Demo machista: 'Mulher tem que apanhar'
Geral

Demo machista: 'Mulher tem que apanhar'


Por Hylda Cavalcanti, na Rede Brasil Atual:

O ambiente foi de tumulto e troca de acusações na Câmara dos Deputados, que realiza desde o início da tarde de hoje (6) sessão para apreciar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, referentes a mudanças nas regras para benefícios dos trabalhadores. O presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspendeu a sessão por três vezes até conseguir chegar a um acordo para votar os textos.

A Medida Provisória (MP) 665, que altera as regras de acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial e ao seguro-defeso, teve seu texto-base aprovado pelo plenário, ressalvadas emendas e destaques que ainda serão votados. Foram 252 votos a favor, 227 contra e uma abstenção. Pelo acordo que possibilitou a aprovação da MP, ainda devem ser votados nominalmente dois destaques que visam a alterar o texto da medida. Os outros destaques e emendas devem ser votados nesta quinta-feira (7).

Encaminharam voto favorável à aprovação da MP 665 os líderes do bloco formado pelo PMDB e outros partidos, do PT, do PSD, do PR, do PCdoB, do PROS e do PRB, além da liderança do governo. Encaminharam contra a aprovação da medida provisória os líderes do PSDB, do DEM, do SD, do PDT, do PPS e do PSOL e o líder da minoria. O único partido da base governista que encaminhou voto contra a MP foi o PDT. O PV liberou sua bancada para votar de acordo com a convicção de cada um.

O momento mais tenso da sessão levou a bancada feminina a levantar as mãos e gritar palavras de ordem em solidariedade à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vítima de palavras grosseiras por parte do deputado Alberto Fraga (DEM-DF).

“A violência contra a mulher não é o Brasil que eu quero ver”, gritaram várias deputadas. Muita gente pediu para que a sessão fosse encerrada e a votação, adiada. “Estamos perdendo o controle. Vamos adiar essa sessão em nome do bom senso da casa”, pediu o deputado Veneziano do Rêgo (PMDB-PB).

A confusão envolvendo Jandira Feghali e Alberto Fraga começou quando a deputada foi apaziguar um início de discussão entre os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP) e Roberto Freire (PPS-SP). Jandira reclamou que Freire a empurrou com força quando se aproximou e disse que iria entrar com uma reclamação junto ao Conselho de Ética contra ele. Em seguida, Alberto Fraga, que estava próximo, pegou o microfone, virou-se e disse para a líder que “a mulher que participa da política como homem e fala como homem, também tem que apanhar como homem”.

A declaração provocou reações revoltadas em todo o plenário. O líder do Pros, deputado Domingos Neto (CE), defendeu Jandira, lamentou o ocorrido e afirmou que era preciso acalmar os ânimos. O deputado Roberto Freire pediu desculpas e disse que foi mal interpretado. “Em 40 anos de vida parlamentar jamais cometi qualquer atitude de agressão.”

*****

Jandira Feghali, via Facebook: ‘Assustador o acontece nesta Casa’

Parece que as noites na Câmara não tem como piorar nesta Legislatura. Sim, fui agredida fisicamente pelo deputado Roberto Freire durante discussão das medidas provisórias 664 e 665 agora pouco. Pegou meu braço com força e o jogou para trás. O deputado Alberto Fraga, não satisfeito com a violência flagrada, disse que “quem bate como homem deve apanhar como homem” na minha direção. Fazia menção a mim.

É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Em seis mandatos como deputada federal, onde liderei a bancada do PCdoB por duas vezes e enfrentei diversos embates, jamais fui sujeitada à violência física ou incitação à violência contra mulher. Muitas foram as frentes de debate político aqui dentro. Parece irônico a mulher que escreveu o texto em vigor da Lei Maria da Penha seja vítima de um crime como este.

Meus advogados vão acionar judicialmente o senhor Fraga pela apologia inaceitável. Esta medida já está sendo encaminhada. Minha trajetória é reta, ética e coerente dentro da política desde quando me tornei uma pessoa pública, na década de 80. Não baixarei a cabeça para nenhum machista violento que acha correto destilar seu ódio. A Justiça cuidará disto. E ela, sim, pesará sua mão.

*****

‘Sem ameaças’

Mas as queixas em relação ao deputado Alberto Fraga continuaram. “Ameaças não são aceitas aqui. O senhor Fraga pode ter a fama que tiver no Distrito Federal, mas não temos medo do senhor”, argumentou o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), em alusão ao fato de Fraga, ex-delegado, integrar a chamada bancada da bala e possuir bom trânsito entre os policiais do DF.

“Quem sabe da minha fama são as pessoas do Distrito Federal porque me elegeram o deputado mais votado das últimas eleições e não vou questionar isso aqui. Minha fama é de estar sempre presente das pessoas que precisam. Mas o que eu quero dizer é que sou um homem e não um moleque”, rebateu Fraga, minimizando os 32 anos do deputado Glauber Braga.

Cédulas jogadas

O tumulto que envolveu Jandira Feghali e Alberto Fraga foi o segundo mais conturbado do dia. Por volta das 19h, o presidente Eduardo Cunha suspendeu a sessão pela primeira vez depois que manifestantes que estavam nas galerias jogaram em cima dos parlamentares cédulas falsas de dólar com os rostos da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

As cédulas fora atiradas por pessoas ligadas à Força Sindical, central que tem como presidente licenciado o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que na festa do no último 1º de Maio, promovido pela central em São Paulo, não fez menção ao Projeto de Lei 4.330, da terceirização, que ajudou a aprovar de maneira enfática na Câmara.

Cunha determinou o esvaziamento das galerias para somente depois retomar a votação, que deverá entrar pela madrugada. Parlamentares do PSB, DEM, PSDB, Psol e PPS tentaram obstruir a votação com requerimento de emendas e recursos diversos, posteriormente rejeitados.




- Em Sessão Tumultuada, Câmara Aprova Texto-base De Mp Do Ajuste
 Medida torna mais rigorosas as regras de acesso ao seguro-desemprego. Sessão teve tumulto entre deputados e 'dólares' jogados por sindicalistas.Nathalia Passarinho e Laís Alegretti Do...

- Violência Contra Mulher, Não!
Por Jandira Feghali Em um episódio lamentável vemos, na semana em que comemoramos o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, a impunidade prevalecer na Câmara dos Deputados. Foi proposto o arquivamento, sob a relatoria do deputado...

- Líder Da Bancada Da Bala é Bandido?
Por Altamiro Borges O demo Alberto Fraga é o líder da bancada da bala na Câmara dos Deputados. Ele foi o mais votado no Distrito Federal com base num discurso de "justiceiro", que mata bandidos e persegue corruptos. Pura demagogia de um notório populista...

- Dilma Defende Jandira E Ataca Machismo
Da revista Fórum: A presidenta Dilma Rousseff manifestou solidariedade à deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), que foi alvo de agressões dos também deputados Alberto Fraga (DEM-DF) e Roberto Freire (PPS-SP). Nas redes sociais, Dilma criticou...

- Oposição Estimula Tumulto No Congresso
Do site Vermelho: A oposição fez escudo humano para facilitar a ação dos manifestantes direitistas que xingavam os parlamentares da base aliada e tumultuaram a sessão no Plenário da Câmara, na noite desta terça-feira (2), quando estava sendo...



Geral








.