Especial dia dos Professores: 'Dar aula é como encher uma laje por dia', diz professora da periferia de SP
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Especial dia dos Professores: 'Dar aula é como encher uma laje por dia', diz professora da periferia de SP


Everly Hortolan Gonçalves leciona em uma escola rodeada por uma região carente do ABC Paulista (Foto: Victor Moriyama/G1)
Everly Gonçalves leciona em uma escola em uma região carente do ABC Paulista (Fotos: Victor Moriyama/G1)

Na aula de artes da professora Everly Hortolan Gonçalves, de 45 anos, todo mundo tem de participar das atividades ? e fazer as provas. ?Tem aluno que fala: nunca vi prova em artes. Eu digo: está vendo agora.? Formada em artes e em pedagogia, Everly leciona há 11 anos na escola estadual Palmira Grassiotto Ferreira da Silva, em São Bernardo do Campo (SP). Foi aprovada em dois concursos públicos e acumula dois cargos de professora, no período da manhã e da tarde, para alunos do segundo ciclo do ensino fundamental e do médio. É conhecida por promover eventos como o show de talentos na escola, em que até os estudantes mais tímidos mostram seus dotes artísticos.A escola está no Parque São Bernardo, rodeada por uma região carente do ABC, e por inúmeras vezes foi roubada, pichada e depredada. Por volta de três anos, quando ainda não era cercada por muro de concreto, a quadra de esportes era sempre invadida impedindo que os alunos tivessem aula de educação física. Não consegue atingir as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). A história da Palmira Grassiotto também ficou marcada pela morte de um professor em 2011. Ele foi atingido por um molho de chaves na cabeça jogado por um aluno e morreu dias depois por causa de um coágulo no cérebro ? não se sabe se em decorrência do ato do aluno.
Nada disso, porém, abalou Everly na escolha em ficar na Palmira. ?Apesar de estar em uma comunidade carente, aluno é igual em toda a escola. Em artes eu tenho a vantagem de trabalhar com outras linguagens, como música e teatro, e consigo trazer os alunos para perto de mim.? Leia a seguir mais uma das entrevistas do especial do G1 sobre o Dia do Professor.
G1 - Por que decidiu lecionar?
Everly Hortolan Gonçalves - Sempre gostei de dar aulas, mas era bancária, não ganhava mal, tinha filhos pequenos, só depois de um tempo fui fazer o que gosto. Acho que professor nasce professor. Fui bancária por oito anos, sempre procurei fazer bem meu trabalho, mas me faltava algo. Queria trabalhar com gente, não com número ou metas.
G1 - Já foi vítima de agressão, violência ou ofensa na sala de aula?
Everly Hortolan Gonçalves - Não, nunca. A gente sempre ouve relatos, mas eu mesma nunca passei por nada disso. Acho que o professor não pode ser o dono do saber, quando o aluno percebe que estamos aqui para aprender também, além de ensinar, eles se abrem e é possível entender o problema deles. Sabendo respeitar o aluno, ele vai te respeitar. Trabalhei em escolas de outros bairros, aluno é aluno em toda escola, o que muda é o grupo de professores, o gestor.
G1 - Em algum momento pensou em desistir?
Everly Hortolan Gonçalves - Me sinto completa como professora, apesar das dificuldades. Dar aula é como encher [fazer] uma laje por dia, a gente chega em casa moída, mas desistir jamais. Esta é a profissão mais gratificante que existe porque você pode fazer a diferença na vida dos alunos. Tive de passar em dois concursos para acumular dois cargos, mas aprendemos a não trabalhar pelo salário. Saí do banco para ganhar metade do que ganhava e trabalhar mais.
Everly (Foto: Victor Moriyama/G1)
G1 - Sabemos das dificuldades como salário baixo, falta de estrutura, etc. O que a motiva na profissão?
Everly Hortolan Gonçalves -
 O desenvolvimento dos alunos. Eles chegam sem saber usar uma régua, com vocabulário pequeno. Hoje falam da materialidade da arte, sabem das características dos movimentos artísticos. Os alunos da comunidade que atendemos não têm família estruturada, muitas vezes a gente tem de ser mãe, psicóloga, fazer um trabalho individualizado. E a gente se afeiçoa, principalmente aos menores. Eles contam coisas para mim que não contam nem para os pais. Às vezes o aluno não conhece a mãe, o pai está preso, há problema de uso de álcool na família. Temos de saber a realidade de cada um. Se é possível? A gente tenta. Em uma escola da rede particular, por exemplo, seria mais fácil, mas gosto de desafio. Professores têm de gostar de desafio.
G1 - Vale a pena ser professor?
Everly Hortolan Gonçalves -
 Sim, acho que é um dom. A pessoa que nasce professor não desiste. Não me vejo fazendo outra coisa. Ter contato com criança é o que eu gosto de fazer. E me sinto muito realizada quando encontro ex-alunos que falam que resolveram estudar arquitetura, design e se lembram das minhas aulas.

fonte:http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/10/dar-aula-e-como-encher-uma-laje-por-dia-diz-professora-da-periferia-de-sp.html




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