DILMA É UM POSTE? É NOSSA ELITE QUE NÃO SAI DO LUGAR
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DILMA É UM POSTE? É NOSSA ELITE QUE NÃO SAI DO LUGAR


No blog do Augusto Nunes, aquele que deturpa comentários de seus leitores, um tal de Celso Arnaldo escreveu um texto de um elitismo atroz. Começa assim:
Deslocada e patética até num encontro de garis (licença, Boris), por sua ignorância genérica e a incapacidade de articular qualquer pensamento, Dilma Rousseff na Europa é uma caricatura que diverte, mas envergonha o Brasil.
Continua assim: “Nossa Zelig é uma jeca com nível intelectual de copeira da Casa Civil, que não conhece sequer os códigos da faixa de pedestre e que evidentemente desconhece rudimentos da cultura europeia ou de qualquer forma de cultura ─ embora sua assessoria tenha se apressado em divulgar que, depois do encontro com Sarkozy, a candidata foi a um museu: aposto meus três álbuns de figurinha completos da Copa 2010 que ela não sabe nem o nome do museu que visitou nem é capaz de lembrar e descrever qualquer obra que a tenha impressionado.
Se você não está com ânsia de vômito até agora, é porque seu estômago é acima de tudo um forte.
Mas só mais um pouquinho, pra estragar de vez o seu café da manhã: “Diante de um microfone, em qualquer lugar do mundo, o cérebro de Dilma produz pensamentos primitivos, expressos por uma combinação de palavras que desafia estudos de neurolinguística em aborígenes australianos.
E aí ele parte pra declaração de Dilma de que só dá entrevista aos jornalistas uma vez por dia, que os machistas de plantão interpretaram como “Só dou uma vez por dia”. Porque eles ainda acreditam que mulher dá, e que uma candidata mulher deve sempre ser analisada pelo ângulo sexual.
Olha só, gente, isso é textual: copeiras e garis são seres sem nível intelectual, tão baixos na pirâmide social (Boris, você é dos nossos!) que até a Dilma os envergonharia. Que mais? Cultura é algo que só existe na Europa, já que a cultura que todo e qualquer povo produz e vive não é a “cultura culta” - esta só se encontra nos museus. E, pra finalizar, pobres, mulheres e aborígenes em geral são seres primitivos e incompreensíveis, que nem a cultura superior – a neurolinguística – é capaz de decifrar.
Aí nos comentários (que são moderados, vale dizer. Ou seja, críticas ao autor são ceifadas) um leitor entra na brincadeira (tudo sic): “Então a candidata Dilma só quer dar uma vez ao dia ? Infelizmente, como é do conhecimento generalizado, as mulheres brasileiras na Europa tem fama de estar ligadas à prostituição. É uma fama que se traduz em algumas realidades também. É um fato que se pode tentar lutar, tentar mudar, mas nunca se deve ignorar. Esta visita da cabeça de atum Dilma será que tem algo relacionado com essa fama ? Vem reenvidicar novos direitos para quem está exercendo a profissão ? Representa ela o sindicato do metier ?
Eles são tão respeitosos com as mulheres brasileiras, não? Um outro comentarista hilário aparece também: “Augusto a vida do poste melhorou. Veja a diferença entre as duas frases : 'Pois é, nem dado tenho' e 'Só dou uma vez por dia'. Pra quem ? A Erenice não ficou no Brasil ?
É impressionante. Esse tipo de texto não faz nem ruborizar a Veja? Ele deve ser parecido com o que panfletos neonazistas publicam na sua defesa da raça ariana pura.
Enquanto na Austrália o povo se arrepende do massacre histórico contra os aborígenes (lembra da Olimpíada de Sydney, em que uma atleta aborígene acendeu a tocha?), no Brasil a elite segue sempre com o mesmo discurso: pobres e negros (aborígenes são negros, pra começar) são primitivos, burros, e sem cultura, mulheres são seres desprovidos de cérebro (e prostitutas, a julgar pelos comentaristas), e nós, os homens brancos e bons, temos que voltar ao poder urgentemente pra colocar ordem nessa bagunça. Ah sim, e a única coisa positiva do Brasil é que aqui não somos racistas nem machistas e muito menos classistas. Estamos de braços abertos (modo de dizer; não cheguem tão perto, seus fedorentos) para receber vocês, criaturas eternamente subdesenvolvidas.




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