Por Altamiro BorgesNa semana passada, a Folha tucana especulou com a possibilidade de José Luiz Datena, apresentador do programa “Brasil Urgente”, da Band, ser candidato à prefeitura de São Paulo em 2016. Segundo o jornal da famiglia Frias, que não dá ponto sem nó, três legendas já teriam procurado o jornalista, que se tornou celebridade com as suas atrações policialescas e sensacionalistas. Sua candidatura também teria a simpatia do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que fará de tudo para desalojar o petista Fernando Haddad da prefeitura da mais importante capital do país. Vale conferir alguns trechos da matéria de encomenda, publicada nesta quarta-feira (22) e assinada por Daniela Lima, que evidencia como será pesada a disputa eleitoral do próximo ano:
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Três dos maiores partidos do país tentam fazer com que José Luiz Datena troque a apresentação do programa Brasil Urgente, da Band, pelo horário eleitoral. Líderes do PSDB, PSB e PP disputam nos bastidores a filiação do âncora, para fazer dele candidato à Prefeitura de São Paulo. Nas últimas semanas, Datena teve um jantar com o vice-governador Márcio França, que é presidente estadual do PSB. Em outra frente, foi convidado para duas reuniões no Palácio dos Bandeirantes, uma delas com o governador Geraldo Alckmin. Na primeira ocasião, conversou com dois secretários do tucano sobre o cenário político. Depois, voltou à sede do governo para uma reunião privada com Alckmin, que há meses diz nos bastidores que gostaria de lançar "um nome novo" na capital.
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Ainda de acordo com a reportagem, o apresentador admitiu estar “propenso a aceitar” a candidatura. “Realmente fui sondado e passei a analisar se vale a pena. Quem sabe não posso ajudar? Eu sou honesto. Não sou vagabundo e não roubo, ao contrário do que existe por aí. E mesmo que eu decida sair, só vou me filiar no tempo certo. Dois ou três dias antes de esgotar o prazo”, afirmou. No seu jogo de especulação, a Folha tucana ainda testa as hipóteses. “A ida do apresentador para o PSB poderia liquidar as chances de a senadora Marta Suplicy (sem partido) se filiar à sigla para concorrer à Prefeitura. O partido passou a procurar opções depois que a ex-petista adiou sua filiação por duas vezes e fez acenos ao PMDB”.
A própria especulação sobre a candidatura de José Luiz Datena confirma a onda conservadora que assola o Brasil. Nas eleições do ano passado, vários nomes ligados aos programas policialescos de rádio e televisão foram eleitos para a Câmara Federal. Eles ganharam projeção midiática explorando o preconceito e o ódio, estimulando os piores instintos. Nos primeiros seis meses de legislatura, eles se uniram aos fundamentalistas e aos barões do agronegócio, compondo a famosa “bancada do BBB” – Bala, Bíblia e Boi. No parlamento mais reacionário desde o fim da ditadura militar, esta turma da pesada tem pregado posições ultradireitistas, que beiram o fascismo. José Luiz Datena é um expoente desta regressão civilizatória, desta barbárie.
Bolsonaro e a onda conservadora
Esta ameaça atemoriza até mesmo um colunista da própria Folha. Em texto publicado na quinta-feira, Bernardo Mello Franco comparou o âncora da Band ao bilionário Donald Trump, que recentemente anunciou sua candidatura à presidência dos EUA. “Sem serem políticos tradicionais, eles investem no carisma pessoal, no discurso conservador e na imagem de que podem resolver tudo sozinhos, acima dos partidos e das instituições. Datena, o locutor policial, apela ao medo da violência e do caos urbano. É capaz de narrar um roubo de galinha como o crime do século, ou um engavetamento na Marginal como o novo 11 de Setembro. Com estilo agressivo, os dois encarnam o populismo de direita que prolifera na tevê aberta e nas redes sociais. Parecem estar sempre indignados, mas só atacam os elos mais fracos da sociedade, nunca a elite ou o sistema. São revoltados a favor”.
Talvez embalado por esta onda conservadora, o deputado fascista Jair Bolsonaro (PP-RJ) anunciou neste final de semana que exigirá que o seu nome seja incluído nas próximas pesquisas de opinião pública sobre as eleições presidenciais de 2018. “Peço que contatem os institutos de pesquisa e solicitem manter (e incluir) meu nome nas próximas pesquisas. Estamos no G-4”, afirmou o patético parlamentar ao jornalista Ilimar Franco, do jornal O Globo. Ainda segundo o repórter, o agressivo deputado disse já contar com o apoio à sua candidatura de vários grupelhos direitistas, como o “Movimento Brasil Livre”, o “Revoltados Online” e o “S.O.S. Forças Armadas”, que organizaram as recentes marchas golpistas pelo impeachment de Dilma e pela volta dos militares ao poder. É pura barbárie!
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