Geral
Equívocos da política energética - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 10/08
Muito antes de as chuvas rarearem, esvaziando os reservatórios e derrubando a produção de energia hidrelétrica no país, era notória a dificuldade de investir nesse setor no Brasil. Mesmo pequenas centrais hidrelétricas, as PCHs, podem levar 10 anos da fase de estudos à conclusão das obras.
A demora na análise de projetos, em especial em relação ao licenciamento ambiental, desestimula o investimento. E quem se aventura sabe que terá outros problemas pela frente, como os interesses estranhos à área energética contrabandeados para o meio pela mão forte do Estado - por exemplo, na administração dos preços, não a favor da oferta, mas com o fim único de controlar a inflação.
Assim vai rolando a bola de neve em que se transformou a crise de energia no país. Com a capacidade de investimento prejudicada e obrigado a evitar o racionamento, o setor teve de bancar o custo mais alto das termelétricas, que, além de mais caras, são poluidoras.
Pelo menos três efeitos colaterais logo se fizeram sentir: o endividamento das distribuidoras; a sobrecarga dos cofres públicos, chamados a socorrê-las com R$ 18,5 bilhões, até agora - sem contar R$ 17,8 bilhões em empréstimos contraídos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica; e a perda da qualidade da matriz energética, das mais limpas do mundo, contaminada pela emissão de gás carbônico, com o acionamento das usinas movidas a óleo combustível.
A esta altura, o somatório de adversidades lança dúvidas até sobre a suficiência do sistema interligado para garantir o abastecimento. O círculo vicioso poderia ter sido quebrado lá atrás, se, em vez de ação intervencionista na economia, o governo tivesse feito o dever de casa, desburocratizando os procedimentos de concessão de outorgas. Para se ter ideia, mais de 600 projetos de PCHs estão na fila da análise, apenas esperando a aprovação do órgão regulador para o início das obras.
Segundo a Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, a demora empata investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, que poderiam acrescentar nada menos que 8 mil megawatts/hora à produção nacional. Isso apenas em relação às pequenas centrais hidrelétricas, cujos reservatórios, pelo tamanho menor, impactam bem menos o meio ambiente.
A perigosa inércia governamental preocupa a população. Pesquisa do Ibope, feita a pedido da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, constatou que 75% dos cidadãos consideram de muito alto a médio o risco de escassez de fornecimento de energia. E 83% são favoráveis a campanha de incentivo à economia de eletricidade, de modo a evitar a falta de luz ainda este ano.
Mas nem isso é feito. Ainda que sem convencer, o governo insiste no discurso de que o sistema segue seguro. O equívoco tampouco ajuda a campanha à reeleição da presidente Dilma. Afinal, não derruba o fantasma do racionamento que paira no ar nem permite que o eleitor exerça a disposição e o direito de contribuir. Sem contar que dois terços dos brasileiros também desaprovam as tarifas pagas, consideradas altas, e 77% reclamam o direito de produzir energia em casa, seja por meio de painéis solares, seja por fontes eólicas.
-
Bagaço Promissor - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 08/10A crise que envolve a indústria nacional do etanol vem contaminando os projetos de geração de energia alimentados pelo bagaço de cana, fonte que responde por 9,2% de toda a capacidade instalada no país. A maior parte das...
-
Uma Contradição - Editorial O Globo
O GLOBO - 09/06 Sem reservas expressivas de carvão mineral ou de petróleo (essas últimas somente descobertas a partir da década de 1970), o Brasil calcou no século XX sua matriz de energia elétrica no aproveitamento de recursos hídricos. Junto...
-
Contribuinte é Que Pagará Pela Imprudência Na Energia - Editorial O Globo
O GLOBO - 03/04 O governo quis angariar dividendos políticos com uma redução das tarifas em 2013, quando já havia sério risco de encarecimento no custo de geração de eletricidade O Brasil construiu nos últimos quinze anos um considerável parque...
-
Sai A Energia Limpa, Entra O Pré-sal - JosÉ Roberto Borghetti E Antonio Ostrensky
O GLOBO - 27/03 Vivemos um tempo em que o fantasma do apagão assombra o já inseguro, pouco competitivo e bamboleante setor industrial brasileiro. Pouco a pouco, esse fantasma começa também a assustar os incautos cidadãos comuns do nosso país. Por...
-
Governo Não Pode Mais Esconder Custo Da Energia - Editorial O Globo
O GLOBO - 14/02 A Aneel propôs um aumento de 4,6% nas contas de luz para cobrir este ano o custo adicional na geração de eletricidade, decorrendo da utilização das usinas térmicas A difícil experiência do racionamento de eletricidade em 2001/2002...
Geral