O "imortal" Merval Pereira nem disfarçou a sua tristeza no 'Jornal das Dez', da GloboNews, na noite desta quinta-feira (1). Para ele, que apostou todas suas fichas em Eduardo Cunha como peça decisiva para o impeachment de Dilma, "a situação do presidente da Câmara Federal é insustentável". Após a confirmação de que o lobista possui cinco contas em bancos da Suíça, que não foram declaradas à Justiça Eleitoral, parece que finalmente o gatuno subiu no telhado.
Até velhos compadres de Eduardo Cunha - há quem afirme que o "achacador" ajudou, financeiramente, a eleger uma bancada de mais de 100 deputados - já dão sinais de que jogarão fora o bagaço. É forte a tendência da sua cassação. Quanto à sua prisão, a medida tão aguardada ainda dependerá da seletiva Justiça brasileira. O ministro Gilmar Mendes, o seu parceiro de tantas conspirações golpistas, fará de tudo para evitar este desfecho traumático - nem que seja preciso disparar mais alguns
habeas corpus.
A notícia das cinco contas secretas caiu como uma bomba em Brasília. A suspeita já era antiga e até gerou bate-boca no Congresso Nacional. Questionado em março último, Eduardo Cunha jurou de pé junto que não possuía conta no exterior - o que complica ainda mais sua situação. Agora, é o próprio Ministério Público da Suíça que informou às autoridades brasileiras que encontrou cerca de US$ 5 milhões em contas de Eduardo Cunha, da mulher Cláudia Cruz e de uma de suas filhas.
O órgão chegou a estudar o pedido de extradição do lobista, o que foi negado pela Procuradoria-Geral da República: "O instituto da transferência é um procedimento de cooperação internacional, em que se assegura a continuidade da investigação ou processo ao se verificar a jurisdição mais adequada para a persecução penal", afirma nota do PGR divulgada nesta sexta-feira. O medo de ser preso talvez explique porque Eduardo Cunha cancelou na última hora uma viagem já programada para a Europa.
A descoberta das contas secretas desmascara de uma vez o falso moralista, que posava de paladino da ética para desgastar o governo Dilma e fortalecer suas negociatas de bastidor. Antes da revelação do Ministério Público da Suíça, Eduardo Cunha já tinha sido citado em cinco "delações premiadas" na midiática Operação Lava-Jato. Apesar das denúncias, a mídia oposicionista, principalmente a Rede Globo, fez de tudo para abafar os escândalos. Agora, porém, não dá para mais esconder. O "imortal" Merval Pereira deve estar, realmente, muito triste e abatido. Perdeu o seu "trunfo" em Brasília!
Alguns fatos constrangedores
- Em 12 de março deste ano, em depoimento à CPI da Petrobras, Eduardo Cunha negou possuir conta na Suíça. Na ocasião, ele foi questionado pelo deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) sobre a grana em paraísos fiscais. Cunha negou categoricamente: "Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu imposto de renda". E agora?
- Em sua declaração de renda entregue à Justiça Eleitoral em 2014, Eduardo Cunha informou ter um patrimônio de R$ 1,65 milhão, incluindo apenas uma conta no Itaú, com saldo de R$ 21.652,39. Por que o lobista não faz como o jogador Romário, acusado pela Veja, e vai à Suíça para desmentir a existência das contas secretas? Tem medo de ser preso?
- Em recente "delação premiada", João Augusto Rezende Henriques, preso na semana passada pela Polícia Federal sob a acusação de ser operador do PMDB, "confirmou ter feito depósito em conta na Suíça que seria repassado ao atual presidente da Câmara. O destinatário era o lobista Felipe Diniz, filho do falecido ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), ex-aliado do peemedebista", revelou a insuspeita revista "Época", da famiglia Marinho.
- Junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o peemedebista de ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propina por um contrato entre Petrobras e Samsung. Em documento de 85 páginas, ele denunciou Eduardo Cunha pelos crimes de "corrupção passiva e lavagem de dinheiro", com base na delação premiada do ex-consultor Júlio Camargo.
- Temendo ser cassado e preso, nos últimos dias Eduardo Cunha radicalizou ainda mais sua postura e entrou em choque frontal com o Senado. Ele boicotou importantes votações e afirmou que agilizaria a análise dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma. Sua valentia, porém, acabou gerando maior desgaste. Segundo a coluna Painel da Folha, "na reunião de líderes do Senado com Renan Calheiros, o presidente da Câmara foi chamado de 'sequestrador' e 'chantagista'".
- Parlamentares do PSDB e do DEM, que garantiram a blindagem de Eduardo Cunha com o objetivo de desgastar o governo Dilma, agora já ensaiam jogá-lo ao mar. "Se aparecer um extrato bancário, aí não tem o que fazer", afirma um grão-tucano. O cambaleante Aécio Neves, tão próximo do lobista, agora foge dos holofotes e curte sua ressaca. Paulinho da Força, que promoveu um ato de apoio ao presidente da Câmara, também sumiu. E Marta Suplicy, que pediu a benção de Eduardo Cunha para a sua filiação ao PMDB, já estuda um novo discurso sobre ética na política para enganar os incautos.
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- Aécio no lado errado da História. De novo!