Eduardo Cunha quer pôr fogo no circo
Geral

Eduardo Cunha quer pôr fogo no circo


Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

"Está claro e nítido que o governo não tem base hoje", comemorou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao final desta quarta-feira quente em Brasília, que viveu mais um dia de boi-bumbá, com a bruxa correndo solta.

Na volta do recesso, depois de ser denunciado por um delator da Lava Jato de receber propina de 5 milhões de dólares, Cunha assumiu de vez o comando da oposição ao governo. A pauta-bomba por ele anunciada revelou-se claramente logo nos primeiros dias de agosto: tornar o país ingovernável e acelerar o processo de impeachment.

Agora há pouco, já na madrugada de quinta, a Câmara impôs mais uma severa derrota ao governo, na contramão da sua luta pelo ajuste fiscal, ao aprovar, por 445 votos a favor e 16 contra, a PEC que vincula o salário dos membros da Advocacia Geral da União (AGU) e demais carreiras jurídicas públicas aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Os reajustes variam de 34% a 59% e o salário inicial destas categorias passa para R$ 26 mil.

Apenas três parlamentares petistas votaram contra a matéria e 59 ajudaram a derrotar a posição do governo, entre eles o próprio líder da bancada, Sibá Machado. Pouco antes, os líderes do PDT e do PTB haviam anunciado o rompimento com a base aliada do governo.

Enquanto o piromaníaco Eduardo Cunha, completamente fora de qualquer controle, jogava mais gasolina na crise que arde em Brasília, e a oposição oficial sumia de cena, o vice-presidente da República e coordenador político do governo, Michel Temer, tentava reagir à aprovação de novas medidas com impacto fiscal na Câmara, pregando a união de todos, depois de passar o dia inteiro reunido com líderes dos partidos governistas e ministros.

Ao admitir pela primeira vez a gravidade das crises política e econômica, Temer defendeu que "alguém tenha a capacidade de reunificar a todos". Quem?

As posições opostas assumidas por Temer e Cunha mostram o tamanho da divisão do PMDB, que era o principal partido da base aliada, quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o segundo mandato faz apenas sete meses, com a maioria de 364 das 513 cadeiras, a bordo de 21 siglas. Na última votação, aumentando ainda mais as despesas que o governo queria cortar, sobravam apenas 16 fiéis.

Em outro front, o presidente do Senado, Renan Calheiros, também do PMDB, reuniu-se num jantar com os principais líderes do PSDB para discutir as consequências de um possível impeachment presidencial. Representantes dos dois partidos criticaram duramente a ofensiva de Cunha para apressar o processo com a tal pauta-bomba e sua bancada particular formada pelo baixo clero suprapartidário para sangrar as finanças públicas e a governabilidade.

Tudo isso aconteceu antes da divulgação da nova pesquisa Datafolha. Os números mostram a maior rejeição (71%) e a menor aprovação (9%) de um governo, desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1990. A avaliação do governo Dilma piorou em todas as regiões do país e faixas de idade.

Vida que segue.




- Governo Admite Perda De Controle - Igor Gielow
folha de sp - 05/08 Embora o Palácio do Planalto mantenha um ar de distanciamento que corresponde pouco com a realidade, três dos principais atores políticos do governo Dilma Rousseff foram a campo nesta quarta (5) admitir com franqueza o óbvio: é...

- Cunha Diz Que Temer Está Sendo Sabotado Pelo Pt
Dando mais um "recado" do tamanho da crise entre o PMDB e o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta quinta-feira, 2, publicamente que o vice-presidente Michel Temer deixe a articulação política do Palácio do Planalto...

- O Que Podemos Esperar Deste Ano Político?
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho: O ano político no Brasil deveria começar nesta Quarta-Feira de Cinzas, dia 10 de fevereiro, mas ficou para a semana que vem. Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, deu folga aos colegas, oficialmente,...

- Dilma Cresce; Temer, Cunha E Psdb Derretem
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho: De um dia para outro, mudou tudo de novo. Quinta-feira foi um divisor de águas na crise: as decisões do STF sobre o rito do impeachment e uma sequência de vitórias no Congresso Nacional deram um novo...

- Quem Vai Decidir O Futuro é O Stf
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho: Estava escrito. "Terceiro turno leva a luta política para os tribunais": este foi o título da coluna publicada aqui mesmo na quarta-feira passada, dia 7 de outubro. "E, no final, caberá ao Supremo Tribunal...



Geral








.