”, o timing é perfeito, e até o Vaticano aprovou. De minha parte, eu passarei a observar presépios com mais afinco, pra ver se todos os bichinhos estão lá. Só não entendo como essa história de Natal foi invadida por Papai Noel.
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