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Falta de água não é culpa de São Pedro - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 15/08
A crise hídrica que afeta São Paulo deve ser vista além dos limites do estado. Outras unidades da Federação enfrentam o desafio de abastecer de água doce a população crescente. Entre elas, Minas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Apesar do sinal vermelho, porém, as autoridades dão a impressão de não se dar conta da gravidade do problema e, com isso, mantêm o grande público à margem da questão.
Possuir cerca de 12% da água doce superficial disponível no planeta criou no Brasil a cultura do desperdício, que, aliada à da falta de planejamento, cria as condições para que o país sofra dramas que poderiam estar distantes. A crise da água não pode ser debitada apenas a São Pedro. Fatores climáticos e geográficos contam, mas não respondem sozinhos pela escassez do recurso indispensável à vida.
Conhecem-se as necessidades mínimas de consumo per capita para manter a qualidade de vida adequada em cidades moderadamente desenvolvidas. Censos do IBGE informam o número de habitantes de cada urbe. Projeções vão além. São capazes de dizer as mudanças que ocorrerão no perfil demográfico regional, nacional e mundial. Não há por que, portanto, administradores se dizerem surpresos com os caprichos da natureza.
Faltam providências sérias. A água deve ser tratada como bem estratégico cuja política precisa ser integrada às demais políticas públicas. É o caso de agricultura, indústria, comércio, saúde e educação. O saneamento básico tem de ser encarado com seriedade e determinação. Mais: há que convocar a população para que coopere no uso racional do insumo e na manutenção dos mananciais. Além de ações em escolas, igrejas, condomínios e clubes, campanhas educativas têm de ser veiculadas pelos meios de comunicação de massa e mídias sociais.
É preciso alertar para banhos intermináveis, mangueiras que limpam calçadas e carros, torneiras abertas enquanto se lavam louças ou se escovam os dentes, vazamentos negligenciados, descargas esbanjadoras, máquinas domésticas ligadas sem completar a capacidade. O desperdício de alimentos e energia, vale lembrar, tem grande impacto sobre a água. É urgente acordar para a urgência da economia. Sem conjugar o verbo poupar, flexiona-se o faltar. São Paulo, a mais rica unidade da Federação, serve de exemplo.
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