Nesta quarta-feira (2), os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) protocolaram no Ministério Público Federal um pedido para que sejam feitas diversas investigações sobre as conexões entre a Rede Globo, a FIFA, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e offshores do Panamá que teriam sido utilizadas para cometer crimes contra o sistema financeiro, a ordem tributária e a administração pública. O documento é subscrito por cerca de mais 30 parlamentares.
Segundo os parlamentares, “há fortes indícios da prática de crimes como organização criminosa (Lei n° 12.850/2013), “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores (Lei n° 9.613/1998), sonegação fiscal (Lei nº 4.729/1965), além de outras ações criminosas contra a administração pública (Título IX, Código Penal), contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/1986) e contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/1990)”.
Na representação encaminhada ao MPF, Pimenta e Wadih Damous pedem que sejam investigadas e esclarecidas, entre outros, “a existência de eventuais bens da família Marinho em situação ilícita de ocultação patrimonial; as atividades das offshores vinculadas ao grupo Globo; e as relações entre a Globo, suas respectivas empresas e offshores e a FIFA”. As offshores aparecem como proprietárias de uma mansão da família Marinho, construída ilegalmente em área de proteção ambiental na ilha de Paraty (RJ) e de um helicóptero também usado pela família Marinho, dona da Rede Globo.
Os parlamentares cobram esclarecimentos também quanto ao uso de uma empresa, a Brasif, utilizada por FHC para enviar 100 mil dólares a jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-Presidente tucano tem um filho. Miriam Dutra trabalhou para a Globo por 25 anos. Recentemente, Miriam contou que foi “exilada” na Europa pela Globo na década de 1990 para não prejudicar a imagem de FHC que seria candidato à presidência da República. Na época, FHC era casado com Ruth Cardoso.
A Brasif teria sido proprietária da Eurotrade Ltd, com sede nas Ilhas Cayman. A Eurotrade Ltd. firmou, em 2002, contrato com a jornalista Miriam Dutra, como ela mesma afirmou à “Folha de São Paulo”, e como admitido em nota pela própria Brasif. Segundo declarou Miriam Dutra à “Folha”, FHC usou essa empresa para “bancá-la no exterior”. A Brasif teria sido beneficiada em licitações durante o governo FHC. Também existem indícios que a Brasif tenha operações relacionadas às mesmas offshores de origem panamenha.
Em outra entrevista, Miriam disse que o diretor de jornalismo da Globo Alberico de Souza Cruz a “ajudou a sair do Brasil”. Ela sugere que Alberico ganhou concessão de TV em Minas Gerais como retribuição a esse favor que fez a FHC. Miriam também contou que uma forma de retribuição do governo FHC à Globo por seu “exílio” na Europa foram os muitos financiamentos a juros baixos concedidos à emissora via BNDES. Essa relação entre Globo e BDNES também foi incluída pelos deputados petistas no pedido de investigação ao MPF.
Na semana passada, o deputado Pimenta apresentou à imprensa um organograma demonstrando as conexões entre offshores/Globo/FHC e solicitou apuração por parte do Ministério da Justiça. Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal para investigar.
Acesse aqui a representação na íntegra: REPRESENTAÇÃO PGR