Quatro dias após a reeleição de Dilma Rousseff, o PSDB levou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedido de “auditoria especial” no resultado da eleição presidencial. A ação foi assinada pelo “coordenador jurídico” do partido, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
O PSDB pediu ao TSE que fosse criada uma “comissão formada por técnicos indicados pelos partidos políticos para fiscalização dos sistemas de todo o sistema eleitoral”.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, analisou o pedido do PSDB e, na segunda-feira (3), enviou ao Tribunal Superior Eleitoral um parecer contrário à realização de uma auditoria no resultado da eleição presidencial. E afirmou que o pedido poderia “comprometer a credibilidade da Justiça Eleitoral” e acusou o PSDB de “imprudência”.
No mesmo dia, o TSE divulgou nota dizendo que iria responder “oportunamente” a consulta do partido. E, na última terça-feira (4), em consonância com o PGR, negou o pedido tucano. A Corte Eleitoral recusou a formação de uma comissão de partidos. Contudo, permitiu que o PSDB tenha acesso aos dados solicitados.
No fim da tarde da mesma terça-feira 4, o portal UOL, entre outros, deu a notícia da forma correta. O PSDB, além de perder a eleição, também fracassou em envolver o TSE em sua tentativa de pôr em dúvida a lisura do processo eleitoral.
Abaixo, a manchete na Home do UOL ao fim da tarde de terça feira.
Em seguida, a reportagem a que a manchete remetia.
Então ficamos assim: o PSDB pediu ao TSE que fizesse uma enorme celeuma, envolvendo todos os partidos políticos ao criar uma “comissão especial” para fiscalizar a eleição em segundo turno para presidente, na qual o partido foi derrotado.
Se o PSDB tivesse tido êxito, isso renderia uma enormidade de matérias na imprensa. Haveria cobertura da formação da “comissão suprapartidária”, discussão sobre os nomes indicados pelos partidos, cobertura jornalística da posse dos membros da comissão, colheita de declarações dos representantes dos partidos durante a auditoria etc., etc., etc.
O TSE e o PGR deram uma banana para o PSDB. A Corte Eleitoral respondeu ao partido que, se quiser, pode até fiscalizar os dados – em nenhum país democrático seria vetado aos derrotados em uma eleição que tivessem acesso aos arquivos daquela eleição.
Esse fato político viraria celeuma se tivesse sido fermentado pelo TSE, mas como o resultado não foi o que o Grupo Folha queria a notícia foi jogada para baixo do tapete.
Na edição do dia seguinte (5) da Folha de São Paulo, a derrota tucana não apenas foi transformada em vitória como, talvez por isso, foi escondida, sem destaque na primeira página, como ocorreria caso a Justiça Eleitoral tivesse autorizado um circo em torno da lisura do processo eleitoral.
Leia, abaixo, como a Folha tratou a notícia que outro braço do grupo Folha, o UOL, tratara de forma correta horas antes.
Veja bem, leitor: “Os deputados tucanos comemoraram”. Mas comemoraram o quê? A derrota do pedido de formação de uma comissão de partidos para auditar a eleição presidencial? Comemoraram a frustração do circo que tentaram armar? Na Folha, sim. Na vida real, não.
Os tucanos perderam, mas a Folha os transformou em vencedores. E depois a mídia diz que os blogs é que são “sujos”.