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Eu sou mais que a minha cor!
Roberta Fragoso Kaufmann, O GLOBO
Vocês sabiam que a categoria racial “negro” não existe oficialmente? Nem sequer para o IBGE? No sistema atual, utilizam-se cinco possibilidades: branco, preto, amarelo, pardo e indígena. Então, o que isto significa?
Negro, no Brasil, é a junção das pessoas que se declaram pretas com as pessoas que se declaram pardas, para fins de divulgação das estatísticas. Ora, e quem são os “pardos”? São todos os brasileiros misturados e que se originaram da miscigenação entre brancos e pretos. Para onde foram os mamelucos? E os cafuzos? Esses não têm espaço.
Todos são obrigados a serem pardos! Mas se “pardo” é a mistura de brancos e pretos, por que eles são contabilizados como “negros”, em vez de “quase brancos” (já que possuem ascendentes dos dois grupos)? Porque os arautos da racialização querem nos tornar um país bicolor, aos moldes dos Estados Unidos! Eles lastimam o fato de nos reconhecermos miscigenados e entendem isso como retrocesso, em vez de reproduzirmos o ideal birracial dos EUA. Pensam como colônia e refutam a identidade nacional. Querem a formação de identidades bipolares (branca e preta) e recusam a identidade brasileira.
Um dos grandes problemas para os teóricos racialistas é a dificuldade que o brasileiro tem de se reconhecer pardo. Ninguém quer ser pardo. Todo mundo quer ser moreno.
Pesquisa divulgada em julho de 2011 pelo IBGE afirma que a esmagadora maioria dos que foram identificados como pardos prefere se utilizar do termo moreno. Por que, então, existe tanta resistência à adoção do termo moreno? Ora, se adotássemos moreno, em vez de pardo, este grupo representaria a esmagadora maioria, e, assim, ficaria difícil pleitear oportunidades para grupos outrora minoritários: a causa perderia legitimidade.
Por outro lado, as estatísticas relativas às condições sociais também melhorariam substancialmente. Isto porque, em muitos casos, apenas os dados sociais relativos aos pretos — que compõem 7% da população — são divulgados. Por exemplo, quando se utiliza da afirmação de que apenas 8% dos pretos estão no curso superior, olvidando-se, oportunamente, a categoria dos pardos, que representam 32% dos estudantes universitários do país.
Esta tormentosa questão, tipicamente brasileira, nunca comoveu os pesquisadores americanos. Elucidativo é o fato de que os principais livros que abordam a questão das ações afirmativas nos EUA passam ao largo do problema que tanto nos atormenta: defina quem é negro no Brasil? Pode-se dizer que é, no mínimo, curiosa a observação de brasilianistas americanos sobre o critério multirracial brasileiro, classificando- o como confuso. Nesse sentido, confira-se com Thomas Skidmore, quando afirma: “O sistema classificatório multirracial empregado pelos brasileiros costuma confundir e desorientar visitantes estrangeiros, inclusive sociólogos e antropólogos profissionais.”
A observação se torna curiosa porque a regra da ancestralidade, da uma gota de sangue, para eles, parece ser de uma nitidez cristalina. Assim, classificar uma pessoa loura, de olhos azuis e pele claríssima como preta parece ser a coisa mais óbvia e inteligível do mundo! Este foi o caso do Walter White, que não só era louro dos olhos azuis, mas foi por 25 anos presidente da maior organização a favor dos negros nos EUA. Eu sou brasileira e não quero ter que pensar sobre mim mesma a partir de minha cor. Sou muito mais do que isso!
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