Do Dayane Santos, no site Vermelho:Em coletiva de imprensa promovida pela Agência Sindical e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, realizada nesta quarta-feira (6), o analista político e diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz (Toninho), fez um balanço das conquistas sindicais e trabalhistas dos últimos 12 anos e analisou o perfil dos candidatos e seu alinhamento com os interesses dos trabalhadores.
“As conquistas políticas, sindicais e trabalhistas dos últimos anos começaram a partir do segundo ano do governo Lula, quando houve um alinhamento da equipe econômica ao setor produtivo fazendo com que o governo tivesse uma margem para investimentos, principalmente sociais, e gerando emprego”, afirmou Toninho, destacando que no governo FHC e nos dois primeiros anos do governo Lula, a equipe econômica se dedicou a pagar os juros da dívida, ou seja, manter o sistema financeiro internacional.
“Se olharmos quem assessora os candidatos à presidência, vemos que Aécio, por exemplo, tem como principal conselheiro o Armínio Fraga, aliado e cria do sistema financeiro. Portanto, a margem que teremos para investimentos sociais, caso Aécio seja eleito, é zero”, enfatizou.
Ainda sobre a questão econômica, Queiroz falou do “terrorismo inflacionário” feito pela oposição que tem contado com o apoio da grande mídia. “Vão errar feio. A inflação está controlada. O período é de aquecimento da economia e os investimentos internacionais continuam”, enfatizou.
Segundo ele, esse terrorismo é resultado de uma medida da presidente Dilma que resultou na redução das tarifas públicas. “As forças conservadoras desse país querem tirar a presidente Dilma porque ela usou um mecanismo do sistema financeiro e reduziu a taxa de retorno de lucro das termoelétricas criando um mal-estar entre as concessionárias do setor, que, por sua vez, se aliaram ao sistema financeiro e a grande imprensa para desqualificar o governo“, disse.
E completa: “A inflação vai descontrolar se o governo zerar a defasagem das tarifas públicas de uma vez. Se fizer de forma gradual, isso não vai acontecer”, ressaltou.
Enfrentar a criseQueiroz lembrou que o governo Dilma enfrentou a crise internacional sem sacrificar os trabalhadores. “Sempre que há uma situação de crise há dois tipos de receita: fazer um ajuste fiscal drástico com redução dos investimentos sociais, do emprego, dos salários e retirada de direitos; ou a chamada medidas anticíclicas, adotada por Dilma, com ampliação dos programas sociais, promoção dos incentivos financeiros a setores da economia que gerem empregos. O simples fato de um governante decidir por um lado ou outro mostra se está do lado do povo ou não”.
Comparando com AécioToninho afirma que o momento é de analisar como esses candidatos se comportariam e qual dessas alternativas os atuais candidatos optariam, caso estivessem no lugar de Dilma. “Armínio Fraga [assessor de Aécio] não esconde que quer o fim da indexação do salário mínimo, por exemplo, que tem garantido aumento real com a reposição da inflação. Milhares de trabalhadores, aposentados e pensionistas que ganham salário mínimo ficarão na dependência da vontade do governo para ter aumento. Se tiver num momento econômico bom, terão. Caso contrário, não”, enfatiza.
Congresso NacionalDependendo do cenário, a agenda trabalhista e sindical também ficaria comprometida no Congresso Nacional. Segundo o analista, a bancada trabalhista, na melhor das hipóteses, ficará com o mesmo número de parlamentares que tem hoje. “Tem projeto de tudo quanto é gosto para prejudicar os trabalhadores. Se não houver base social, mesmo no governo Dilma a possibilidade de resistência será menor", disse ele, destacando que a correlação de forças dentro do Congresso é desfavorável aos trabalhadores. Hoje, são 273 empresários contra 91 ligados aos trabalhadores.
No entanto, Toninho disse que apesar dessa dificuldade, o governo federal foi fundamental para impedir a aprovação de projetos que prejudicasse os trabalhadores. “Lula vetou a emenda 3, que pejotizava o trabalhadores e retirou o projeto de flexibilização das leis trabalhistas enciado pelo governo FHC. No governo Dilma foram criados dispositivos para barrar uma série de projetos que precarizavam os direitos. Sem o governo federal isso não seria possível por conta do número majoritário da bancada empresarial”.
Redução da jornadaToninho considera que uma das principais reivindicações das centrais sindicais, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, sem redução dos salários, tem mais possibilidade de ser aprovada com Dilma. No entanto, afirma que será uma “redução gradual” e vai exigir muita articulação do movimento sindical. “Com a correlação de forças que existe no Parlamento, nenhum governante conseguirá fazer de uma só vez", destaca ele, finalizando que com Aécio essa possibilidade é "zero".
Grande imprensaQueiroz alertou sobre a campanha da grande mídia que tem levado a “descrença generalizada" nas instituições. “Isso é trágico, porque não há solução para os problemas fora da política. Você desqualifica a política para qualificar o mercado. A política está sendo apropriada pelo mercado. Esse financiamento de campanha é uma temeridade”, apontou.
PresençasO evento contou com a presença de cerca de 50 pessoas, entre dirigentes, jornalistas da imprensa sindical, blogs, sites e diversos veículos da mídia independente.
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