Divórcios na indústria - VINICIUS TORRES FREIRE
Geral

Divórcios na indústria - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 15/12

Parte do setor pede abertura comercial; outra, mais imposto de importação e reserva de mercado


UMA PARTE da indústria começou nos últimos meses a dizer com insistência que o Brasil deve abrir mais sua economia para o comércio mundial. Deveríamos retomar negociações com os EUA, acelerar a negociação com a União Europeia etc.

Faz dez dias, porém, umas duas dúzias de associações industriais foram ao Ministério da Fazenda pedir o seguinte:

1) Mais imposto de importação sobre produtos industriais;

2) Um programa que obrigue empresas das grandes obras de infraestrutura a reservar parte de suas compras de matérias-primas e máquinas para produtos nacionais (tal como a Petrobras já é obrigada a fazer);

3) Um aperto na fiscalização de importações subfaturadas, trazidas em geral de China e vizinhança.

A campanha pela negociação de tratados de comércio mais ou menos livre é da Confederação Nacional da Indústria. A CNI passou a fazer pressão sobre o governo, neste ano em particular. Tem feito lobby nos EUA. Financia e alardeia estudos sobre os benefícios do comércio (mais) livre.

O pessoal da CNI está preocupado com o fato de que as economias centrais do planeta (e os periféricos anexos mais liberais) negociam tratados que vão deixar o Brasil de fora da rede mundial de comércio de partes e de montagem de produtos industriais, entre outros problemas.

É evidente que a indústria está dividida em pelo menos dois partidos, digamos assim.

O pessoal que quer mais abertura comercial não aparece muito. Isto é, setores mais interessados em menos impostos de importação e outras proteções ainda preferem não se identificar no palco desse debate. De resto, têm de lidar com um governo protecionista.

O pessoal que está mais preocupado com a contínua invasão chinesa é o da indústria química, petroquímica, siderúrgica, máquinas, eletroeletrônicos, os que utilizam mais mão de obra (têxteis, calçados), entre os mais vocais.

Além de pedir o encarecimento ainda maior de produtos importados e criar reservas de mercado para produtos nacionais, alguns setores empresariais mais extremados, digamos, reclamam até do modestíssimo aumento da taxa de juros do BNDES.

Na semana que passou, o governo anunciou aumentos das taxas de juros das várias modalidades do Programa de Sustentação do Investimento (o PSI).

A maioria das taxas continua abaixo de zero ou quase isso, em termos reais. Isto é, o juro é menor que a inflação. Na prática, o governo dá algum dinheiro para os empresários.

Está certo que o custo das empresas cresce bem, dada a nossa inflação relativamente mais alta (devido a nossos salários em alta, basicamente). É verdade que os impostos são altos (mas não aumentavam desde meados da década passada e, faz dois anos, caem para muita empresa). O câmbio estava hipervalorizado ("dólar barato", o que encarece nossos produtos), mas melhorou nos anos Dilma Rousseff. Sim, há "dumping". Sim, a infraestrutura ficou ainda pior.

Enfim, mesmo com tudo isso muita empresa exporta, e exporta até bens de alta complexidade.

Está ficando evidente que partes da indústria estão tomando rumos diferentes em termos de competitividade "real", preferências de integração mundial e ação política. Vai ser difícil contentar todas as partes.




- Fraqueza Industrial - Miriam LeitÃo
O GLOBO - 17/01 O economista Regis Bonelli acha que fazer a conta da balança comercial por setor dá uma visão distorcida da economia, mas, às vezes, é ilustrativo. O déficit comercial da indústria saltou de US$ 9 bilhões, em 2007, para US$ 105...

- Carroças E O Bonde Que Não Anda - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 17/12 Tentativa de abrir o comércio com Argentina fez 23 anos; negociação com União Europeia vai debutar UMA DAS novidades do ano foi a indústria relançar, de modo turbinado, uma campanha de abertura comercial. Isto é, de redução...

- Importar é O Que Exporta - Mauricio CanÊdo Pinheiro
O GLOBO - 18/11 Em todas as comparações internacionais, o Brasil se destaca como uma das economias mais fechadas do mundo. Isso significa que indivíduos e empresas têm limitadas opções de fornecedores. Para bens de consumo final, esse fato se traduz...

- Protecionismo Arraigado - Marcelo De Paiva Abreu
O Estado de S.Paulo - 21/08 Depois de adotar medidas que aumentaram a proteção à indústria, com destaque para o Inovar Auto, o governo agora parece ter começado a perceber as limitações de tal estratégia. É o que sugere a decisão de não renovar...

- Seu Bolso: Governo Reduz Imposto De Quase 300 Itens Não Fabricados No Brasil
O imposto de importação de quase 300 bens de capital (máquinas e equipamentos industriais) e bens de informática e telecomunicações que não são produzidos no Brasil caiu para 2% até 31 de dezembro do ano que vem, informou nesta quarta-feira...



Geral








.