Dores olímpicas - EDITORIAL FOLHA DE SP
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Dores olímpicas - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 06/08


Encerrada a Copa do Mundo, o país enfrenta o desafio de organizar a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Embora a maior parcela de responsabilidade recaia sobre uma única cidade-sede, trata-se de uma empreitada nacional, que envolve a participação do governo federal e conta com financiamentos de bancos estatais.

A estimativa oficial, sujeita a alterações, é de um investimento de R$ 30,6 bilhões, dos quais R$ 14,6 bilhões viriam da iniciativa privada. A Copa saiu por R$ 26 bilhões.

Embora os organizadores não divulguem detalhes sobre a real participação do financiamento público --numa renitente demonstração de falta de transparência--, reportagem desta Folha revelou que a Caixa Econômica Federal está presente nos principais projetos classificados como privados pela APO (Autoridade Pública Olímpica).

Dos R$ 14,6 bilhões previstos, R$ 11 bilhões serão adiantados pela instituição governamental.

Não só pelo orçamento, a Olimpíada é um evento maior e mais complexo do que uma Copa do Mundo. Prevê-se a participação de 10,5 mil atletas, contra 736 do torneio futebolístico. Serão 28 modalidades em 37 arenas, com 7 milhões de ingressos à disposição.

Ainda que o balanço final da Copa, do ponto de vista logístico e esportivo, tenha sido favorável, convém evitar ufanismos e avaliações fantasiosas. Os preparativos para a competição ocorreram de maneira atribulada, em meio a crises, atrasos, denúncias de irregularidades e problemas de gestão.

Cinco dos 12 estádios foram entregues fora do prazo; só 88 das 167 obras prometidas puderam ser inauguradas a tempo; e existiram problemas graves de segurança.

É significativa, nesse sentido, a manifestação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que considerou a organização da Copa "uma jornada dolorosa", a ser evitada na Olimpíada.

O Rio, contudo, já sofre pressões do Comitê Olímpico Internacional, que manifestou preocupação com o andamento das obras nos equipamentos esportivos. O diretor-executivo da entidade, Gilbert Felli, afirmou em abril que a situação carioca era "muito séria".

Agora, em atitude diplomática, mas com uma ponta de ironia, diz que "os Jogos vão ser entregues, porque precisam ser". Ainda há tempo para superar os problemas e mostrar que o Rio e o Brasil estão preparados para patrocinar, sem sobressaltos, a maior festa do esporte mundial. Que não seja, como na Copa, um processo doloroso.




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