FELIZ NATAL, DE ALGUÉM QUE NÃO ACREDITA NELE
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FELIZ NATAL, DE ALGUÉM QUE NÃO ACREDITA NELE


A direita inventou que há uma guerra contra o Natal - e teve gente que acreditou.

É sempre difícil escrever sobre Natal (e outras datas comemorativas) sem cair nos clichês, mas vou tentar. Ano passado eu falei da campanha que a direitista Fox News, através de um de seus âncoras, Bill O'Reilly, fazia a favor do Natal nos EUA. “Ué, Natal precisa de campanha a favor? Já não faz parte da agenda majoritária?”, a gente pode se perguntar. Bom, este é um truque que os grupos pertencentes ao padrão dominante vêm adotando. Ao invés de assumir que mulheres, negros e homossexuais merecem sim direitos iguais, eles inventam que há uma guerra contra o homem branco hétero, impedindo que ele seja livre e másculo como foi desde o começo dos tempos, tadinho. Cotas para negros em universidades? Isso é que é racismo, não o fato de negros não terem acesso à educação superior. Casamento gay? Ora, isso é uma ameaça ao sagrado matrimônio, que, pra ser sagrado, só pode ser entre sexos opostos. E aquilo de sempre: feminismo pra quê? As mulheres já não conseguiram muito mais do que queriam? Vamos ignorar que, no ritmo que está, vai levar 87 anos (!) pra que elas recebam o mesmo salário dos homens no Brasil. Portanto, a estratégia é fingir que as minorias estão tendo espaço demais e que isso equivale à extinção do grupo dominante. A mesma coisa com o Natal. Há gente, muito pouca gente, já que ateus não representam mais que 10% da população, que nos EUA desejam “Happy holidays” (algo como “boas festas”) ao invés de “Feliz Natal”. Isso representaria uma afronta ao cristianismo. Ano passado a Fox divulgou que havia vencido essa guerra, e que o Natal estava salvo.
Só que não foi bem o que aconteceu. Neste Natal, vários grupos de ateus estão se manifestando com cartazes que vão do inocente “Imagine no religion” (“imagine não haver religião”, como cantava John Lennon) a algo mais provocativo como o que anda circulando nos ônibus de Londres, “Provavelmente Deus não existe. Agora pare de se preocupar e curta a sua vida”. Mas o que realmente despertou a ira da Fox este ano foi uma placa colocada ao lado de um presépio em Seattle, dizendo: “Não existem deuses, demônios, anjos, paraíso ou inferno. Religiões são mitos e superstições que endurecem os corações e aprisionam as mentes”. Nessas horas (e em muitas outras) a direita cristã americana acha que liberdade de expressão tem limites. O'Reilly, indignado, compara esse cartaz com a Ku Klux Klan se manifestando contra negros numa comemoração pró-Martin Luther King. A Fox acredita em Papai Noel, mas não na existência de algo chamado privilégio masculino (que engloba privilégio branco, hétero, cristão etc, e que é a vantagem de ser maioria).
De qualquer jeito, por mais que eu não tenha o mínimo apreço pela Fox, discordo dessas provocações por parte dos ateus. Primeiro, porque são totalmente infrutíferas. Ninguém vai ver um cartaz desses e pensar: “Puxa, é mesmo! Vou parar de crer em Deus!”. Obviamente que os ateus têm todo o direito de expressar sua opinião, só não considero o método eficaz, e nem entendo bem o motivo.
Eu sou atéia. Lá em casa, meu pai era filho de judeus comunistas e era ateu. Minha mãe era (é) católica, mas das mais relaxadas. Eu e meus irmãos não fomos batizados. Hoje vejo, por um desenho meu, dos meus dez anos, que eu nem tinha uma imagem de Cristo na cruz (note que eu pensava que ele havia sido pregado ao contrário! - clique para ampliar). Mas fomos colocados numa escola católica, o que criava alguns conflitos. Todo mundo comungava, e a gente, que era obrigada a ir às missas escolares, só olhava. As freiras me influenciaram e, com treze anos, eu decidi que queria ser uma. Virei muito religiosa. Eu rezava o terço todo dia e forçava meu pai, ateu, a ir à igreja comigo todo domingo. Ele ia porque me amava. Eu me preocupava com o que as freiras diziam sobre pessoas não batizadas irem pro inferno. Não achava aquilo justo, porque me considerava uma santa. Sério: eu fantasiava, enquanto rezava na capela da escola, que ocorreria um terremoto em São Paulo, que uma estátua cairia em cima de mim, que eu morreria soterrada e seria imediatamente canonizada. Sempre que eu falava pro meu pai que precisava ser batizada, ele respondia “amanhã”. Minha fase católica durou um ano, depois passou. Havia atrito demais entre o meu cristianismo e o meu feminismo. E eu nunca mais fui religiosa, nem quando meu amado pai morreu, ironicamente num domingo de Páscoa.
Mas eu acredito nas pessoas, e creio que a religião pode ser benéfica pra muita gente. Natal não é uma data muito especial pra mim, já que eu e o maridão não temos filhos e não trocamos presentes. Mas há toda uma ceia especial, com torta de frango e um enorme bolo de chocolate ao invés do tradicional peru e panetone, e aprendi que no Natal a gente pode comer sem sentir culpa. Não fico deprê. Tento é me aproveitar do espírito natalino das pessoas. Por exemplo, mais gente fica revoltada se um carro em alta velocidade atropela um cachorro em pleno Natal (como aconteceu na minha rua) que em outra época. Eu tento mobilizá-las, com a esperança que, se pararem de atropelar cães no Natal, talvez a lição dure pelos outros 364 dias do ano. Eu sou manipuladora assim, mas, apesar de atéia, não sou má pessoa. Boas festas!




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