DIREITO DE SER FELIZ? TÁ MAIS PRA DEVER DE SER INFELIZ
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DIREITO DE SER FELIZ? TÁ MAIS PRA DEVER DE SER INFELIZ


No post que publiquei no sábado sobre a mulher do Pierce Brosnan, o primeiro comentário foi anônimo:

Interessante...então para a maioria das pessoas um homem (ou mulher) tem que deixar de amar o outro quando as formas físicas dela ficam diferente? Tem que esquecer a história de vida com a pessoa, os momentos maravilhosos que passaram juntos porque a fulana engordou, ou porque sofreu um acidente de carro e agora está com alguma sequela, porque ficou pobre, porque envelheceu. O amor e a vida a dois, quando são verdadeiros, não são essa banalidade que vemos na mídia e nas revistas de fofoca, vão além da imagem fisica. Já pararam para pensar que para [o Pierce Brosnan] tanto faz? Que ele vê beleza nela, que ele tem uma história de vida com ela, e que um homem tem o direito de ter tesão pela mulher dele. No mais, o problema é exclusivamente dele e da mulher dele, se ela engordou, se ele envelheceu... são processos na
turais da vida. Gordo tem direito de ser feliz, deficiente físico tem direito de ser feliz, pobre tem direito de ser feliz, velho tem direito de ser feliz.


Anônimo (assine o seu nome embaixo da próxima vez, mesmo que você não esteja cadastrada no Google – você não tem nada que esconder, certo?), bom, essa gigante intelectual que é a Deborah Secco disse outro dia que, se a mulher engordar, o casamento acaba. Ponto final. E muita, muita gente concorda com ela. As pessoas exigem que uma mulher, aos 50, seja idêntica ao que ela era aos 25. É só querer! É como dizem vários comentari
stas dos sites que citei – o dinheiro pode tudo, até parar os efeitos (naturais) do tempo. Poucos apontam que talvez a gente precise de um outro paradigma, como abrir a cabeça e começar a ver beleza em pessoas de todos os tipos e idades, não apenas nas jovens e magras. Por que nossa cabeça está tão determinada a equiparar gordura e velhice com feiúra? Por que, se uma mulher envelhece, a gente já diz que ela está acabada? Acabada em que sentido? Pra quê? Pra ser objeto sexual, pra ser mãe? Pra essas coisas que se esperam de toda mulher?

Sofremos lavagem cerebral desde a mais tenra infância. Todo mundo diz que velhos e gordos são feios. Os pais apontam pra um gordo e dizem pro filhinho: se você não se cuidar, vai ficar assim. Pras meninas é pior, já que essa frase geralmente é seguida por “e ninguém vai gostar de você”. Você não vai casar. Vai ficar pra titia. Cenários de pesadelo pra uma mulher, porque a nossa felicidade está condicionada a ser desejada pelos homens. Na mídia, vemos apenas imagens de pessoas “perfeitas”, “ideais”. E acreditamos que é só consumir pra ficar igualzinhas a elas.
É aceitável que um homem envelheça (pra astros de cinema complica, mas ainda assim o Sean Connery e o Anthony Hopkins conseguem ter emprego depois dos 70, o que não acontece com as estrelas). Primeiro porque, em geral, nós mulheres não escolhemos necessariamente um homem por ele ser bonito. O padrão de beleza pra eles é bem mais difuso e flexível. E, segundo, porque os homens são avaliados por outros critérios, fora a beleza. Mas nós, mulheres, continuamos, em pleno século 21, sendo avaliadas apenas pela nossa aparência. E, se o padrão de beleza exige mulheres
magras e eternamente jovens, basta engordar/envelhecer pra ficar fora dele. Não importa o quão bem-sucedidas possamos ser em outras áreas, é só a aparência que vai contar. E essa ditadura é detestável. Ser feminista é também lutar contra essas imposições (e aí um círculo se fecha: podemos entender perfeitamente por que a Deborah Secco se declara anti-feminista. Seria ruim pra ela se as mulheres fossem julgadas por outros talentos que não se resumissem à aparência).

Agora, sobre o direito de ser feliz... Acho que a maior parte das pessoas concorda que deficientes físicos têm, sim, direito à felicidade. Isso porque não há cura pra deficiências. Uma pessoa em cadeira de rodas não vai sair dela; um cego não vai milagrosamente passar a ver, a menos que seja fiel de uma igreja evangélica. Porém, no mundo capitalista em que vivemos, direitos estão diretamente relacionados a gastos. Portanto, um gordo (e, pior ainda, uma gorda) não tem direito de ser feliz, já que ele não se esforça/gasta pra ser magro. Ele só é gordo porque quer (porque, obviamente, todo gordo adora ser gordo). Uma velha não tem direito de ser feliz – por que, afinal, ela se deixou envelhecer? Com cremes e cirurgias, ela podia aparentar ser jovem por mais tempo. Um pobre não tem direito de ser feliz, porque pobre só é pobre por não se esforçar o suficiente, provavelmente por não gostar de trabalhar. Vivemos numa sociedade em que só é pobre, feio, velho, e gordo quem quer. Pra todos os outros existe Mastercard.




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