O gráfico interativo que “registra” o volume de água disponível no Cantareira publicado hoje pela Folha é, numa palavra, uma patranha.
Só o leitor muito atento vai perceber que ele não registra a realidade.
Por que? Porque ele começa em outubro do ano passado e “termina” no dia 10 de agosto, um mês atrás.
Dia em que o sistema tinha 398 bilhões de litros de água até o fundo – literalmente – das represas e 170 bilhões de litros retiráveis para o consumo, considerando primeiro e segundo volumes mortos.
Ontem, estes números eram de 370 bilhões de litros no total e 144 bilhões de litros retiráveis.
Uma perda que chega, portanto, a um bilhão de litros por dia.
Há menos água no Cantareira hoje que há um ano atrás.
No Sete de Setembro de 2014, havia 428 bilhões de litros, quase 60 bilhões a mais que hoje.
Isso significa que, mesmo que a água seja suficiente para atravessar o final do período seco, entra-se no período chuvoso com as represas muito abaixo do que estavam há um ano.
Esta é a comparação honesta e informativa, não um truque gráfico que dá a impressão inversa.
Os dados que uso são todos oficiais e estão todos disponíveis na internet, inclusive para a Folha, se ela quiser informar seus leitores com exatidão.
Reproduzo dois dos gráficos da Agência Nacional de Águas, para que o leitor do Tijolaço os compare e veja se lhe darão a mesma impressão que a Folha transmite aos seus. É só clicar para ver maior conferir, na imagem e nos links para os relatórios oficiais em cada data.
Situação do Cantareira em 4/9/2014 e em 4/9/2015