Por Altamiro BorgesO oligárquico jornal Estadão, historicamente um dos veículos mais raivosos contra qualquer tipo de manifestação popular, parece que resolveu aderir ao movimento “Não vai ter Copa” – desencadeado nas redes sociais por uma série de movimentos, alguns com propósitos diametralmente opostos. Em editorial nesta sexta-feira (24), o jornalão pede “cautela” ao governo no enfrentamento dos protestos já agendados. Ele reconhece que as manifestações podem prejudicar a imagem da presidenta Dilma Rousseff, inclusive nas eleições de outubro próximo, mas “teoriza” candidamente que isto faz parte da democracia. Haja cinismo! A mídia golpista é, realmente, muito ardilosa!
No editorial intitulado “O governo, a Copa e a rua”, o Estadão já começa fustigando o governo. "Para blindar o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff - e tão somente por isso - o Planalto, com o PT a tiracolo, busca um plano que detenha o eventual alastramento pelo País dos prováveis protestos contra a realização da Copa. Teme-se um clima de crispação social capaz de contaminar as urnas de 3 de outubro, nada menos de 115 dias depois da final de 13 de julho. A extensão desse período parece indicar que os receios palacianos são exagerados: é tempo demais para que os presumíveis protestos continuem crepitando a ponto de abrasar a conquista de um segundo mandato por Dilma”.
Para o jornalão, o temor do governo com um possível “replay dos dias de junho” é exagerado. O jornal até observa que “foi a absurda a repressão policial a uma marcha de protesto em São Paulo contra, entre outras coisas, o aumento das passagens de ônibus, que propagou as passeatas pelo País inteiro”. Ele só deixa de mencionar que no dia em que Geraldo Alckmin acionou a PM contra os manifestantes, com cenas de selvageria e truculência, o próprio Estadão havia publicado um editorial exigindo maior repressão. O governador tucano apenas atendeu ao pedido da mídia!
O jornal afirma que o primeiro ensaio desta jornada, “sob a hashtag #naovaitercopa”, ocorrerá neste sábado, 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo. E, de forma bastante estranha, até elogia a convocação do protesto. “Diferentemente dos primeiros ativistas de junho que, antes de tudo, queriam era falar, ou melhor, exclamar - daí a mistura desencontrada de demandas que levavam consigo e a inexistência de comando único que as enfileirasse -, os anti-Copa têm uma agenda focada nos direitos dos grupos sociais que teriam sido ou poderão ser ignorados em razão do campeonato. Por exemplo, famílias desalojadas, ambulantes e moradores de rua removidos”.
Ao final, o jornalão serrista – o mesmo que apoiou a violenta expulsão dos moradores do Pinheirinho e que justificou a recente ação da polícia contra os moradores da Cracolândia – dá seus conselhos. "Se o Estado recorrer à mão pesada para garantir a paz pública e a realização dos jogos, Dilma poderá se reeleger do mesmo modo - afinal, a massa dos seus eleitores quer é participar da festa da Copa -, mas a imagem da presidente e do País sofrerá no exterior. O caminho mais sensato para o governo é o da cautela. Isso significa achar o ponto de equilíbrio entre preservar a ordem e deixar aberta a válvula do protesto para prevenir uma reação em cadeia”. Que lindo!
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