Entre o mar e a pedra - EDITORIAL O ESTADÃO
Geral

Entre o mar e a pedra - EDITORIAL O ESTADÃO


O ESTADO DE S. PAULO - 01/08
Para as relações da presidente Dilma Rousseff com a maioria governista no Congresso não fez diferença ela ter se humilhado ao dizer que a Lula não vai voltar porque ele não saiu", numa tentativa de esvaziar o movimento no PT pela candidatura do ex-presidente em 2014. A base aliada do Planalto, a começar dos caciques do PMDB, sabe que a vida com Lula era uma coisa e com Dilma, outra. Ela consegue a um só tempo ser avessa à política e negar autonomia a quem quer que tenha escolhido para fazer o que ela não gosta nem sabe. Some-se a isso a campanha sucessória antecipada por Lula também para neutralizar as pressões pela sua volta e a queda violenta da popularidade da apadrinhada, na esteira da inflação e dos protestos de junho, para completar o cenário de desafio à autoridade presidencial entre os partidos da sua vasta coalizão.

A obra não ficou pronta da noite para o dia. Segundo pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), divulgada pelo Valor, já no ano passado o apoio da base ao governo na Câmara dos Deputados, medido pela atitude de seus integrantes em relação aos projetos de interesse do Executivo, tinha sido o mais mirrado desde a ascensão do PT ao poder: ficou em 77,7% em 40 votações realizadas. Menos do que os 80% obtidos por Lula em 2005, sob o impacto da denúncia do mensalão. A erosão da liderança de Dilma se acentuou este ano. Computadas as 50 votações até 19 de julho, fecharam com o Planalto apenas 72% dos ditos aliados - e só 56% dos peemedebistas, Pode ficar pior. Eles se preparam para alvejar o governo logo na volta do recesso, semana

que vem, com armamento pesado. De um lado, com a derrubada de vetos presidenciais. De outro, com a aprovação de um projeto pesadelo para Dilma (e os futuros chefes de governo).

O principal veto na mira é o que invalidou o ato do Congresso que extiriguiu a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS, paga pelas empresas em casos de demissões sem justa causa. A presidente alega que o montante arrecadado a esse título -R$ 6,2 bilhões por ano - é indispensável ao Minha Casa, Minha Vida. Já o pesadelo é a proposta do presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Eduardo Alves, para tornar impositivo o cumprimento do Orçamento da União. Desde sempre, os governos desfrutam da liberdade de escolher quais dos gastos previstos serão efetivados a cada ano e quais ficarão para as calendas. O Orçamento impositivo é um disfarce para o

que os políticos realmente desejam: a execução mandatória das emendas parlamentares, cujo valor este ano alcança R$ 8,9 bilhões.

Graças a elas, os autores esperam fazer bonito nos seus redutos, embora as obras de varejo a que se refiram pouco ou nada tenham que ver com as prioridades da administração. Já os governantes se valem da promessa de liberação dos recursos para comprar votos no Congresso. Ou, como agora, para aquietar o surto autonomista dos partidos da base. Foi para isso que a presidente se reuniu na terça-feira com uma dezena de ministros, aos quais informou que liberará até o fim do ano, em três parcelas iguais, R$ 6 bilhões para tanto. A primeira era para ter saído em maio. Os ministros saíram do Alvorada com a incumbência adicional de trabalhar pela fidelidade dos partidos que os indicaram, nas votações em vias de começar.

Dilma está espremida entre o mar e a pedra. A crise das contas públicas a fez cortar há pouco R$ 10 bilhões do Orçamento na tentativa de acumular reservas equivalentes a 2,3% do PIB para pagar os juros da dívida este ano. (Nos 12 meses encerrados em junho, o resultado ficou em 2%.) Problema dela, dão de ombros os soi-disant aliados. O deles, tornado urgente pela antecipação da campanha, é "a sobrevivência política de cada um", confessa o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. Isso conta mais do que o destino de Dilma - e se busca, para a grande maioria, no varejo. O seu homólogo na Câmara, Eduardo Cunha, acha absurdo, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário entregar um trator na base de um deputado sem combinar com ele antes. "Isso agride o parlamentar", protesta. Lula o teria desagravado com um abraço e um cafezinho em palácio.




- Base De Dilma Se Esfarela - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 02/08 Um levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgado pelo jornal Valor mostra que, no primeiro semestre deste ano, os deputados seguiram os interesses do Planalto em apenas 54,5% das...

- Perseguidos Pelo Poder - JosÉ Roberto De Toledo
O Estado de S.Paulo - 17/03 Desde a redemocratização, o PMDB é governo, mesmo quando aparenta ser oposição. De José Sarney a Dilma Rousseff, todos os ocupantes do Palácio do Planalto tiveram ministros do PMDB. É uma perseguição. Os presidentes...

- Queda De Braço - Merval Pereira
O GLOBO - 11/12Em qualquer lugar do mundo, com exceção do Brasil e de alguns outros países com precário desenvolvimento institucional, o Orçamento tem que ser cumprido. Aqui, ele é quase uma ficção, chamado de "autorizativo", isto é, o Executivo...

- O Desconforto - Ilimar Franco
O GLOBO - 05/06 Os líderes do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), reagiram ao serem excluídos da reunião com a presidente Dilma. Eunício reclamou por telefone. Cunha esteve com Temer antes do encontro. Para amenizar,...

- Acorda Brasil: Enquanto Pessoas Morrem Em Filas De Hospitais Pelo País Por Falta De Verbas, Governo Dillma Rousseff Promove Neste Mês Uma Liberação Inédita De Verbas De Interesse Direto De Deputados E Senadores
Sob pressão dos partidos aliados e ameaça de derrotas no Congresso, o governo Dilma Rousseff promove neste mês uma liberação inédita de verbas de interesse direto de deputados e senadores.Apenas nos primeiros nove dias de agosto, as autorizações...



Geral








.