Geral
Farsa reveladora - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 05/08
Se juntarmos as pressões bem-sucedidas sobre o Tribunal de Contas da União (TCU) para retirar o Conselho de Administração da Petrobras do rol dos culpados pelo prejuízo causado pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, à denúncia de que o depoimento de ex-diretores da estatal na CPMI do Congresso não passou de uma farsa, já que eles tiveram acesso antecipado às perguntas, e foram treinados sobre qual resposta dar, temos mais um grande escândalo envolvendo o Palácio do Planalto e, pelo menos indiretamente, a própria presidente Dilma Rousseff.
Ela foi a principal beneficiária da decisão do TCU de não incluir o Conselho na relação dos culpados, pois o presidia à época em que a compra da refinaria foi aprovada. O próprio ex-presidente Lula entrou no circuito, pressionando seu ex-ministro José Mucio - e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acompanhou o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, a uma audiência com o presidente do TCU para tentar adiar a decisão.
Os demais diretores da Petrobras tiveram seus bens bloqueados e responderão a um processo, inclusive a atual presidente Graça Foster, excluída da lista inicial por um engano do TCU que será sanado ainda esta semana. A reação de vários deles foi de denunciar a responsabilidade de Dilma e de todo o Conselho na compra, o que parecem dispostos a repetir na investigação do Tribunal de Contas.
Não é à toa, portanto, que o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor Nestor Cerveró, acusado por Dilma de ser o responsável por um relatório falho que teria levado o Conselho a tomar uma decisão errada, foram tratados a pão de ló pelos assessores governamentais e líderes do PT, que trataram de lhes preparar não apenas as perguntas, mas também as respostas, para que os depoimentos na CPI da Petrobras tivessem aparência de coerência.
A denúncia da revista "Veja", com base em uma gravação clandestina feita por alguém presente em uma reunião na qual o assunto foi tratado em Brasília, mostra que o próprio relator da CPI no Senado, o petista José Pimentel, usou a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o diretor da estatal e seu ex-presidente José Eduardo Dutra para passar para os ex-diretores que iriam depor as perguntas que seriam feitas.
Na reunião gravada aparecem o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o chefe do departamento jurídico do escritório, Leonan Calderaro Filho, e um advogado da estatal, Bruno Ferreira, conversando sobre a melhor estratégia para encaminhar as perguntas.
Segundo Barrocas, as perguntas teriam sido formuladas pelo assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência Paulo Argenta; pelo assessor Marcos Rogério de Souza, da liderança do governo no Senado; e por Carlos Hetzel, assessor da liderança do PT na Casa. A participação do assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência leva o escândalo para o Planalto, onde trabalha seu chefe, o deputado Ricardo Berzoini, o mesmo envolvido na eleição de 2006 no escândalo dos aloprados.
De acordo com declarações dos participantes da reunião, o senador petista Delcídio Amaral, que já foi diretor da Petrobras e é apontado como próximo a Cerveró, foi o intermediário para que chegassem a ele o que chamam cinicamente de "gabarito", isto é, as perguntas e as respostas certas, como se tivessem conseguido antecipadamente o resultado certo de um vestibular.
Era "pule de dez", como se diz no Jóquei quando um cavalo favorito vence o páreo, que a CPI sobre a Petrobras seria uma enganação, pois o governo, tendo a maioria, a controlaria. Mas o que não se sabia é que o caso é tão perigoso para o governo que seria necessário armar uma farsa mais ampla que a pura negligência na apuração.
Pela reação dos ex-diretores da Petrobras acusados pelo TCU, enquanto tudo não for resolvido da melhor maneira para eles, pairará sobre o Palácio do Planalto a ameaça de revelações que até agora foram contidas por movimentos radicais como a farsa da CPI. O ex-presidente Gabrielli, que já dissera que a presidente Dilma não pode fugir "de suas responsabilidades", está calado, mas outros diretores anunciaram que não aceitarão a culpa sozinhos.
A ousada manobra para ajudá-los na CPI do Congresso dá bem a mostra do poder de fogo que têm. E dizem que a construção da refinaria Abreu e Lima é muito mais problemática do que a compra da refinaria de Pasadena.
-
O Passo A Passo Da Farsa - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 06/08 Compreende-se que, por enfado ou por ter mais do que fazer, muitos leitores, informados das linhas gerais de um escândalo exposto pela imprensa, se dispensem de ler também as revelações que se seguem à denúncia inicial...
-
Cpi?sob Suspeita - Editorial Gazeta Do Povo - Pr
GAZETA DO POVO - PR - 06/08 Se confirmadas, denúncias de que depoentes da CPI?da Petrobras tinham acesso antecipado às questões mostram que não há limites para o esforço de esconder a verdade sobre a estatal A julgar por um vídeo a que teve acesso...
-
Para Ocultar A Podridão - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S.PAULO - 05/08 Só pode ter uma causa a farsa armada pelo governo, o PT e a Petrobrás na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o escândalo da compra da Refinaria de Pasadena, em curso no Senado - a seleção sob medida e o repasse...
-
Refinaria De Mentiras - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 05/08 Diálogo gravado menciona armação na CPI e aprofunda descrédito quanto à vontade de investigar o nebuloso negócio da Petrobras O enfrentamento de governo e oposição em palcos como a campanha eleitoral e as comissões parlamentares...
-
Perguntar Não Ofende - Eliane CantanhÊde
FOLHA DE SP - 21/03 BRASÍLIA - A compra da refinaria de Pasadena (EUA) virou um jogo de empurra: Dilma culpa a antiga diretoria da Petrobras, que culpa o Conselho Administrativo, que culpa a gestão de José Sérgio Gabrielli. Como diz o líder do PPS...
Geral