Geral
Economia brasileira se debilita com déficits gêmeos - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 05/11
O crescente desequilíbrio nas finanças públicas obriga o país a se financiar mais no exterior. Não é por acaso que a balança comercial apresenta fracos resultados
A teoria dos déficits gêmeos não é uma unanimidade entre os economistas, mas em países com o grau de desenvolvimento do Brasil o fenômeno tem se comprovado, na prática. Segundo essa teoria, o desequilíbrio das finanças públicas, dada a magnitude do Estado como agente econômico, provoca um déficit gêmeo nas contas externas.
Coincidência ou não, à medida que o superávit primário nas finanças governamentais foi minguando nos últimos anos, o déficit nas transações correntes (mercadorias e serviços) do balanço de pagamentos se ampliou, ultrapassando recentemente a casa de US$ 80 bilhões, o equivalente a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB). A ligação entre finanças públicas e contas externas se daria pela absorção de poupança doméstica para cobrir o rombo causado pelos gastos governamentais. A insuficiência de poupança interna forçaria a economia a se financiar mais no exterior. O tamanho do déficit nas transações correntes retrataria assim a dependência da economia brasileira à absorção de poupança externa.
Fatores específicos podem ter contribuído para alguns dos resultados negativos mensais da balança comercial. O crescimento da China está desacelerando, o que tem se refletido nos preços de produtos básicos que o Brasil exporta para lá, como o minério de ferro e a soja. A crise na Argentina, nosso principal parceiro comercial no Mercosul, causou uma considerável retração na exportação de produtos manufaturados brasileiros, especialmente automóveis. A longa estiagem que baixou o nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Nordeste fez com que as usinas térmicas operassem ininterruptamente a pleno vapor, aumentando as importações de gás e outros combustíveis. E etc.
Explicações não faltam para os fracos resultados da balança comercial ? o pior outubro em 16 anos, com um déficit de US$ 1,1 bilhão. Porém, o denominador comum de todos os problemas que a economia brasileira atualmente enfrenta é mesmo o desequilíbrio das finanças públicas. Dessa maneira, é no plano macroeconômico que o governo precisa agir mais, embora medidas pontuais também sejam necessárias ? dependência excessiva do Mercosul, infraestrutura precária etc. O item número um da agenda econômica do futuro mandato da presidente Dilma (se é que se deseja de fato derrubar a inflação e diminuir o grau de dependência na absorção de poupança externa) deveria ser o ajuste fiscal. Sem que as finanças públicas voltem a ficar em ordem, não se conseguirá resolver os demais problemas que hoje afligem a economia do país. Daí a ansiedade com que o mundo dos negócios e os diferentes mercados aguarda a revelação dos nomes que vão compor a nova equipe econômica do governo. Por esses nomes, teremos uma ideia do empenho e da importância que a presidente Dilma dará à busca de soluções de fato para as dificuldades econômicas do país.
-
Setor Público Ignora A Conjuntura Econômica - Editorial O Globo
O GLOBO - 01/08 O minguado superávit primário do primeiro semestre prejudica o combate à inflação e compromete a avaliação de risco da economia brasileira A equipe econômica deve mesmo acreditar no seu próprio discurso, achando que tudo continua...
-
Finanças Públicas Continuam Desajustadas - Editorial O Globo
O GLOBO - 06/07Ao gastar mais do que arrecada, o setor público põe lenha na fogueira da inflação. A alta de preços decorre de um desequilíbrio entre demanda e oferta de bens e serviços. É uma das leis básicas da economia. Não há outro agente...
-
É Essencial Voltar A Exportar Mais - Editorial O Globo
O GLOBO - 06/04 No primeiro trimestre deste ano o país teve um déficit da ordem de US$ 6 bilhões na balança comercial, contrariando as expectativas de recuperação As exportações brasileiras diminuíram no primeiro trimestre em relação ao mesmo...
-
Pisca Alerta - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 26/01 O Brasil não é a Argentina, mas não dá para afirmar que as contas externas estejam em bom estado. Os números de 2013 divulgados sexta-feira pelo Banco Central (BC) apontam para o contrário. O rombo em Transações Correntes,...
-
Contas Externas Dependem De Investimentos - Editorial O Globo
O GLOBO - 26/07 Ao longo da história, as crises mais sérias da economia brasileira tiveram origem em desequilíbrios no câmbio. Daí os governantes terem sido mais condescendentes com o fenômeno da inflação doméstica, porém não tanto quando no...
Geral