Geral
Está bom ou ruim? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 27/03
Assim como leva anos para se merecer o grau de investimento, é preciso uma série de equívocos para estragar a coisa
E então: está bom ou está ruim? Ser rebaixado por uma agência de classificação de risco é certamente ruim. Mas o mundo não acabou. Nem a bolsa despencou, nem o dólar disparou. Logo, qual o problema de uma nota mais baixa?
O problema maior está justamente na formulação dessa pergunta. Assim como leva anos para se arrumar a economia de um país ? e merecer o grau de investimento ? também é preciso uma série longa de equívocos para estragar a coisa. Como isso acontece devagarzinho, a gente corre o risco de se acostumar com o errado. É o que está acontecendo por aqui.
A agência Standard & Poor?s (S&P) promoveu o Brasil a grau de investimento, retirando-o do grupo dos caloteiros, só em 2008, nada menos que 14 anos depois da introdução do Real e após uma série de reformas que levaram à estabilidade. O país estava então no segundo mandato de Lula, que celebrou ruidosamente a novidade. Disse que era um momento mágico e que o Brasil recebera o carimbo de país sério.
Era por aí: o prêmio pela manutenção de uma mesma política econômica ao longo de quatro mandatos presidenciais, comandados por partidos diferentes. Em 2011, já no governo Dilma, o Brasil teve uma outra promoção, passando para o nível dois de grau de investimento. Era uma recompensa pela boa sobrevivência à crise financeira global. Desta vez, o Brasil acompanhou os principais emergentes: todos reagiram bem.
Na última segunda-feira, portanto, o Brasil retrocedeu três anos. Voltou à nota de 2008, que ainda é grau de investimento, mas apenas no primeiro nível. Mais uma bobeada ? ou um conjunto de bobeadas ? e o país volta ao grupo dos caloteiros conhecidos.
Mas esse fato ? ter a economia brasileira permanecido como investiment grade ? foi o mais acentuado por muita gente. Por exemplo: a bolsa brasileira continuou no ritmo positivo ? no day after do rebaixamento emplacou sete dias úteis de alta. E o dólar continuou acomodado na casa dos R$ 2 e trinta e poucos. Os juros subiram, mas só um pouco.
Mas olhem mais para trás. Nos últimos 12 meses, a bolsa brasileira sai do positivo e se mostra como tem sido: 12% de queda. Foi um dos piores desempenhos entre as principais bolsas internacionais.
Todas as medidas do risco Brasil vêm mostrando alta desde 2012. Hoje, esse risco ? medido pela taxa de juros que o governo paga por empréstimos externos ou pelo seguro contra calote ? é maior do que a média da América Latina e da Ásia emergente.
Isso reflete a deterioração da política econômica especialmente nos últimos três anos. Mas o que significa deterioração?
Significa que os fundamentos ? aqueles que levaram ao grau de investimento ? não foram jogados no lixo, mas têm sido maltratados.
Por exemplo: ainda estamos sob o regime de metas de inflação com Banco Central independente. O BC segue os rituais desse sistema praticado por quase todos os países sérios, mas... não segue. Ficou evidente que o BC reduziu a taxa básica para 7,25%, lá atrás, para cumprir uma meta política da presidente Dilma. Tanto foi um movimento sem base técnica que hoje, com a volta da inflação, o BC colocou a taxa de juros no mesmo lugar em que estava quando a presidente Dilma assumiu, em 2011. Ou seja, esse movimento do BC só causou confusão e deixou a inflação perto e até acima do teto da meta.
É tudo assim, por um lado, por outro. A meta de inflação continua sendo de 4,5%, mas qualquer coisa abaixo dos 6,5% está bom para o governo.
O governo continua colocando no orçamento as metas de superávit primário, como manda a lei de responsabilidade fiscal, um dos pilares do grau de investimento. Mas, na execução, o governo manipula os números, inventa operações para esconder a alta da dívida, faz novas promessas ? e acha que todo mundo vai acreditar.
Contou com isso por um bom tempo. Só agora a S&P resolveu reduzir a nota brasileira. As outras duas agências importantes ainda não se moveram.
Resumo da ópera: a gestão da política econômica é bastante ruim, em praticamente todas as áreas, do combate à inflação à gerência do setor elétrico e da Petrobras. Por isso o risco Brasil e a S&P derrubaram a nota brasileira. Mas, como as bases institucionais da estabilidade continuam aí, entende-se que os desvios podem ser corrigidos a tempo. Daí, a manutenção do grau de investimento.
Desse ponto de vista, o rebaixamento deve ser visto como um sinal de que, antes de mais nada, a política econômica precisa voltar aos fundamentos.
CUSTO LULA
Procurem no Google ?Lula e a refinaria de Pernambuco?. Logo verão que o ex-presidente considerava (e comemorava) como sua a decisão de fazer a Refinaria Abreu e Lima, em associação e com o petróleo da PDVSA de Chávez. Era parte de sua diplomacia Sul-Sul.
-
Política Fiscal Põe Em Risco Credibilidade Do País - Editorial O Globo
O GLOBO - 09/10 Grau de investimento conquistado a duras penas pode ser perdido se o Brasil não voltar a pôr as finanças públicas em ordem, controlando os gastos governamentais Com muito esforço para ajustar seus fundamentos macroeconômicos, o Brasil...
-
O Perigo Do Rebaixamento - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
GAZETA DO POVO - PR - 26/11 O governo não deveria desdenhar das análises internacionais e da possibilidade de rebaixamento na nota das agências de classificação de risco Foi com sacrifício e reformas que o Brasil conseguiu das agências internacionais...
-
Novo Alerta Para Dilma - Folha De Sp
FOLHA DE SP - 07/10 Se ocorrer, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Moody's não será uma surpresa. Decorrerá da piora nas contas públicas, da falta de transparência do governo e da redução do ritmo de crescimento da economia....
-
Agência De Classificação De Risco Fitch Rebaixa A Nota De 'bom Pagador' Do Brasil
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota do Brasil e tirou o grau de investimento do país nesta quarta-feira (16). Foi o segundo rebaixamento da nota brasileira feito pela agência em dois meses.A nota da dívida de...
-
A Agência De Classificação De Risco Fitch Ratings, Corta A Nota Do Brasil
A agência de classificação de risco Fitch Ratings acaba de cortar a nota do Brasil de BBB para BBB-, como já era amplamente esperado pelo mercado. Esta nota ainda mantém o País como grau de investimento, mas a Fitch disse que a perspectiva...
Geral