Por Altamiro BorgesA direita golpista da Venezuela já tem candidato para o pleito presidencial de outubro. Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda, venceu neste domingo as eleições primárias da chamada Mesa de Unidade (MUD), que reúne cerca de 20 partidos de oposição do país. Ele obteve 1,8 milhão (62%) dos 2,9 milhões de votos nas prévias.
As primárias transcorreram em clima de tranqüilidade, o que desmascara mais uma vez a mídia imperial e nativa que tenta vender a imagem de que a Venezuela é uma ditadura. Elas foram organizadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e tiveram ainda o esquema de segurança das Forças Armadas. A própria direção do MUD elogiou as duas instituições, sempre acusadas de serem “chavistas”.
Quem é Capriles Radonski?Governador do segundo estado mais populoso do país e apoiado por setores da mídia, a vitória de Capriles já era esperada. Líder do partido de centro-direita “Primeiro Justiça” e membro de duas famílias oligárquicas, ele venceu outros quatro concorrentes: Pablo Pérez, governador de Zulia; a deputada Maria Corina Machado; o ex-senador Pablo Medina; e o diplomata Diego Arria.
Durante a sua campanha, Capriles tentou se afastar da imagem de “burguesinho golpista” que o persegue e se apresentou como um “candidato moderado”. Ele garante que manterá os programas sociais de Hugo Chávez, elogiados até pela ONU, e que será o presidente da “paz e amor”. Malandro, o direitista afirma que seguirá o “modelo Lula” de governar.
Ação terrorista contra CubaEste esforço de marketing, porém, não convence. Capriles não esconde que o seu objetivo é travar o desenvolvimento da revolução bolivariana. “Chávez abriu o caminho do socialismo, um Estado que quer ser dono de tudo. Eu quero o caminho do progresso... Não sou imperialista. Esses debates são de 50 anos atrás, quando eu nem era nascido. O debate é entre estagnação e progresso”.
Além disso, os venezuelanos conhecem a biografia desde jovem de 39 anos. Ele se projetou durante a tentativa frustrada de golpe de abril de 2002, orquestrada pela oligarquia venezuelana, a mídia corrupta e o governo dos EUA. Ficou famoso por apoiar a ação terrorista de invasão da embaixada de Cuba em Caracas. Capriles também é conhecido por suas bravatas e pela ostentação.
Mídia apóia o Collor venezuelanoComo observa Fernando Brito, do blog Tijolaço, Capriles lembra a imagem fabricada pela mídia do ex-presidente Collor de Mello, que causou tantos retrocessos ao Brasil. “Tanto no estilo que aposta no ‘jovem e bonito’ quanto pelos arroubos de valentia, como no vídeo em que diz que ‘tem as bolas bem seguras’, ao melhor padrão do ‘aquilo roxo’”.
Apesar desta sinistra trajetória, a mídia colonizada do Brasil já definiu o seu apoio ao candidato da direita venezuelana. A Agência Estadão registrou na madrugada de hoje (13): “Capriles declara inspirar-se na esquerda moderada do PT brasileiro, e fez um discurso de reconciliação, num país profundamente polarizado entre pró e antichavistas”. Nada fala sobre seu passado golpista!
A estratégia eleitoral da FolhaA Folha foi mais longe. Numa longa reportagem no domingo, assinada por Flávia Marreiro, ela quase declarou apoio explicito ao ainda “pré-candidato”. O jornal, que sempre apoiou os golpistas da Venezuela, visa confundir seus incautos leitores. Apresenta o oposicionista como um forte candidato presidencial e também nada fala sobre seu passado golpista e seu presente sinistro.
“Embalada pela apertada vitória no voto geral nas legislativas de 2010, a oposição na Venezuela vive seu melhor momento em 13 anos... Capriles adotou o discurso ‘paz e amor’ para os padrões de polarização da política local. É uma estratégia que ele testou no governo estadual: redução da confrontação e das menções a Chávez e adoção das cores pátrias; vermelho, azul e amarelo”.
A estratégia eleitoral visaria atrair os “chavistas light” e os indecisos. “Para a campanha, Chávez já é um mito político com o qual é difícil lutar, especialmente na classe E - 47% do eleitorado venezuelano e onde o presidente tem mais de 20 pontos de vantagem. O foco, então, é atacar o desgaste e ineficiências de políticas do governo”. Capriles até que poderia convidar os marqueteiros da Folha para ajudarem na sua campanha eleitoral!
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