Dilma, seu palco é Davos - CLÓVIS ROSSI
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Dilma, seu palco é Davos - CLÓVIS ROSSI


FOLHA DE SP - 07/11

Para acalmar os mercados, o ideal é apresentar-se no congresso em que eles se concentram em massa


Cara presidente, ouso sugerir que assuma você mesma a defesa da política fiscal, em vez de delegar a seus ministros. E faça-o no mais luminoso dos palcos para atingir os agentes de mercado, que é o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, aquela reunião de todo janeiro em Davos, aos pés da "montanha mágica" do livro de Thomas Mann.

Lá, você encontrará todo o mundo que conta no empresariado global, da economia real à "pátria financeira", da Toyota à JP Morgan, da Coca-Cola ao Citigroup, do Itaú à Petrobras. É, portanto, o público ideal para transmitir uma mensagem tranquilizadora.

Não ouça os pragmáticos que dirão que falar não basta, é preciso também fazer. Eles até têm razão em parte. Mas falar é igualmente importante. Cito um exemplo definitivo: Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, pôs fim à especulação contra o euro com uma simples frase, a de que faria o diabo para assegurar a sobrevivência da moeda europeia, então sob desconfiança ainda mais forte do que a que hoje cerca o real.

A partir de seu pronunciamento, sem que ele tivesse que utilizar qualquer outra arma de seu arsenal, o euro foi se estabilizando e, hoje, ninguém mais fala em seu colapso.

Pergunte ao seu conselheiro favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre Davos. Ele se encantou quando lá esteve, apenas 20 dias depois de assumir a Presidência.

Encantou-se e encantou, por mais que a desconfiança à época fosse tão brava que os juros tiveram que ser elevados para inacreditáveis 26,5% (estavam em 25% quando ele assumiu, lembra-se?) para evitar que a inflação chegasse aos dois dígitos e, a partir daí, ficasse incontrolável.

Claro que não foi só a presença de Lula em Davos que fez acalmar os mercados. Mas que ajuda, ajuda. Empresário, como você já sabe bem, adora proximidade com governantes. Nem precisa ser um governante no qual eles tenham votado. Basta que lhes dê atenção, ainda que protocolar.

Exemplo: Luiz Fernando Furlan votou em José Serra em 2002, mas, como ministro de Lula, adorava andar com ele para cima e para baixo, inclusive em Davos.

George Soros, o megainvestidor (ou especulador, você escolhe), também gostou de Lula, apesar de, meses antes, ter me dito que ou o Brasil votava Serra ou seria o caos.

Antecipo o que você encontraria em Davos: uma sessão só para você, apresentada por Klaus Schwab, o inventor do Fórum Econômico Mundial, que lhe fará uma apresentação tão elogiosa que nem seu marqueteiro conseguirá igualar.

Você faz o que eles chamam por lá de "keynote speech" (falação livre, em português de botequim), seguem-se perguntas que mais levantam a bola do que incomodam e termina tudo com aplausos.

Ah, nem precisa se preocupar em rechear sua fala com estatísticas, embora as tenha até de memória. Basta pedir ao João Santana, seu marqueteiro, para produzir, à la Mario Draghi, uma frase de efeito sobre a sacralidade de manter um superávit fiscal suficiente para não levar a aumento da relação dívida/PIB. Pronto. Aplausos.




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