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Desatando o nó - HENRIQUE MEIRELLES
FOLHA DE SP - 23/02
Para administrar com sucesso uma organização atualmente --no setor público ou privado--, é necessário conhecimento preciso dos ambientes interno e externo.
O Brasil precisa aumentar muito o nível de investimento na economia, particularmente em produtividade e infraestrutura. Essas deficiências de oferta são também grandes oportunidades.
A boa notícia é que existem recursos disponíveis no mundo. A má notícia é que, com a recuperação de Estados Unidos e Europa, há cada vez mais projetos atraentes competindo pelos investimentos.
Temos vantagens competitivas que, bem usadas, podem gerar boom de investimentos no Brasil nos próximos anos. Para formular políticas nesse sentido, é preciso não só entender o que viabiliza os investimentos diretos das empresas, mas também entender os fluxos de capital e seus administradores.
Esse mercado não é feito só de grandes investidores ou bancos. Lembro-me de uma manifestação furiosa na Itália, pouco depois do calote argentino, na qual um grupo grande de pessoas protestava di-ante de um banco que tinha lhes vendido papéis daquele país. Eram todos de classe média, muito diferentes da imagem de tubarões do mercado internacional.
A realidade do mercado, portanto, difere bastante da visão de alguns. Ele é formado por milhões de investidores no mundo inteiro que aplicam numa variedade de fundos geridos por profissionais com a responsabilidade fiduciária de cuidar bem dos recursos e a obrigação de analisar e escolher os investimentos com melhores riscos e retorno.
Existem grandes investidores? Sim. Mas eles operam em parâmetros muito similares aos dos pequenos. Um dos grandes investidores do mercado mundial, por exemplo, é o Banco Central do Brasil, gestor das reservas internacionais do país. Imagine se os funcionários encarregados da sua gestão resolvessem ser "bonzinhos" e ajudar nações amigas, comprando títulos de países em dificuldades. Os prejuízos seriam, em última análise, pagos pela população brasileira.
Felizmente, esse não é o caso. O Banco Central do Brasil tem critérios extremamente rigorosos na análise de crédito, com uma carteira de papéis de primeira qualidade dos governos de maior solidez e capacidade de pagamento.
A expansão impressionante do mercado de consumo brasileiro não tem sido acompanhada nos últimos anos de crescimento compatível do investimento em produtividade e infraestrutura. Esse é o nó górdio do nosso desenvolvimento. Para desatá-lo, é preciso conhecer e usar os mercados. E formular políticas que gerem risco e retorno que viabilizem investimentos.
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