Em virtude de minha paixão jornalística por dados e pesquisa, eu sempre respeitei pesquisas eleitorais, apesar de saber que elas não são totalmente confiáveis. Entretanto, é preciso admitir que é um tanto estranho – e arriscado para a democracia – essa conjuntura brasileira: uma mídia extremamente concentrada, e que ainda possui o principal órgão de pesquisa eleitoral do país.
O primeiro pensamento que tive, ao ver essa pesquisa, por outro lado, foi o seguinte: será positivo para a presidenta sentir uma fisgada na sua popularidade, ainda mais nesse momento em que há pressão internacional para que o Brasil volte a ser o “peru com batatas” da banca, ou seja, eleve os juros.
Contudo, mesmo me esforçando para não fazer isso, eu não consigo deixar de ver o Datafolha com desconfiança, porque essa queda na popularidade da presidenta cai como uma luva num momento que Aécio Neves, vencida a batalha interna no PSDB, tenta se afirmar como um candidato competitivo de oposição. E o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, trabalha para vencer resistências internas e externas e se lançar candidato.
Mesmo assim, aguardaremos o Datafolha publicar a íntegra do relatório, para analisarmos os dados comparativos de renda, escolaridade, região.
*****
Governo Dilma tem 57% de aprovação após queda de 8 pontos, diz Datafolha
DE SÃO PAULO
A popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu pela primeira vez desde o início de seu mandato, há dois anos.
Pesquisa feita pelo Datafolha na quinta e na sexta-feira mostra que 57% da população avalia seu governo como bom ou ótimo. São 8 pontos a menos que no levantamento anterior, feito em março.
A presidente perdeu popularidade entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, em todas as faixas de renda e em todas as faixas etárias, segundo o Datafolha.
Os números do Datafolha indicam que a deterioração da imagem de Dilma é um reflexo do aumento do pessimismo dos brasileiros com a situação econômica do país e mostram que a população está mais preocupada com a inflação e o desemprego.
Para 51%, a inflação vai subir. Em março, esse índice era de 45%. A mesma tendência pode ser observada em questões sobre desemprego, poder de compra do salário, situação econômica do país e do próprio entrevistado.
Editoria de Arte/Folhapress
Popularidade da presidente cai pela primeira vez desde o início do governo