Energia do erro - MARINA SILVA
Geral

Energia do erro - MARINA SILVA


FOLHA DE SP - 26/07

China e EUA, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa, divulgaram nas últimas semanas amplo plano de ação para reduzir suas emissões, incluindo aumento da eficiência energética, desenvolvimento de redes elétricas inteligentes e forte incentivo às fontes alternativas e renováveis.

Quase ao mesmo tempo, o Banco Europeu de Investimento decidiu não mais financiar usinas movidas a carvão. Os gigantes da poluição mundial começam a fazer inflexão na trajetória, para se alinhar na luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.

No Brasil, o avanço é o do retrocesso. O governo prepara-se para um leilão de energia daqui a um mês e inclui as termelétricas a carvão, agora não mais na condição de reservas acionadas em caso de emergência, mas como parte do que chama de energia de base no "planejamento estratégico".

As emissões de carbono diminuíram no Brasil nos últimos anos graças, exclusivamente, ao plano de combate ao desmatamento, que iniciamos há quase dez anos, e já dá sinais de esgotamento devido à má gestão, à falta de atenção às demandas da sociedade e dos movimentos socioambientais e aos retrocessos na mudança do Código Florestal.

Em todos os outros setores, a emissão de gases-estufa aumentou. No setor elétrico, atingiu 28 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano, um aumento de 132% em relação ao mesmo período de 2012, que já era maior que a do ano anterior.

No ano que vem, o Brasil sediará uma conferência internacional sobre adaptação às mudanças climáticas e poderá repetir o fiasco da Rio+20, com palavreado evasivo para esconder o retrocesso na prática.

Talvez os psicanalistas expliquem a resistência do governo a todas as alternativas para aproveitar com inteligência os abundantes recursos naturais e redirecionar o desenvolvimento do país para um padrão de baixo carbono, adaptado às novas condições globais.

Uma explicação puramente econômica não resiste à análise. O modelo atual acumula crises, agora com ameaças de retorno da inflação e do desemprego. A opção pelas termelétricas não ajuda nesse contexto, pois é mais cara que a eólica e não aponta para um posicionamento do país em relação às tendências tecnológicas.

Colocado em posição de liderança pela riqueza ambiental e pela diversidade criativa de seu povo, o Brasil recua e se coloca a reboque dos países que mais emitem gases-estufa, entregando-lhes a responsabilidade de encontrar soluções para uma crise que é de todos.

A produção de energia está submetida, hoje, a esse equívoco estratégico. Estamos comprometendo nosso futuro com opções energéticas do passado, em vez de abraçar as oportunidades e potenciais que temos pela frente.




- Energia No Brasil E No Mundo - JosÉ Goldemberg
O Estado de S.Paulo - 16/09 Poucos são os países no mundo autossuficientes na produção de energia. O Japão importa praticamente toda a energia que consome e até os Estados Unidos, com seu enorme território e seus recursos naturais, importam metade...

- O Esgotamento Do Modelo Energético Mundial - JosÉ Goldemberg
ESTADÃO - 15/07 Há uma forte analogia entre a inquietação da sociedade que se manifesta hoje nas ruas das cidades brasileiras, na Turquia e em outros países com o que está acontecendo na área de energia. Característica geral dessas manifestações...

- Energia Mais Suja E Cara - Tasso Azevedo
O GLOBO - 10/07 É um paradoxo a decisão da Empresa de Planejamento Energético e do MME de realizar leilão exclusivo para energia de termoelétricas Entre 2005 e 2010 houve uma enorme mudança no padrão de emissões de gases de efeito estufa no Brasil....

- Mundo Precisará De Us$ 10,5 Tri Para Limitar Emissões, Diz Agência
O mundo precisará investir US$ 10,5 trilhões no setor de energia entre 2010 e 2030 para atingir o objetivo de limitar as emissões globais de gases do efeito estufa e impedir um aumento das temperaturas mundiais em mais de 2ºC, segundo um relatório...

- Meta De Despoluição Do Brasil é A Mais Radical Entre Emergentes
O Brasil vai levar para a Conferência do Clima de Copenhague (Cop 15) o compromisso de reduzir suas emissões de gases que provocam o aquecimento global entre 36,1% e 38,9% em relação ao que o País emitiria em 2020 se nada fosse feito. Na prática,...



Geral








.