Editorial do sítio Vermelho:Senadores do Partido Republicano, dos Estados Unidos, voltaram a fazer neste domingo (28) declarações instando o presidente Barack Obama a organizar uma força internacional para intervir na Síria, sob o pretexto de impedir a suposta utilização de armas químicas pelo país árabe.
Ninguém menos que o senador John McCain, ex-candidato derrotado na primeira eleição de Barack Obama (2008), foi o principal porta-voz da tese.
Não é um arreganho a mais dos falcões da direita norte-americana. Durante a semana passada, os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido alegaram ter evidências que demonstrariam seu suposto uso por parte do governo de Damasco contra homens armados.
O próprio presidente estadunidense, Barack Obama, na última sexta-feira (26), advertiu o governo do presidente Assad de que o uso de armas proibidas por parte das forças de segurança sírias provocaria uma mudança nas regras do jogo no conflito que se estende no país árabe há mais de dois anos.
Por óbvio, tais pressões republicanas e declarações oficiais jogaram mais lenha na fogueira e despertaram dura reação do governo de Damasco, que rechaça as acusações como “mentira descarada”.
O governo sírio não se limitou a rechaçar as acusações dos EUA e do Reino Unido, mas também voltou a assumir solenemente o compromisso perante a comunidade internacional de que não utilizará jamais armas químicas, não só porque respeita a legislação internacional e as regras da guerra, mas também por razões humanitárias e morais.
Está evidente que os círculos mais belicistas do imperialismo estadunidense e seus aliados estão preparando, com suas falsas alegações, tal como o fizeram no Iraque, o cenário para uma intervenção militar maciça na Síria.
Desde o início da crise na Síria, em março de 2011, os Estados Unidos e seus aliados europeus e na região do Oriente Médio não consideram outra solução para o país árabe e continuam dando apoio aos bandos armados terroristas para derrocar o governo do presidente Bashar al-Assad.
O que se afigurou ao longo destes mais de dois anos foi a existência de um movimento orientado, financiado e armado do exterior para derrubar o governo do presidente Assad como etapa de execução de um plano imperialista de recolonização de todo o Oriente Médio.
Em todo este período ficou patente a agressividade imperialista na região do Oriente Médio, com o recurso a métodos brutais, a mobilização de mercenários que não hesitam em praticar atos terroristas contra a população civil, criar o caos e destruir a infraestrutura do país.
A própria evolução dos acontecimentos revela que as potências imperialistas não querem nem o diálogo, nem a democratização da Síria, nem os direitos humanos, pois sistematicamente rejeitaram todas as iniciativas tomadas nesse sentido, inclusive reformas políticas pela via de emendas constitucionais, a adoção do pluripartidarismo, a convocação de eleições, as mudanças ministeriais e as gestões visando ao diálogo e à reconciliação nacional.
Os Estados Unidos, a União Europeia e seus aliados na região estabeleceram uma estratégia que prevê a intervenção militar, a ocupação e a desagregação da Síria. Taticamente, lutam no terreno diplomático para obter um mandato nessa direção por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao mesmo tempo em que sabotam toda iniciativa de diálogo e paz feita sob a cobertura desse organismo.
O conflito na Síria vai se transformando em mais um foco de tensão internacional devido ao intervencionismo das potências imperialistas, que mais uma vez demonstram ser a verdadeira ameaça à paz mundial.
Em momentos como este, é necessário defender a paz e lutar contra as intervenções militares que violam os direitos dos povos, sua soberania nacional e provocam tragédias. E reafirmar o princípio de que somente o povo de cada país tem o direito de decidir sobre seu futuro, sobre sua forma de governo, sistema político e socioeconômico.
Ao preparar a intervenção na Síria, as potências imperialistas mais uma vez demonstram como são nefastos os seus métodos e como é hipócrita seu discurso. Na prática, violam o direito internacional enquanto proclamam a sua defesa.
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