CRÍTICA: TRANSFORMERS 2, A VINGANÇA DOS DERROTADOS / Meu ódio será tua vingança
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CRÍTICA: TRANSFORMERS 2, A VINGANÇA DOS DERROTADOS / Meu ódio será tua vingança


Não consigo nem legendar essa foto. Tem um carro cuspindo no Shia?

Meu nível de tolerância pra certas coisas anda caindo muito. Pra filmes, por exemplo. Estou começando a ter dúvidas sobre meu velho mantra - “tenho que ir ao cinema toda semana, tenho que ir ao cinema toda semana, tenho que ir ao cinema toda semana”. É verdade que tive que fazer isso durante dez ou onze anos, período em que mantive uma coluna de crítica de cinema (que eu sempre preferi chamar de crônicas de cinema) num jornal de SC. Como o jornal não gostava de publicar textos sobre filmes que não estivessem em cartaz, eu via (e escrevia) sobre qualquer migalha que passasse. Calculo, talvez, que meu fundo do poço tenha sido prestigiar a sessão de Garfield 2 (dublado, ainda por cima!). Quem mora em cidades grandes não entende. Joinville deve ser a cidade média com menor número de salas por habitantes. Só há cinco salas aqui. (Emergência: tive que interromper este post porque entrou um beija-flor no quarto. Beija-flor preso num quarto relativamente pequeno faz tanto barulho quanto helicóptero em filme de ação. O primeiro passo foi ir até o outro quarto fechar a porta para impedir que o gato viesse perseguir o beija-flor. Obviamente o gato é muito mais rápido que eu e ele já não estava mais lá. De volta ao Quarto Um, necas de beija-flor também. Agora tento encontrar gato e beija-flor. Gato encontrado, lá fora, no jardim. Felizmente, sem penas no canto da boca. Essas caseiras operações de guerra são bem mais interessantes que o último blockbuster). Cof cof. Vamulá, concentre-se no texto. Ok, já houve sete salas de cinema em Joinville, mas agora só há cinco. Se abrirem um novo shopping na cidade, no ano que vem, Joinville terá mais seis. Por enquanto, o que passa aqui é péssimo. Os filmes chegam antes a Blumenau e Balneário Camboriú, cidades muito menores (Floripa estava nessa escassez também, mas tudo mudou, e hoje a cidade tem um dos maiores índices de cinemas per capita do país). E nem sei se dá pra reclamar tanto, já que apenas 8% dos municípios brasileiros tem cinemas. Obviamente, ter muitas salas não é garantia de qualidade ou sequer de variedade (vide Estados Unidos. Pra quem mora em Nova York, Chicago, Los Angeles e um ou outro grande centro, belê. Chega até filme não-falado em inglês! Nas outras cidades, há poucas opções. A gente pode escolher se quer ver o espetáculo-fórmula de adrenalina, pra meninos, ou o espetáculo-fórmula de comédia romântica, pra meninas. A profecia pra lá de otimista do George Lucas, de que mais salas traria mais variedade e abriria espaço pros independentes, não se concretizou nos multiplexes).
Mas eu me perdi. Recentemente, uma leitora querida, a Tina, perguntou, escandalizada: “Por que você vai ver essas drogas?”. Nem lembro a que filme ela tava se referindo (Uma Noite no Museu 2? Presságio? Sim Senhor?). Na ocasião, recitei meu mantra pra ela. Mas sábado tive uma experiência metafísica: assisti Transformers 2. E aí me dei conta que joguei duas horas e meia da minha vida fora. E, se não tenho mais coluna de cinema no jornal, pra que esse sacrifício extremo de ver toda e qualquer bomba?
O que acontece é que não deve existir na face da Terra um filme menos feito pra Lolinhas do que Transformers 2. Tá, tinha o Transformers 1, mas naquela época eu mal sabia que o título se referia a um brinquedo dos anos 80. Agora eu sei, mais ou menos. Era um brinquedo pra garotos, né? (porque as brincadeiras de crianças são divididas por gênero, hoje talvez mais do que nunca. No ótimo romance Little Children, Pecados Íntimos, do Tom Perrotta, o narrador explica como funciona uma diversão com carrinhos entre duas crianças de três anos: “As crianças estavam concentradas num jogo de Car Doctor [Médico de Carros?]. Depois que Aaron realizava uma de suas batidas, Lucy examinava os veículos machucados, ouvindo-os com um estetoscópio e beijando-os para que se sentissem melhor. Nesse ponto eles estavam disponíveis para participar em outra colisão”). Transformers, o filme, é bem isso: um monte de ferro velho brigando com outro monte de ferro velho. E aí colocam umas vozes masculinas em cada lataria, mas as vozes parecem vir do céu, porque não tem nada a ver com os personagens. E são duas horas e meia disso. Depois de quinze minutos eu já tava cutucando o maridão e pedindo pra ir embora (a gente não deixou Speed Racer no meio?). Nada ali é pra mim. Um carro jogando líquidos na cara de uma mocinha? Não é pra mim. Um tentáculo sair do bumbum da mesma modelo? Não é pra mim. Uma tomada por trás da Megan Fox em cima de uma moto? Não é pra mim. Propaganda do poder bélico americano? Bom, você entendeu. (Eu acho que gostei do John Turturro dizendo “Isto é segredo de estado. Não conte pra minha mãe”. Mas tá no trailer. E por falar em mãe, teve uma hora que tanta coisa era tacada de um lado pro outro que tive vontade de gritar “Joga a mãe!”. Só que é o tipo de filme que joga a mãe mesmo. Literalmente).
Nada disso foi feito pensando em mim, e, inclusive, nem em você, a menos que você seja um menino de 12 anos. Que Transformers 2 seja um super sucesso da temporada, não importa. Que Shia LaBeouf seja o maior astro atual (hã? É sério isso? Quem é Shia? Ele tem algum carisma? Sabe atuar?), não me interessa. Eu não verei o 3 nem que seja a única atração passando nos cinemas. Antes de entrar na sessão, eu pensei que haveria pelo menos um ponto de identificação entre eu e o filme - o título. Sabe como é, Lolinha estudando pra concursos também pode ser vista como uma Transformer, uma que se transformou, e a nota que tirou na defesa de doutorado lhe vale o apelido de derrotada. A palavra vingança que não tem muito a ver. Mas enfim, nem essa identificação rolou.




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