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Roberto Stuckert Filho/PR |
Por Altamiro Borges
As pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas na semana passada conflagraram ainda mais o ninho tucano, bagunçaram os cálculos de setores governistas que já ameaçavam promover dissidências e encheram de otimismo os mais chegados ao Palácio do Planalto. Não é para menos. Elas dão folgada vantagem para Dilma Rousseff. Alguns até já falam que ela poderá ser reeleita no primeiro turno em outubro de 2014. Mas é bom ficar esperto. A campanha nem começou e muita água ainda vai rolar embaixo da ponte.
Segundo o Datafolha, Dilma Rousseff surge com 58% das intenções de voto; Marina Silva, que tenta lançar sua Rede, tem 16% das preferências; Aécio Neves, cambaleante presidenciável tucano, soma apenas 10%; e Eduardo Campos, presidente do PSB que ainda não confirmou sua postulação, tem 6% das intenções de voto. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Aécio e Campos estão tecnicamente empatados – o que atiça ainda mais as bicadas no ninho tucano.
Potencial de votos dos candidatos
Com relação à pesquisa anterior do Datafolha, de dezembro passado, Dilma cresceu quatro pontos; os demais candidatos oscilaram na margem de erro. Para a mídia tucana, que nos últimos dias deu forte projeção ao governador de Pernambuco com o intento de rachar a base governista, a pesquisa trouxe outras frustrações. No Nordeste, a sua principal base eleitoral, Eduardo Campos atinge apenas 11% das intenções de voto, enquanto a atual presidenta dispara com 64% das preferências.
Já segundo o Ibope, que usou uma metodologia diferente na sondagem, o cenário é ainda mais complicado para a oposição. Somando os eleitores que votarão em Dilma com certeza mais os que podem votar nela, o seu potencial de votos atinge 76%, contra 20% que não votariam nela de jeito nenhum. Marina Silva fica praticamente zerada, com potencial de 40%, os mesmos 40% que não votariam nela de jeito nenhum. Já Aécio e Campos aparecem com saldo negativo entre o potencial de votos e a forte rejeição.
Razões da elevada popularidade
A pesquisa, porém, é apenas uma fotografia do momento, como gostam de afirmar os mais cautelosos. O próprio Datafolha indica que a elevada popularidade da presidenta decorre da sensação de bem-estar da sociedade com os rumos da economia, em especial com a queda do desemprego e o aumento da renda e do consumo. O fraco desempenho do PIB em 2012 não afetou sua imagem. As recentes medidas de cortes dos juros, redução das contas de luz e desoneração da cesta básica ajudaram a manter sua alta intenção de votos.
Ocorre que a situação econômica do Brasil não é tranquila. Até agora, o país conteve os impactos mais destrutivos da crise capitalista mundial, mas ele não está imune aos seus efeitos prolongados. Por enquanto, 51% dos entrevistados acham que o país vai melhorar. Mas 31% já afirmam temer pelo aumento do desemprego. Qualquer solavanco maior na economia pode abalar os ânimos. A sensação de bem-estar, principalmente em função do consumismo, não garante maior nível de consciência política da sociedade.
A influência do aparato midiático
Além disso, não dá para menosprezar a capacidade das elites de criar factoides. A direita partidária hoje está em frangalhos, mas ela conta com um poderoso aparato midiático – que cumpre o papel de principal partido da oposição. Alguns, mais otimistas, afirmam que a mídia hoje já não exerce influência sobre a população. É bom lembrar que ela conseguiu forçar o segundo turno nas eleições de Lula e Dilma – neste sentido, vale a pena ler o livro recém-lançado “A ditadura continuada”, de Jakson Ferreira Alencar.
A embriaguez com as recentes pesquisas não ajuda em nada. Ela desarma as forças de esquerda para a estratégica batalha de 2014 e reforça as posições comodistas de setores do governo – que não adotam medidas mais ousadas no enfrentamento à crise do capitalismo e no combate aos monopólios midiáticos. De bajuladores, Brasília já está lotada. É preciso alertar a sociedade para os riscos do futuro.
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